Capítulo 25

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A velocidade em que ele estava dirigindo era absurda, o carro derrapava às vezes, Gabe estava quase desmaiando, estava perdendo muito sangue por um talho enorme em sua cabeça. Desejei saber dirigir, mas não sabia. Um carro surgiu na estrada atrás de nós, estavam nos seguindo.

Nosso carro deu um solavanco para a frente, olhei pelo espelho, os caçadores estavam nos empurrando com o carro deles. Queria fazer alguma coisa, mas o quê?! Como poderia competir com aqueles seres?!

– Coloque o cinto – ordenou Gabe, mas estava apavorada demais para entender.

– O quê?

– Coloque o cinto!!! – ele disse ríspido. Obedeci, Gabe não diminuiu a velocidade nem por um minuto.

Percebi que ele ia fazer alguma coisa e não me parecia que seria nada divertido. Gabe freou do nada, o carro dos caçadores bateu no nosso e capotou em razão da alta velocidade, passou voando acima do teto do Eclipse.

Fiquei pasma olhando a cena, a dor do golpe que levei na antiga casa estava se misturando a dor do solavanco contra o cinto de segurança, isso estava queimando minha pele, mas não era o pior. Gabe estava perdendo os sentidos, ele não me disse nada, mas isso era óbvio.

Ele deu a volta com o carro, pelo outro capotado, ninguém lá dentro se mexia e não paramos para ver se havia sobreviventes.

– Eles morreram? – perguntei assustada, olhando para trás.

– Espero que sim – olhei para Gabe chocada. – O certo seria descer do carro e terminar o serviço, mas não estou em meu melhor estado e sua segurança é prioridade.

Gabe continuou dirigindo velozmente, sempre olhando pelo retrovisor, mas seria impossível alguém ter saído vivo daquele carro. Passaram-se alguns minutos sem falarmos nada, a cena do carro capotando e o estrondo de ferragens se misturando a gritos não parava de passar pela minha mente e ouvidos.

– Merda... – exclamei baixo e Gabe me olhou assustado.

– O que foi? Está ferida? – ele me tateava com sua mão direita em busca de alguma ferida e me olhava de canto de olho.

– Não... – quer dizer, estava um pouco. – Perdi o diário da minha mãe...

– Onde?

– Não sei onde.

– Se esforce, onde o perdeu? – Ele aumentou o tom de voz.

– Já disse que não sei! – berrei, meus nervos estavam em frangalhos.

– Droga, Jasmim! Provavelmente eles acharam que entramos lá apenas para namorar e que deram sorte na caçada. Se pegarem o diário, vão ligá-lo a você, vão saber que tinha ligação com a casa, podem rastreá-la e caçá-la!

– Por que fariam isso? Não sou como...

– Sim, você não é como eu, mas eles não sabem disso – olhei para frente rapidamente, em seguida para o retrovisor e então para Gabe.

– Gabe? Gabe!

Ele estava desmaiando, estávamos em alta velocidade, o carro foi parar na pista do lado e para ajudar estávamos na contramão, um carro vinha na nossa direção. O chacoalhei e ele despertou por um breve momento, o suficiente para tirar o carro, segundos antes de batermos, e o parar no acostamento, então apagou de novo.

Entrei em pânico total, não conseguia acordá-lo, estávamos no meio do nada, em uma estrada, e Gabe estava desmaiado. Eu não conseguiria carregá-lo para lugar nenhum, não tinha forças, não sabia dirigir; estávamos ferrados.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora