Capítulo 17

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Coloquei minha cabeça entre os joelhos e fiquei me balançando para frente e para trás, aos berros, literalmente aos berros. Nunca chorei daquela forma, era uma sensação que não desejaria nem a Samara.

Me atrevi a olhar para fora, parecia que via aqueles olhos em todos os lugares, como se aquele sujeito estivesse em todas as partes, inclusive dentro de mim. Ninguém no carro falava ou fazia nada, estavam todos em choque. Acabei vomitando no chão do carro.

– Por favor, isso tem que parar. Alguém faça isso parar! – gritei com as mãos na cabeça.

– Acaiah... – Ana estava chorando, triste por me ver nesse estado. Tentei me controlar, mas estava em uma crise de pânico.

– Não! Não! Não! Não! – Meu corpo todo tremia, minha vontade era vomitar novamente, me esconder em casa e não sair nunca mais.

– Jasmim. Calma! – Gabe me puxou para perto dele, estava segurando meus braços. Tentei me soltar e comecei a bater nele, não sabia o que estava fazendo, só queria fugir de tudo e de todos naquele momento. – Está tudo bem agora. Tudo vai ficar bem. Estou aqui... – ele disse e me puxou para seu peito, me deixei levar, fiquei ali chorando. – Estou aqui agora! – ele dizia enquanto limpava as minhas lágrimas e mexia em meu cabelo, como se me embalasse para dormir.

– Me tirem daqui! – disse em meio ao choro.

– Vamos embora, Danny. Rápido! – ele ordenou para o amigo.

Danny deu a partida no carro e saiu a mil por hora. Durante uns minutos ninguém disse nada.

– Alguém pode me explicar o que é isso tudo? – perguntou Ana, virando para trás para me ver.

– Agora não – Danny respondeu.

– Danny, ligue para casa. Precisam achá-lo, isso tem que parar! – disse Gabe. Casa?! O que a família dele iria fazer? Sair em uma caça às bruxas?!

– Você o conhece? – perguntei com o queixo tremendo. Tentei me afastar de Gabe, mas ele era mais forte e não permitiu.

– Conhecia...

– Me larga! – ordenei, de repente estava com nojo de Gabe, com aversão a ele ser o que quer que fosse.

– Nunca! – ele rebateu.

Nos encaramos por um segundo, meu cérebro fez um cálculo rápido e, no fim, me enfiei em seu peito, por que minha escolha sempre seria Gabe.

– Ela foi atacada? – a voz da Ana parecia um fiapo.

– De certa forma... – foi a resposta vaga de Danny. Queria tranquilizá-la, mas mal conseguia fazer isso comigo mesma.

Daniel pegou o celular, e meio que explicou o que estava acontecendo a alguém, passou o endereço da festa e fez isso como se fosse algo rotineiro. Eu não estava entendendo nada e começava a me perguntar se realmente queria entender.

– Me conte, seja lá o que for – Ana ordenou. Vi, mesmo de onde estava, o olhar de Danny ficar vago e os músculos do seu maxilar se retesarem.

– Ana... – podia sentir o mal-estar na voz de Danny ao negar a verdade à ela.

– Você começou esse namoro de forma errada – disse Ana de maneira ríspida. Não sei se ela se deu conta, mas aquilo o atingiu profundamente.

Ninguém disse mais nada sobre aquilo, eu sentia Ana tensa no banco da frente, mas ela de alguma maneira entendeu que não adiantava fazer muitas perguntas. Gabe ficava me dizendo: "estou aqui agora", enquanto eu tremia pelo que pareceu uma eternidade. Meus dentes doíam de tanto que os rangia; depois de muito tempo parei de chorar e cochilei em seus braços.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora