Capítulo 8

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Gabe repetiu o golpe pegando Rafael como cobaia novamente. Assim que ele terminou, investi contra ela de novo e Ariel conseguiu me acertar no tempo correto e no local certo, nada de muito extraordinário.

Eu estava com muita raiva para sentir qualquer dor, percebi que arqueei um pouco e quase fui de joelhos para o chão. Gabe me segurou pelos braços antes disso; ele me encarava e aquilo me dava arrepios violentíssimos. Me ergui subitamente e me soltei de suas mãos.

– Tudo bem? – ele me perguntou, sem tirar os olhos dos meus.

– Estou bem. Agora é a minha vez!

– Ok, mas se prepare porque vou te pegar, mocinha – disse a mala da Ariel. Pensei: "pode vir, veremos quem pega quem, Pequena Sereia".

– Quando quiser...

Ela investiu contra mim de uma maneira tão singular que me lembrou Rafael. Eles realmente tentavam beijar alguém daquela maneira?! Ariel se aproximou e ergueu as mãos para me segurar, sem pensar soquei o tórax da menina, ela arqueou e caiu.

– Jasmim, calma... – ela parou para tomar fôlego. – Também não sou saco de pancadas, era para ser só uma encenação! – Gabe reprimia um riso ao nosso lado.

– Pelo visto ela saberia se defender muito bem se alguém colocasse o dedo em seus lábios e tentasse beijá-la – ele disse, me olhando com um tom de desprezo. Agora tinha absoluta certeza de que ele queria me provocar pelo ocorrido no shopping. – Continuem treinando, mas com menos intensidade, não queremos ninguém sendo hospitalizado após as aulas, certo?

Olhei para Rafael, ele parecia não ligar para o comentário do shopping, ou então fingia muito bem. O "professor" nos deixou ali e foi verificar outras duplas. Gabe queria me deixar nervosa, mas por quê? Por que dar o exemplo da cena que Rafael e eu protagonizamos no shopping? Bem, não sei se o teria socado, até que ele era bem gatinho sem aquele olho roxo, claro. Aquilo nem eram artes marciais, aula de defesa de beijo, nunca ouvi falar.

A aula foi mais cansativa do que imaginei, e o corte em minha mão ardia. Após Gabe ter encerrado, todas as meninas foram para o vestiário; resolvi tomar um banho antes de ir embora, não tinha pressa nenhuma de chegar em casa. No vestiário a tal Ariel pediu a atenção do pessoal:

– Meninas, um minutinho da sua atenção. Quero fazer um convite, já que conheço, nem que seja de vista, todas vocês aqui... – sério?! Eu não reconhecia ninguém. – Estou fazendo uma festa na minha chácara para comemorar meu aniversário. Vai ser a festa do black, ou seja, todos os convidados devem ir de preto. Gostaria muito que todas vocês fossem. Vai ser na próxima semana, no sábado à noite – algumas das meninas nem conseguiam esconder o êxtase de serem convidadas. – Preciso que todas me confirmem até quarta-feira e que me passem seus endereços, porque vou conseguir algumas vans para levar quem não tiver como ir de carro, já que a chácara é longe.

Algumas meninas faziam fila na frente da Ariel para confirmar presença. Todas estavam com pressa para ir embora, pois se trocaram correndo assim que confirmaram com ela. Garota estranha.

Fiquei lá sentindo a água quente cair sobre a minha pele, tentando entender o que Gabe quis com toda aquela encenação na aula. Minha cabeça parecia um carrossel girando em torno dele. Mas, como tudo sobre Gabe, incluindo a aula de hoje, era inexplicável. Só eu mesma para ter a sorte de tê-lo como professor.

Fechei o registro do chuveiro e me sequei; a academia era muito limpa, gostei de lá. O professor não era muito agradável, mas com certeza era lindo. Nossa, ele estava perfeito de kimono e calça preta. O que foi aquela hora que o kimono dele abriu de leve, mostrando aquele corpo sarado?! Foco. Foco, Jasmim.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora