Capítulo 22

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Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida, os médicos não sabiam o que tinha provocado as convulsões e todo o resto. Acharam que eu era só mais uma menina depressiva, mas fiquei de molho alguns dias por precaução. Não aguentava mais ver enfermeiras, nem tomar remédios pela veia. Meus braços doíam, meu coração doía, Gabe não apareceu mais no hospital, mas também como poderia?! Eu o tinha mandado embora.

Comecei a repassar mentalmente tudo que passamos, lembrei que eu era um problema para o tal de Luke e que Gabe tinha de acabar com o problema e, realmente, ele quase conseguiu. Apesar de que fui eu quem escolheu ficar com ele na casa abandonada.

Aquele jogo de morde e assopra estava me deixando um lixo, desejei que as coisas fossem diferentes, que Gabe não tivesse aqueles olhos, que não fosse namorado da Samara e, por fim, desejei que ele nunca tivesse existido.

Chorei minutos, horas, dias e a dor não diminuía. Nada preenchia o vazio que ele causava, e o engraçado era que Gabe nem fazia parte da minha vida direito. Acordei em um dos dias ouvindo Ana e Danny conversando no quarto:

– Daniel, você precisa me explicar que história é essa de "me alimentei dela". Alguma coisa está muito errada.

– Ana... Eles devem ter discutido, sei lá... Deve ser alguma gíria ou... – ele respirava fundo, tenso. – Não sei o que ele queria dizer com isso, meu anjo.

– Não vem com essa, Danny. Não sou nenhuma idiota que você vai ficar enrolando. Pode até continuar me escondendo a verdade, mas pode ter certeza de que não desisto fácil e vou descobrir o que está rolando aqui. Principalmente porque percebi que a vida da minha amiga corre risco!

– Você não deveria se meter nisso.

– Quem decide onde me meto ou não sou eu mesma. Acho melhor você ir embora, porque o pai da Acaiah está chegando.

– Por que tenho de ir embora?

– Porque não quero que ele saiba que estou namorando, contaria para os meus pais, e, além do mais, você pediu segredo, lembra-se?!

Já estava ouvindo a voz da Ana ao longe e acabei caindo no sono de novo. Não sabia distinguir as horas, mas quando finalmente acordei Ana e meu pai estavam no quarto.

– Você tem certeza que ela estava sozinha quando apagou? – meu pai perguntou com a voz exasperada.

– Tenho sim, tio. Graças a Deus uma alma bondosa a trouxe ao hospital. Ela fica muito sozinha, acho que nem anda comendo direito. Você podia dar um celular para ela, assim pelo menos poderíamos localizá-la mais facilmente, talvez a Acaiah nem estivesse aqui hoje!

– Ela não tem andado com ninguém estranho ou feito coisas esquisitas?

– Não. Nós temos a mesma turminha de sempre, mas por que você está perguntando isso, tio? – essa era uma excelente pergunta. Por que, do nada, ele resolvia bancar o pai protetor?!

– Por nada... Por nada, Ana. Preocupação de pai! – abri os olhos e mexi a cabeça. Meu corpo ainda doía um pouco, mas já me sentia bem melhor; emocionalmente estava um caco.

– Jasmim... – meu pai disse de um jeito emocionado enquanto se aproximava da cama. – Está se sentindo bem?

– Estou! – sempre quis que ele fizesse o papel de pai, mas agora que ele estava tentando me dava raiva.

– O que aconteceu, Jasmim? – aquela pergunta de certa forma me deu arrepios, afinal era impossível não se lembrar do que havia acontecido, era impossível não se lembrar dele.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora