Capítulo 26

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Meu estômago roncava, não havia comido nada além da canja da tia Su, mas a fome era o menor dos meus problemas naquela noite. Havia uma espécie de caçadores atrás de nós, sem contar Gabe que estava deitando na mesma cama que eu, só de cueca. Isso era o que mais me atormentava naquele momento.

Estava muito difícil não ficar babando no seu corpo perfeito. "Pense em outra coisa, pense em outra coisa... Ah meu Deus, ele está na mesma cama que eu, na mesma cama, só de boxer, bem coladinha... Foco, Jasmim. Não, foco não, porque meu foco está localizado naquele peito nu e ainda úmido. Aí preciso de ajuda". Gabe ria ao meu lado, ele estava virado para mim, apoiado em um braço.

– Jasmim, você está bem? – odiava quando ele usava seu cinismo sexy para me deixar com vergonha.

– Sim, por quê? – as palavras saíram cuspidas da minha boca, como se o simples fato de abri-la fosse quebrar minha concentração.

– Talvez porque você esteja agarrada às cobertas, com cara de dor – ele disse com um sorriso nos lábios.

– Impressão sua! Nunca estive melhor.

Ele segurou minhas mãos para me fazer soltar das cobertas, os nós dos meus dedos estavam brancos. Aquele gesto fez meu coração saltar, não aguentava mais essa sensação sempre que Gabe estava perto. Isso nunca diminuiria?! Seus dedos acariciaram meus lábios, acabei mordendo o lábio inferior involuntariamente.

– A camiseta ficou bem em você!

– Claro, é três vezes o meu tamanho e tem o pateta estampado. Perfeito! – ele estava rindo de mim, de novo.

– Você fica linda com qualquer roupa – meu rosto já estava num estado permanente de vermelho, então nem me dei ao trabalho de me preocupar com isso. – Além do mais, se considere com sorte, só achei uma bermuda horrenda e uma camisa social rosa. Vou ter que ficar assim para dormir – Gabe fez um gesto indicando seu corpo todo. Jesus, ele estava fazendo de propósito.

Não queria, mas acabei olhando mais atentamente aquele peito, barriga, analisei cada pintinha do seu corpo, cada detalhe... Era demais para uma menina de 15 anos.

– Percebi!

– Notei que você percebeu! – ótimo, ele estava rindo da minha cara, de novo.

– Estou cansada e com sono... – menti e cobri minha cabeça com as cobertas e fiquei lá, respirando ar quente. Ele não parava de rir. – Qual é a graça?

– Adoro você com vergonha! – Gabe puxou as cobertas do meu rosto para poder me ver, o que me fez ficar descabelada, ajeitei o cabelo rapidamente, como pude.

– Você é muito sem graça! – disse.

– Sou? – ele chegou tão perto que achei que fosse me beijar.

– Muito! – respondi.

Ele não me deu ouvidos e se virou para ligar o rádio, que estava na cabeceira da cama. Tocava "Always", do Bon Jovi; Gabe ajustou o volume até fazer o som ficar agradável. Do nada ele ficou sério, com uma expressão vazia.

– Obrigado! – ele disse baixo.

– Pelo quê? – encarei aquele lago negro que eram seus olhos.

– Por ter voltado, se você não estivesse lá, acho que hoje eles teriam... Obrigado!

– Não podia deixá-lo lá, ouvi seus gritos e... – minha garganta deu um nó quando me lembrei de Gabe gritando. – Quando entrei lá e te vi daquele jeito...

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora