Capítulo 38

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Por que estávamos brigando, afinal?! Aquela hostilidade toda, depois de tudo o que passamos juntos, era muito injusta e, no fundo, muito inevitável também.

– Amanhã ligo para saber como você está – disse ele.

– O quê? – senti meu sangue ferver, me senti com raiva, frustrada, com ciúmes, ódio e sei lá mais o quê. – Quem. É. Alana? – perguntei pausadamente entre dentes.

– Não é da sua conta! – rebateu ele frio.

– Você só pode estar brincando com a minha cara! – sorri cinicamente.

– Não quero discutir sobre esse assunto com você.

– Um cara quase me matou porque uma tal de Alana morreu e você surtou, e daí matou a namorada dele. Acho que isso é da minha conta, sim! – minha voz estava alterada.

– Por que isso tem importância agora? – eu estava incrédula, ele não poderia estar falando daquele jeito comigo, isso não estava acontecendo.

– Por que? Ah deixe-me ver... – coloquei o dedo indicador no queixo, sendo teatral. – Porque Michael disse que ela era "seu grande amor" e acho que eu deveria saber de algo assim. E por você não querer falar nela, isso me faz pensar que você ainda não a esqueceu, que ainda a ama... Que de alguma maneira não superou – o resto da frase ficou preso na minha garganta.

– Não a esqueci... Ainda a amo, sempre vou amar. E obviamente nunca vou superar – Gabe disse isso de uma forma tão sincera que achei que meu coração fosse parar de bater. – Mas... Ela se foi, não está mais aqui!

Fechei meus olhos e lágrimas desceram pelo meu rosto, tentava digerir as palavras de Gabe, mas elas pareciam pedras no meu estômago. E eu que achava que meu maior problema era a Glitter.

– Jasmim... – ele parou na minha frente, bem próximo, o que fez com que o nó na minha garganta aumentasse. – A Alana se foi... – pude ver em seus olhos a dor de pronunciar aquelas palavras. – Eu a amava muito, sempre vou amar, pelo que tivemos juntos... Mas eu mal sabia o que era o amor, o verdadeiro, até te conhecer!

– Acha mesmo que vou acreditar nisso? – ri debochando daquilo.

– Deveria – ele pegou minha mão direita e colocou sobre seu coração, e esse batia violentamente rápido. – Eu achava que sabia o que era amar, mas estava errado. Muito errado! Você é tudo pra mim, de uma maneira que Alana jamais foi, por favor, confie em mim, confie em meu amor por você.

– Queria que tivesse me falado dela – resmunguei, já amolecendo e cedendo ao seu toque. – Ou sobre sua família, ou sobre as pessoas que importam para você. Saber disso por Michael...

– Ainda não estava e não estou... – ele engoliu em seco e colou nossas testas. – Pronto para falar dessas coisas, nem de Alana. Um dia vou lhe contar, mas agora acho que não tenho forças. Quase te perdi, quase que você foi tirada de mim. Deus, nunca me senti tão desesperado em minha vida. Nunca!

E por esse nunca, entendi o que estava escondido em suas palavras... "Nem mesmo quando Alana morreu". Como poderia acusá-lo por amar alguém que morreu, alguém que ele amava na época e lhe foi tirada?!

– Achei que fosse morrer. De novo – eu disse.

– Shhh... – ele selou nossos lábios brevemente. – Nunca mais fale isso!

– Achei que você fosse morrer. A Ana... – meus olhos estavam tão cheios d'água que não conseguia vê-lo direito.

– O que aconteceu... Enquanto estava com Michael? – ele perguntou. Comecei a tremer violentamente pelas lembranças, se não fosse pelos braços de Gabe teria despencando no chão. – Ele tocou você?– vi um nervo em seu maxilar se retesar.

O Último BeijoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora