22. Vinho Belga

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O que achou do desfile do renomado Matteo Ferrara? Usaria peças assim num desfile próprio? Acha que ser ousado no mundo da moda o torna mais popular?

Essas foram as perguntas que eu fiz para Antoni Giorgini. Ele me respondeu de um jeito bem disposto, sorriu e se mostrou muito feliz com o sucesso do amigo. Com certeza a Laurent vai querer pôr essa entrevista na coluna do desfile de Matteo Ferrara na edição do verão.

Agora que terminei a entrevista, parto rumo a procura de Henri na bancada de bebidas. Nem preciso procurar muito, logo vejo ele de costas sentado num dos bancos da bancada. Advinha com qual bebida ele está na mão? Isso mesmo, ele está com uma taça de vinho.

— Henri. — chamo passando a mão pela suas costas.

— Petit monstre! — ele me saúda enquanto eu sento ao seu lado. — Até que não demorou tanto na entrevista. Consegui beber duas taças e meia enquanto isso. — Ele ergue a taça na tentativa de me mostrar o líquido.

— Por favor, uma taça de vinho. Quero acompanhar meu namorado. — peço ao barman jogando uma piscadela para Henri. Boto minha bolsa em cima do balcão e prendo meu cabelo em um único coque, ficando mais a vontade.

— Ótima escolha, namorada. — Henri sorri e dá um gole na bebida de modo provocante.

— Agora sei que sempre que eu estiver a sua procura vou direto a um reservatório de vinho. Com certeza você estará lá nadando. — brinco.

— Vinho é minha vida... meu calmante.

— Quem se acalma bebendo vinho? — pergunto pegando a taça que o barman botou na bancada. Dou uma mexida em movimento circular na taça e bebo o líquido. — Da onde veio esse seu vício?

— Meu pai é dono de uma adega. — ele explica olhando para mim. — Então comecei a beber bem cedo. Me lembro como se fosse ontem eu implorando para meu pai me dar uma taça de vinho pela primeira vez.

— Isso é super a sua cara. — imagino a cena dele implorando por vinho desde cedo e isso me faz pigarrear. — Me diz como você era quando criança. Quero saber.

— Eu era lindo e sou até hoje. — ele se gaba rindo e dando o último gole no vinho. Em seguida faz um sinal para o barman encher a taça vazia.

— Falo sobre a personalidade.

— Bom, eu amava pintar as paredes da minha casa. Minha mãe morria de raiva, uma vez chegou até me ameaçar dizendo que quebraria meus pincéis. Isso me deixou com tanto medo que após a ameaça voltei a pintar os quadros.

— Meu Deus, Henri. Você era uma criança muito levada. Quer dizer ainda é... há coisas que nunca mudam. — dou uma pausa para beber. — Me fala mais sobre a sua fascinação com a arte. Hoje quero saber tudo a respeito de Henri Rousseau.

— Tá muito fofoqueira pro meu gosto, petit monstre. Mas eu digo mesmo assim porque amo falar de mim... Bem, não há uma explicação concreta de como comecei a gostar de arte. Eu simplesmente peguei um pincel, comecei a pintar e vi que gostava daquilo. O primeiro quadro que pintei foi um auto-retrato meu, para um trabalho na minha escola.

— Oh, meu Deus! — exclamo fazendo algumas pessoas olharem para mim. — A primeira pintura do egocêntrico Henri foi ele mesmo! Isso é tão... você.

Henri sorri enquanto passa a mão sobre seu cabelo. Fiquei encarando por alguns segundos, observando o quão lindo ele estava.

— Olha, nem acredito que vou dizer isso, mas lá vou eu... — Hesitei um pouco. — Você está um gato hoje, Henri. Diria até que dá para dar uns beijinhos em você.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now