Capítulo 33

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–  Acho que cheguei na hora certa – Michael disse debochando.

Pelo canto dos olhos vi Gabe trincar os dentes, até Danny que era sempre o calmo do grupo estava rígido, isso me deu calafrios.

– Vá embora, Michael – ordenou Gabe com a voz firme.

– Ora, Ora, Gabriel. Você costumava ser mais simpático, meu amigo – opa, para tudo, como assim amigo?! Olhei para Gabe, mas ele nem ousou desviar o olhar de Michael.

– E você costumava ter princípios, Michael – disse Gabe, cuspindo as palavras.

Apesar de estar escuro, consegui reparar bem em Michael dessa vez. Ele era loiro de cabelos compridos, na altura do queixo, rosto quadrado, olhos verdes intensos, alto, forte e vazio.

– Isso é uma questão de ângulo, meu caro! – ele respondeu e sua voz embrulhava meu estômago, era cheia de cinismo e amargura.

Aquele cara nem precisava dos olhos brancos para me dar medo. Gostaria de ter perguntado mais sobre ele ao Gabe, mas nas últimas semanas nem havia tocado no assunto dos sugadores com ele, muito menos naquele psicopata.

– O que você quer aqui, Michael? – Danny perguntou e ficou em pé.

Gabe levantou logo depois dele. E eu? Bem, eu fiquei lá petrificada, sentindo a presença dele dentro de mim, como se ele conseguisse sufocar minha alma de alguma maneira.

– Quero vingança! – nunca vi nada mais perturbador que aquele sorriso, não até aquele momento pelo menos.

Tudo se movimentou ao meu redor tão rápido que mal pude perceber como as coisas chegaram àquele ponto. Gabe, Danny e Michael se atracaram no bosque. Estava escuro e não dava para distinguir muito bem o que estava acontecendo. Lembrei que Ana estava conosco, e pela primeira vez desde que Michael apareceu, olhei para ela. Percebi que ela estava segurando uma das facas que levamos para o piquenique, enquanto se levantava e ia para perto deles. Não conseguia processar nada daquilo, não conseguia chorar, nem me mover, nem gritar, nada.

O pânico estava tomando conta de mim, minha cabeça não conseguia formar nem um tipo de pensamento, ouvi um gemido, seguido de um grito de ódio. Engatinhei para onde vi um corpo caído na grama, quando cheguei perto percebi que era Ana.

Coloquei minha mão sobre a dela, senti algo molhado e apesar de estar muito escuro, sabia que aquele líquido que estava por todos os lados era sangue. Sangue da minha melhor amiga! Olhei em volta procurando uma ajuda que não viria.

– Jasmim... Você... Você tem que ajudá-los! – Ana pronunciou com dificuldade. Minha amiga ensanguentada estava me pedindo para ser forte, e a única resposta que dei foi chorar.

– Ana... – Eu estava sufocando e as palavras não saíam, mas precisava dizer a ela que não a deixaria daquele jeito.

– Jasmim!!! – Meu nome foi gritado com veemência.

O grito dele cortou o bosque, cortou meu coração, o som daquela voz sempre mexeria comigo, ainda mais com todo aquele desespero. Gabe estava desesperado e isso não era bom.

De repente, de uma forma que não sei explicar, eu estava de pé, Michael estava com uma faca na minha garganta, me fazendo de escudo para ele. Gabe estava parado na nossa frente, enquanto Danny estava agachado junto a Ana. Durante a minha vida, pensei diversas vezes: "Se eu morresse seria tudo mais fácil, se eu nunca tivesse nascido todo mundo estaria mais feliz". O único problema é que agora eu não queria morrer, agora queria ficar, agora eu tinha ele.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora