Capítulo 32

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Estava indo ver a Ana, passei pelo corredor e ouvi os pais dela conversando na sala. Tio Roberto parecia estar mais conformado, pelo tom de voz, apesar do seu ciúme quase incontrolável. Ana era o xodozinho do papai. Passei pelo quarto da Luíza, que não desceu em nenhum momento da festa, e parei em frente ao quarto da Ana, a porta estava trancada e Danny estava desesperado.

– Me deixe falar com ela sozinha! – ele pareceu relutar, mas logo se afastou, muito provavelmente foi atrás do Gabe.

– Ana? – bati levemente na porta.

– O que é?

– Abre logo, Ana. Você vai fazer fiasco justo no dia do meu aniversário? – fiz uma voz de mimada.

Ela abriu apenas uma fresta da porta, sua maquiagem estava toda borrada, quando percebeu que eu estava sozinha, me deixou entrar.

– Qual é, Ana? Qual é o problema de um gato, aliás, tremendamente gato, te pedir em namoro?

– Ah, Acaiah. É que agora fodeu. Cara... Fui pedida em namoro para os meus pais. Você tem noção do que isso significa? – ela se jogou na sua poltrona próxima à janela, realmente eu não tinha noção do que era isso, mas parecia bom para mim.

– Verdade, amiga, que coisa horrível foi lhe acontecer – disse debochando e uma almofada voou na minha direção, acertando minha cabeça.

– Isso é compromisso sério. Gosto do Danny, e muito, mas sei lá. Nunca tive um namoro assim. Tenho medo que meus pais fiquem me regulando agora, porque sabem que estou pegando alguém. Tipo "namoro no sofá da sala com a irmã mais nova no meio". Olha bem para mim! Você acha que tenho cara de quem gosta disso?

– Ana, você é muito boba mesmo. Seus pais são tranquilos e não vão fazer isso. Eles são jovens e têm noção de que as coisas mudaram. Tia Su com certeza prefere que você namore com alguém dentro de casa do que fique invadindo salões de festa ou banheiros femininos para se pegar com caras que te ignoram depois – comentei isso porque essas cenas já tinham acontecido com ela. – Seu pai deu um piti, porque ele foi pego de surpresa, mas isso já passa.

– Amiga, eu nem sei namorar. Meu namoro mais longo durou uma semana.

– Você aprende, pode ter certeza disso – devolvi a almofada que ela me jogou e essa foi de encontro com sua cara, o que me deixou satisfeita. Ana apenas a pegou e a colocou no colo, ficando muito séria.

– Será que estamos prontas? – ela percebeu meu olhar de perdida. – As coisas com esses dois são bem intensas. Profundas e sérias. Será que estamos prontas para esse tipo de relacionamento? Somos só adolescentes, essas coisas deveriam acontecer daqui a alguns anos. É assustador encontrar o amor da sua vida no Ensino Médio.

Sim, era mesmo, ainda mais no nosso caso, onde nossos amores eram sugadores de sentimentos. Ouvimos batidas na porta e me levantei para abri-la.

– Oi – Gabe disse entrando no quarto e se sentando na cama. – Então, ainda está em crise? – Ana mostrou a língua para ele enquanto tentava, sem sucesso, limpar os olhos borrados.

– Para mim isso tudo é muito novo... E tenho medo. Nunca namorei. Possivelmente meu pai só imaginava que eu tinha beijado alguém, nunca tinha realmente estado ciente de que me envolvia com alguém do sexo oposto. E... Vocês têm seus segredos... Isso me assusta também! Tenho medo de ele ir embora.

– Isso nunca vai acontecer, Ana – Gabe disse em tom firme. – Não é mesmo, Danny?

Danny estava encostado no batente da porta, com os braços cruzados no peito, com uma feição muito triste.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora