Meu Anjo Azul #2/ Segunda Edição

CAPÍTULO 54

Boa leitura! ♡

NÃO QUERIA QUE ALICE TIVESSE ficado daquele jeito. Se eu soubesse, talvez tivesse tentado… na verdade, não sei o que eu deveria fazer. Era um péssimo pai como sempre imaginei, e agora estava sendo um péssimo marido. Não era minha culpa  se Lúcia parecia gostar só dela, nunca ficava tranquila no meu braço. Eu gostaria de ficar um pouco com ela, porém basta Alice colocá-la em meu braço que ela faz um bico engraçado e logo depois começa a berrar alto. O choro não parava nunca, me deixando  em pânico, desejando  que Alice a pegasse de volta o mais rápido possível. Lúcia chorava tão alto que provavelmente dava para ouvi-la de qualquer cômodo do apartamento. 

Se eu comprasse um abafador de ruídos, Alice se incomodaria? Talvez seria bom perguntar para ela antes. É, vou perguntar. 

— Pessoal, na próxima semana vamos explorar os símbolos da partitura. Lembrando, que a partitura é construída de elementos muito importante para designação de tempo, pausa e notação musical. Para ser um bom músico é essencial saber ler uma partitura perfeitamente.

Gosto bastante de ensinar música. Esqueço tudo quanto estou falando sobre ela. O mundo da música realmente me encanta, mas hoje me senti inquieto. Não parava de pensar na Alice e em Lúcia.

Algumas vezes durante a aula tive a sensação de escutar o choro irritante de minha filha, o que era bastante ridículo.

De volta em casa procurei por elas assim que entrei na sala. Acredito que estava com saudade das duas. Ao subir as escadas o choro estridente de Lúcia chegou aos meus ouvidos  me fazendo desejar dar meia volta, mas não fiz. A minha saudade era  sincera. 

Ao perceber que Alice estava no quarto da nossa filha, confesso que senti um alívio. Como uma coisa tão pequenininha conseguia fazer tanto barulho?

 Meia hora depois minha esposa entrou no quarto  e seguiu para o banheiro. Sua blusa azul estava molhada, provavelmente ela tinha dado banho na Lúcia antes de colocá-la  para dormir.

 Enquanto respondia alguns e-mails que antes eram o trabalho da Alice, que agora não consegui fazer. Preciso de outra secretaria. Odeio escrever pelo computador. Vou colocar um lembrete para falar com ela antes de contratar. Preciso evitar que ela brigue comigo outra vez. Fico agitado e ansioso quando brigamos, pois ela sempre fica com a cara feia depois. 

 No momento que ela saiu do banho enrolada na toalha fiquei a encarando firmemente, lembrando que não tomamos banho juntos algum tempo.  Alice nem tocava mais em mim desde o nascimento da Lúcia, estava com saudade. O meu corpo sentia falta do toque dela.

— Conseguiu o tempo que queria? — não responde, achei melhor ficar em silêncio do que falar algo que ela não gostasse. Olha só, eu tenho empatia com as pessoas também. 

— Não tenha pena de mim, Liu. Faça tudo no seu tempo. Eu dou um jeito em cuidar da Lúcia.  

Ao terminar de dizer aquilo virou as costas para mim e se desfez da toalha. Aquilo foi um hábito que ela adquiriu desde o nascimento da nossa filha. Eu não gostei. 

E afinal de contas, porque eu teria pena dela? Passei a mão na cabeça me sentindo confuso. 

— Hoje na aula estava pensando em comprar um abafador de ruídos. O que você acha? — comentei enquanto enviava um e-mail para o senhor Thomas, o empresário que iria ficar no lugar de Arthur. Por falar nele, tinha um e-mail que ele me enviou fazia um mês, mas não tive vontade de abrir. "Pessoas babacas não merecem nossa atenção, filho." <

Era isso que meu pai sempre me dizia quando eu era adolescente.

— Por causa do choro da Lúcia? — perguntou por fim.