Capítulo 15

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– Cansada de dançar com o Rafa? – ele pronunciou o nome com nojo. Gabe estava sentado no pé da árvore.

– Gabe... – disse e fechei os olhos, estava cansada disso tudo. – Resolvi ficar um pouco sozinha – me limitei a dizer. – E você, o que está fazendo aqui?

– Cansei da festa, ficou meio apelativa para mim.

– Apelativa? Por que está dizendo isso, Gabe?

Essa troca de ofensas constantes estava para lá de exaustiva e apesar de ter dito na academia que não queria mais nada com ele, nesse exato momento só pensava em seus braços me envolvendo.

– Por quê?! Você ainda pergunta? – ele ficou de pé. – Você estava se amassando com aquele garoto e agora vai fazer de conta que não foi nada?

– Eu estava...? – agora ele estava apelando. – Não estava fazendo nada de errado, Gabriel – disse. Talvez estivesse, sei lá, mas não ia admitir isso a ele. – Esqueceu que não tenho namorado? Você esqueceu que você tem namorada? Eu não esqueci. – ficamos em silêncio, nos olhando por um instante.

– Gabe. Já falei para você só me chamar de Gabe – ele disse extremamente calmo, quase sussurrando.

– Qual é a diferença? Por que você se importa tanto com o modo como te chamo? Isso não muda nada, não muda tudo isso – ergui as mãos em sinal de protesto e suspirei, isso não estava nos levando a nada.

– Realmente não muda! – ele disse enquanto vinha em minha direção. – Algumas coisas estão fora do nosso alcance... Outras não – antes que pudesse mover um dedo sequer ele me beijou.

Me beijou como se eu fosse a pessoa mais especial do mundo, ao menos foi assim que me senti. Suas mãos estavam histéricas descendo e subindo pelas minhas costas, me apertando com força. Ele me abraçou e continuou beijando meu pescoço.

– Jasmim... – Gabe disse, suspirando – sempre foi a minha flor preferida – eu o encarei.

– Mas você disse que...

– Menti. Sempre amei jasmins.

– Faz isso com frequência? – retruquei tentando recuperar o ar dos meus pulmões, que haviam fugido para uma terra distante.

– O quê? – ele perguntou, enquanto beijava meu pescoço. Tinha medo da resposta dele e ficava difícil me concentrar em falar daquele jeito.

– Mentir – disse, e ele me olhou sério.

– Sim. O tempo todo! – fechei meus olhos, estava perdida, totalmente perdida e completamente doida por ele.

– Queria saber o que você sente – eu disse, desejando realmente que isso fosse possível. Coloquei minha mão direita sob seu coração, como se assim todos os segredos de Gabe me fossem revelados.

– Seria terrível, lhe garanto. Imagine sua vida sabendo sempre o que todos à sua volta sentem! Medo, alegria, tristeza, amor, ódio, paz, raiva, nojo... Não seria uma vida, seria uma prisão – eu estava tremendo. Algo me dizia que ele não estava apenas imaginando isso, sua cara era de quem sabia muito bem como era aquela sensação, mas como isso seria possível?! Eu estava delirando.

– Realmente queria saber o que você sente, porque quando te vejo com a Samara, eu... – fechei os olhos e me lembrei da cena, ela dando um docinho em sua boca e o beijando. – Eu... Você sempre está me olhando, mesmo quando está com ela.

Ele estava mexendo em meu cabelo e me olhava profundamente enquanto mordia o lábio inferior. Percebi que havia me entregado totalmente.

– E você acha que saber o que sinto resolveria alguma coisa? As pessoas são confusas, não sabem o que sentem, misturam sentimentos o tempo todo – ele deu um riso debochado. – Não suporto vê-lo com você... – Havíamos mudado o foco da conversa?!

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora