Capítulo 37

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Fui arrastada para fora do castelo, literalmente arrastada, fiz força para me soltar, mas Michael era mais forte. Ele me levou pelos cabelos para trás da casa de Luke, estava tudo um breu e lá havia mata fechada, por que essas coisas sempre acontecem em local sem iluminação e afastado da civilização?!

Meu rosto foi atingido por vários arbustos, meus cabelos pareciam que iam se desprender da cabeça, pela força com a qual ele era puxado, sim estava sendo arrastada pelos cabelos. Perdi meus sapatos enquanto tentava me soltar, meus pés agora estavam sendo esfolados. Gritei, chorei, me desesperei, tentei pedir socorro, mas não adiantou.

Michael me levou até uma cabana bem afastada do castelo, Gabe jamais me acharia ali, e de qualquer maneira ele estava bem longe. Só esperava que tudo acabasse rápido e que ele não sofresse depois. Fui arremessada porta adentro, caí no chão de joelhos e mal conseguia me mover, nem sei explicar qual parte do meu corpo doía mais, talvez porque todo ele estivesse doendo beirando o insuportável. Avistei uma maca, havia alguém deitado nela... Ana.

Depois de uns minutos consegui me mover, gemi de dor, mas precisava levantar, me apoiei na maca para fazer isso, Michael revirava algumas caixas, me debrucei em cima da Ana, ela não se movia, mas estava respirando; uma onda de alívio momentâneo me percorreu.

– Ana? Ana! – a chacoalhei, mas ela não se mexia.

– É inútil, ela está sedada! – Michael fez questão de afirmar.
– Filho da mãe! – o xinguei, e ele pareceu satisfeito com isso. Olhei para ela de novo, analisando todo o seu corpo, Ana parecia bem, apesar de tudo, sem hematomas aparentes e com a respiração leve.
– Gostou da decoração? – ele perguntou debochando, apontando para a maca. – Fiz questão de dar um toque pessoal na decoração. – Michael piscou cinicamente.

– O que você fez com ela, seu monstro? – perguntei aos berros e continuei tentando acordá-la, com a mão esquerda segurava o lado direito do meu abdômen que doía demais.

– Monstro? Eu? Acho que o único monstro aqui é o seu namorado, foi ele quem matou a mulher que eu amava.

– Gabe não...

– Não? Tem certeza? Pode afirmar isso com toda a certeza do mundo? – Não, não podia. Só esperava que Gabe não fosse aquele tipo de pessoa que o tom de nojo de Michael acusava.

– Não vou acreditar em uma palavra do que me disser...

– Não precisa, mas vou lhe contar mesmo assim, quero que saiba por que você vai morrer! – Engoli em seco, olhei de canto de olho para Ana e ela ainda estava imóvel. – E quanto à sua amiga, só apliquei um sedativo. Você era o meu objetivo, ela foi só uma distração...

Então ele havia usado Ana para tirar Gabe de perto de mim e me deixar vulnerável?! Diabólico, mas esperto.

– Vamos Michael. Acabe logo com isso. Me mate! – gritei.

– Não, esperei demais por esse momento para que ele durasse assim tão pouco, temos tempo.

Ele se sentou em um tipo de banqueta alta, de costas para a porta, bloqueando a passagem, a pequena cabana não tinha janelas, apenas uma clara boia no teto, então a única coisa que poderia fazer e fiz foi segurar na mão da Ana.

– Em meados de 1997, depois que a Alana morreu, seu namoradinho virou um zumbi. Por muito tempo ele se recusou a se alimentar, mas não totalmente é claro. Veja, não se alimentar é algo extremamente doloroso e mesmo com a força de vontade de morrer que ele possuía, Gabe não conseguiu parar completamente, e nesse processo tortuoso ele matou muitas moças inocentes... Pois, quando ia se alimentar, chegava a um ponto em que esgotava toda a essência das almas das garotas, com isso Gabe não envelheceu a olhos nus, mas ficou fraco e à beira da morte e da loucura... – Michael continuou com os olhos perdidos no vazio.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora