Meu Anjo Azul #2/ Segunda Edição

CAPÍTULO 28

Boa leitura!♡

ASSIM QUE DESÇO, vi Liu com as mãos no bolso da calça, distraído. Me sentindo um pouco angustiada me aproximo de um jeito lendo. Uma tensão emana de mim. Sinto meu couro cabeludo pinica.

— A minha esposa preguiçosa enfim acordou! — eu mordisco a parte de dentro da boca ao escutá-lo. 

   Eu realmente estou quase colocando o coração para fora. Que situação! Não era para ser assim, a chegada de um bebê é um momento mágico e feliz.

— Vem, vamos jantar, estou com muita fome. Você é muito dorminhoca, Alice. — ele fala já indo para mesa de jantar, e no automático o sego. 

 Sem vontade de comer eu remexo com o garfo a comida em meu prato. O nó na garganta parece estar bem apertado, pois nem palavras passam. Quero falar para ele o que está acontecendo, até porque é um direito dele saber, mesmo que não goste. 

— O que está acontecendo? Eu sei que você está aqui, pois eu estou te vendo, contudo, você está tão distraída. Está, sim, desde que chegou da consulta com a Doutora. Por algum caso ela contou alguma coisa que você não quis me dizer? — perguntou ele, calmamente estendendo sua mão para pegar a minha sobre a mesa. 

Eu continuei em silêncio, pensando em como encontrar uma maneira de falar. 

— Você pode falar para mim, está tudo bem! — ele acaricia a minha mão.  

    Me sentindo um pouco corajosa resolvi falar tudo de uma vez. O meu coração batia como uma escola de samba dentro do meu peito. Estava tão forte!  

 — A doutora Mônica me informou que nós vamos ter um bebê. — ele corre o olhar ao redor da sala de jantar, agitado. 

— Você está falando que está grávida? — me pergunta olhando para o chão. 

  O fato dele não me olhar me deixa em pânico. 

— Sim. — respondo e o silêncio é a única reação que eu tenho dele, isso me assusta muito. 

— Liu…— procuro palavras para explicar tudo isso.

— Você não podia ter feito isso, não podia, não podia. — me fala balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto continuava olhando para o chão. 

— Como pôde, fazer isso comigo? — Liu bati o punho com bastante força sobre a mesa me fazendo pular de susto. 

   Lágrimas pesadas descem pelo meu rosto. 

Ele levanta parecendo angustiado, andando de um lado para o outro, abrindo e fechando as mãos. 

— Liu. Eu não engravidei de propósito, foi uma surpresa também para mim, a notícia. — sussurro tão baixo que eu não sei se ele me escutou direito. 

    Liu corre as mãos pelo cabelo que já está um pouco grande. Eu quero ir até ele e abraçá-lo, porém fico com receio dele não aceitar. Aperto minhas mãos em meu colo sem saber o que fazer com elas que estão tremendo e suando. 

Percebi que ele começou a falar muito rápido, enquanto dava repetidas batida em um lado de sua cabeça com a palma da mão. A sua agonia me atormentava. Sem saber mais o que fazer, levantei e fui até ele.

— Liu. — ele se vira ao me escutar, e me lançou um olhar frio e distante. Então praticamente corri subindo as escadas, deixando comigo a memória de seus olhos assustados. Envolvo meu corpo com os braços para me consolar, desabo em prantos, me entregando a emoção avassaladora que já não consigo mais  conter em mim. Solto soluço gigantescos de arrebentar o peito. O medo me apavora. Fico assim abraçada a mim mesma por um bom tempo. Por que a vida é tão complicada? A tristeza e angústia dentro de mim é tão grande que não consigo encontrar palavras, apenas lágrimas. É tão difícil entender e aceitar a trajetória da nossa história. Com o coração ferido, eu me levanto e subo as escadas. Não quero me sentir abatida por causa disso, tenho que ter esperança e paciência para  Liu se acostumar com a chegada do nosso bebê. Apesar do medo que cresce a cada segundo mais um pouco, tenho que acreditar que o amor dele por mim é maior do que o seu receio em ser pai. Ele nem me explicou direito o motivo de não querer um bebê.