Capítulo 13

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- Até que enfim, Bela Adormecida. Achei que não viria hoje - disse Ana assim que me viu.

- Não estava passando bem...

- Por causa da confusão de ontem? - ela perguntou, mas eu não queria tocar naquele assunto com Ariel presente.

- Não, acho que comi algo que não me fez bem - despistei.

- Nossa, eu vi o que aconteceu - Ariel resolveu se meter. - A Samy estava bem nervosa, não é? - Ana e eu olhamos para ela como se fosse um alvo em um paredão de fuzilamento. - É que ela tem muito ciúmes dela - disse Ariel apontando para mim.

- De mim? - me ajeitei na cadeira ansiosa pelo que iria ouvir.

- É. Uma vez ela pegou o Danny e o Gabe falando de você e ficou bem tensa. Ela não me contou nada em detalhes, mas pela cara dela era algo que a incomodava e muito - gostei de saber que ameaçava a confiança da ruiva monga.

Aquilo martelava no meu peito, não queria ter esperanças, não queria criar expectativas, mas o fiz do mesmo jeito. Olhei para onde Gabe costumava sentar e, como sempre, ele estava ao lado dela. Ele olhava para o chão; me odiei por descumprir minha promessa de não olhá-lo.

- Bem, mas somos inofensivas! Como estão os preparativos para sua festa? Já é depois de amanhã - disse Ana desconversando.

- Ai Ana, está me dando um bom trabalho. Bem cansativo, mas vai ser uma festa e tanto... Aguardo vocês lá, hein!

A professora chamou a atenção de todos e a aula começou. Não absorvi sequer uma palavra. Gabe não saía da minha cabeça e, para piorar, acho que nem do meu coração.

Na saída, Ana resolveu ir para minha casa. Fomos de ônibus escolar, mas paramos em um centro comercial na esquina porque ela queria comprar duas sandálias, uma para mim e outra para ela. Segundo Ana, combinariam com os vestidos novos, para a Festa do Black, mas eu não estava conseguindo me atentar a nada, nem lembrava de ela ter falado sobre vestido algum.

Provei a sandália, sem observá-la direito. Logo depois de pagar, Ana ligou para tia Su para avisar que iria dormir lá em casa e dividir sua alegria com as compras, já que eu estava avoada.

Entramos em casa, comemos uma lasanha, daquelas congeladas, e ela me pediu para dar uma cochilada. Parecia o Garfield às vezes. De noite, fizemos um trabalho de matemática sobre probabilidades e assistimos ao filme Marley e Eu. Choramos horrores.

No dia seguinte, a escola estava agitada, não só por ser sexta-feira, mas também pela festa do sábado, e em todos os cantos do Ensino Médio, o assunto era sempre o mesmo: o aniversário da Ariel. Resolvi ficar na sala durante o intervalo, não tinha tido o mesmo ânimo para maquiagem como no dia anterior, então era melhor me isolar socialmente. Ana saiu com as meninas do vôlei, investigando as roupas que elas iriam usar.

Fiquei deitada em meu moletom, sozinha na sala, Gabe tinha realmente acabado comigo.

Era muito doloroso lembrar de tudo, e senti uma lágrima rolando no meu rosto. Não acreditei, pois realmente achava que elas haviam secado. Senti uma mão impedindo o trajeto dela. Quando vi Gabe parado ao meu lado, levantei subitamente.

- Calma, Jasmim!

- Não tenho calma para você, Gabe. Não mais. Chega! Não olhe mais para mim, não pense em mim, não fale comigo e principalmente: não me encoste!

Saí da sala sem olhar para trás, esbarrei com Danny na porta, mas nem o cumprimentei. Fui ao banheiro me acalmar para o resto das aulas, mas acho que não deu muito certo.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora