Capítulo 34

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Entrei em estado catatônico, não sei quanto tempo levou para chegarmos ao nosso destino, não consegui pensar em nada nesse tempo. Um torpor tomou conta de mim. Senti quando o carro estacionou. Outro carro parou do nosso lado, não me movi até que vi dois caras carregando meu namorado inconsciente.

Abri a porta do carro e saí tropeçando, Danny veio atrás de mim e me segurou. Os caras entraram com Gabe, e Daniel não me deixou ir atrás. Gritei, me debati, chutei, esperneei, mas ele era mais forte que eu. Quando fecharam a porta por onde entraram com Gabe, Danny me soltou.

– Qual é o seu problema, afinal? – berrei assim que consegui olhar em seus olhos.

Minha cabeça parecia que ia explodir, o sangue voltou a escorrer, só aí me dei conta de que no carro ele havia parado de jorrar. Os olhos de Danny desviaram dos meus até o carro de onde tiraram Gabe.

– Ana! – exclamei quando olhei para trás, ela saía do carro com algum tipo de tecido pressionando o ferimento. Corri para ajudá-la, Danny não se moveu.

– Me perdoe, meu anjo. Eu sinto tanto! – ele disse tirando-a do meu braço e apertando-a forte contra o peito.

Isso não era justo, queria que Gabe estivesse bem também, por que eles estavam bem e Gabe estava morrendo em algum lugar?! Oh meu Deus, o que estava pensando?! Era Ana... O desespero estava tomando conta da minha razão. Ela saiu dos braços do Danny e veio até mim, devagar, sempre pressionando o ferimento.

– Amiga... Sei que não te consola... Mas ele resmungou seu nome o tempo todo! – ela passou o braço esquerdo pelo meu pescoço, para me dar um meio abraço.

Tive uma crise de choro, não poderia perdê-lo, não ele. O que mais poderia ser tirado de mim?! Se existia um Deus, onde ele estava que não via isso?!

– Vamos – disse uma voz rude ao meu ouvido.

O cara mal-humorado que veio comigo no carro me puxava pelo braço para longe da Ana e do Danny, para longe de onde haviam levado Gabe. Demorei uns minutos para reagir, estava exausta demais.

– Onde está o Gabe? – perguntei, enquanto tentava soltar meu braço de seu aperto.

– Sendo tratado da melhor maneira que podemos – esse cara era frio demais, assim como o lugar; aquele lugar fazia o castelo do Conde Drácula parecer divertido.

E era exatamente isso o que aquele lugar era: um castelo. Ana estava certa, eles moravam em algum lugar afastado da cidade, pois nunca tinha visto uma propriedade como aquela. Janelas enormes, portas gigantescas, tudo velho e abandonado.

– O melhor que vocês podem? Isso não é o suficiente! – me soltei de suas mãos e comecei a me sentir muito, muito tonta.

– Não é o suficiente, mas é tudo o que ele tem agora! – foram as últimas palavras que ouvi antes de desmaiar de novo.

Quando acordei, estava deitada em uma cama muito grande, com dossel, o pano parecia veludo e era de um verde musgo assustador, com franjinha vermelha nas pontas. O quarto era escuro e possuía uma lareira, as madeiras dos móveis eram escuras e as pinturas nas paredes me lembravam de quadros da era medieval. Sentei e me senti zonza, lembrei do sangramento na minha cabeça e coloquei meus dedos no local, que ainda estava latejando.

– Vai ficar uma cicatriz, mas dá para cobrir com uma franja – disse uma voz doce, sim alguém havia me dados pontos, podia sentir os fiozinhos da sutura.

Olhei para o canto do quarto, uma mulher estava sentada em uma cadeira, não conseguia ver seu rosto direito, a luz era muito fraca. Procurei em volta para ver de onde vinha a iluminação e encontrei vários castiçais espalhados pelo quarto. Velas? Sério?!

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora