Capítulo 11

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A semana seria longa. Semana de provas, uma benção. No primeiro dia, geografia e história, me sairia bem nessas. Me sentia inquieta, Gabe estava lá ao lado da ridícula da Samara, mas seus olhos estavam em mim.

Ele fingia que nada havia acontecido, cheguei a pensar em ir questionar o motivo de ele me deixar sozinha em casa com as panquecas, depois de me agarrar e me levar quase ao delírio em meu quarto, mas achei que provavelmente me faria de palhaça na frente da namorada de novo, e não estava com disposição alguma para isso. Preferi o silêncio.

Danny estava ao lado do Gabe, viajando em algum lugar dentro da própria mente, mas ele não me escapava assim tão fácil. Nesses dias de prova as carteiras eram nomeadas, por sorte fiquei a duas carteiras atrás do Gabe e da Samara (assim não ficaria com a sensação de que eles estavam me olhando), que, de um jeito inexplicável, conseguiram ficar lado a lado. Ana estava lá na frente. As provas não foram difíceis, pelo menos naquelas matérias eu dominava.

Tentei falar com Danny, mas ele foi embora antes que eu tivesse chance.

Meu pai voltaria para casa na terça-feira, só por um dia, era como ele sempre fazia. Vinha, deixava algum dinheiro, via se estava tudo em ordem e ia embora, então ainda tinha a segunda-feira para ficar sozinha.

Chegando em casa resolvi dormir um pouco, meu final de semana havia sido extremamente agitado e eu precisava me desligar das coisas. Não queria comer, não tinha forças para limpar a casa e não estava com o menor saco para estudar. Não conseguia compreender nem aceitar tudo o que estava acontecendo.

Ele me beijava e fugia, tinha ataques de ciúmes e ia namorar a Samara; havia cozinhado na minha casa e me tratava como se mal me conhecesse na escola. Aquilo tudo estava me deixando sem ânimo para nada. Desconectei o telefone da tomada e a campainha. Queria e precisava ficar um pouco comigo mesma.

Quando acordei, percebi que já era noite, olhei para o relógio e eram 19h30, ou seja, eu havia dormido muito mais do que pretendia, mas muito menos do que precisava.

Tomei um banho e resolvi comer macarrão instantâneo, de novo. Peguei os cadernos para estudar, mas acabei dormindo novamente com eles nas mãos. Meu dia passou em branco e não tive sonhos durante a noite, o que foi muito bem-vindo.

* * *

No dia seguinte tínhamos prova de biologia e química, quase não consegui ir para a escola por ter acordado atrasada, minha cara estava relativamente inchada de tanto dormir e agora acreditava no que meu pai sempre dizia: "Quanto mais se dorme, mais sono se tem". Ainda me sentia muito sonolenta.

Entrei na sala e sentei na cadeira que tinha meu nome, apoiei a cabeça em meu moletom e quase dormi novamente.

– Acaiah! – Ana estava sentada na minha frente, na mesa de algum colega.

– Hum? – respondi, mal levantando a cabeça.

– O que você tem, amiga? Virou a noite estudando?

– Nada não... Dormi demais, sei lá o que está acontecendo, mas estou com sono... – disse, sem conseguir conter um bocejo.

– Hum... Mas você está bem? Eu estou meio desanimada – me dei conta de que havia esquecido de conectar meu telefone e ela poderia ter me ligado, sem sucesso.

– Ai, amiga, você me ligou?

– Não... Por quê?

– É que desconectei o telefone para poder dormir e esqueci de conectar novamente... Por que está desanimada? – seu semblante estava terrível. Ela se abaixou para cochichar algo perto de mim.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora