54. Aqui mora o amor

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Um dia acordamos e vemos que já podemos lidar com aquilo que consideravamos maiores que nós. Percebemos que a tempestade passou, e que de alguma forma fomos mais forte que a ventania gelada, ou as gotas de chuva que nós molha.

Porque cacete, quando nos damos conta que vencemos nossos maiores medos é inevitável sentir um orgulho no peito e dizer: eu fui maior.

Não foi fácil superar um dos meus maiores medos, é óbvio, mas o tempo cura e graças a Deus agora consigo ter uma vida mais normal.

Fiz uma terapia intensiva na psicóloga, tanto que posso até chamar a doutora Edith de amiga. Ela sabe todos os meus medos e meus sonhos. Edith é uma das pessoas que mais confio na minha vida e sempre vou ser grata à Ravena por ter me indicado a ela.

Quando falei com a minha psicóloga sobre o meu término com Henri ela não me julgou, como achei que faria, e sim me deu un grande suporte emocional. Ela me lembrou que a culpa não era minha e sim do meu passado com Chay, este a qual foi o primeiro assunto que comentei com ela.

Edith deixou claro que Chay não estava bem e que de alguma forma ele passava, compartilhava isso para mim. Me explicou que eu fiz o certo por ter terminado com ele, visto que sempre temos que dar preferência ao nosso psicológico.

Sobre o amor, acho que meu pensamento não mudou nesses últimos anos.

Acredito em ramificações de escolhas, ou seja, que quando nós fazemos uma escolha em nossas vidas ela vai criar diversas ramificações no espaço tempo.

Eu sei, isso realmente parece papo de amante de ficção científica, coisa que sou de carteirinha, mas nesse exato momento preciso fazer uma escolha, e todas elas podem mudar por completo a minha vida.

Posso afirmar que amadureci bastante nesse tempo, agora sou uma mulher de 28 anos com uma vida relativamente estabilizada.

E por obra do destino, vulgo Ravena, Henri está aqui na minha frente me falando que mesmo depois de dois anos ele me ama, que teria algo comigo.

Isso é ao mesmo tempo bizarro e bom. Bom porque uma pessoa me amou tanto que mesmo depois de anos ela ainda permanece com esse sentimento, e bizarro porque uma pessoa realmente me ama como eu sou.

O fato agora é que eu estou muito melhor psicologicamente. Consegui voltar a minha vida normal depois de tanto tempo. Ela seria mais interessante se tivesse alguém a compartilhar minhas conquistas, ficar menos sozinha, vou negar, mas não que eu não consiga ser feliz sozinha. Mas ter alguém para eu contar as minhas conquistas diárias, compartilhar meus anseios e meus medos. Acho que isso faz parte do nosso ser social.

Muitas vezes nesses dois anos eu fiquei com uma vontade enorme de ligar para Henri e pedir desculpas pela forma que terminei com ele. As vezes não conseguia nem dormir imaginando as coisas que ele pensa a meu respeito.

Porque a pior coisa é ter saudade de algo que não teve a oportunidade de viver.

Ravena estava certa, eu não consegui superar Henri nesse tempo, não quando eu pensava quase sempre como poderia ter sido a nossa vida juntos. Por isso eu estou aqui enlaçada nos braços dele com uma vontade enorme de amá-lo.

Por isso o meu coração acelerou com sua voz. Explica também a minha respiração ofegante só com o seu olhar sobre mim, ou com o desejo de tê-lo quando sua pele tocou na minha.

Eu ainda o amo e isso é um fato. Henri Rousseau é o meu completo oposto favorito. O meu imbecil predileto. O amor da minha vida.

Só que eu não sou boa com palavras como ele é. Sempre fui uma droga para expressar meus sentimentos, sou do tipo que esconde o máximo o que sinto, só que não posso esconder por mais tempo o que sinto por ele se não irei explodir.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now