Capítulo 21

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– Jasmim, hoje não é um bom dia – ele disse azedo, isso fez meu coração afundar no peito.


– Era um bom dia para dizer que era louco por mim no colégio...

– Sinceramente, Jasmim, está ficando tarde. Já vai anoitecer, estou cansado e quero ir para casa!

– Podemos conversar no caminho...

– Não, Jasmim, a Samara vai estar lá me esperando – ele começou a sair, já estava fora da academia, mas corri atrás dele.

– Gabe – o chamei, ele parou de andar e me olhou, percebi que não estava nada bem.

– Pelo amor de Deus, Jasmim, está anoitecendo. Você me prometeu que não iria andar sozinha. Vá embora!

– Não! – disse firme.

– Não vou ficar aqui e discutir com você...

Ele ignorou o Eclipse preto, estacionado em frente à academia e foi embora a pé. Eu o segui, mas estava a alguns passos atrás. Andamos vários minutos e, sinceramente, eu começava me perguntar o que estava fazendo, já passava do estado de me sentir patética. Começou a escurecer, as ruas estavam desertas, não me lembrava de ter andado por aquele lado da cidade antes. Gabe parou de andar e veio na minha direção.

– Não vou embora até você resolver falar comigo! – disse antes que ele falasse algo. Ele olhava para algo atrás de mim, me virei e não vi nada.

– Venha... Rápido! – ele ordenou, me puxando pelo braço para dentro de uma casa demolida, que estávamos na frente.

– O que foi? – percebi pelo seu jeito e olhar que algo errado estava acontecendo.

– Estão nos seguindo...

– É o cara que me atacou na chácara, não é? – o medo enfraqueceu minha voz.

– Provavelmente... – congelei só de pensar em sentir aquilo de novo, Gabe colou minhas costas em uma parede e me abraçou.

– Ele não vai chegar perto de você. Não vou deixar! – sabia que isso era verdade. – Está escurecendo muito rápido... Não sei ao certo se ele vai nos achar, o certo seria levá-la para casa...

Gabe parecia discutir consigo mesmo, ponderando rotas de fuga, possibilidades, e não consegui deixar de olhar pelas frestas entre os tijolos desgastados, procurando um possível perseguidor.

– Jasmim, não posso, é muito perigoso... Você terá que ser corajosa e fazer isso sozinha, vou lhe dizer como.

– O quê? Por que é muito perigoso?

– Porque hoje preciso... – seu olhar ficou perdido, mesmo com seus olhos negros nos meus, Gabe ficou inalcançável. – Por que acha que vim a pé? Menti sobre a Samara para você não vir atrás de mim! Não seja tão inocente...

– Precisa o quê? Me diga! – disse elevando o tom de voz e me exaltando.

Ele precisou fechar as pálpebras com as mãos e esfregou tanto os olhos que eles ficaram extremamente vermelhos.

– Se as coisas saírem do controle não olhe para mim, corra o mais rápido que puder. Volte para a academia, faça outro caminho, procure lugares com pessoas, bares, lojas, o que for...

– Como assim, se as coisas saírem do controle, Gabe? – Já estava apavorada.

– Não posso explicar agora, só... – ele parou de falar, caiu no chão de joelhos, apertava seus olhos com as palmas das mãos.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora