CAPÍTULO 17

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Boa leitura!♡


A Companhia tocou e  corri para atender, já sabia quem era, pois eu mesmo o chamei aqui.

— Eu atendo, Helena. Muito obrigado.

— logo que abri a porta me deparei com seu sorriso cheio de dente. Ele sempre está rindo, parece aqueles sorrisos automáticos. Lembro de mim quando era menino. Ria para as pessoas por educação, porém sem vontade. Hoje raramente faço. 

   — Tudo bem? — ele perguntou assim que entrou. 

   — Comigo está tudo ótimo. Vamos para o meu escritório quero conversar em particular. Sem dizer nada ele me acompanhou.

   — Vai querer alguma coisa para beber?    — estávamos sentados um de frente para o outro com a mesa no nosso meio. 

— O que eu quero beber realmente você não tem, então muito obrigado, mas não.

  — Tudo bem. Arthur te chamei aqui porque eu não gostei por você ter liberado informações minhas que não eram verdadeiras. Nenhum momento da nossa conversa eu confirmei a turnê com você. Falei que iria pensar. — estava encostado na minha cadeira e com as mãos entrelaçadas em cima do meu quadrinho.  

— Não é bem assim, Liu. Eu não liberei nenhuma informação, apenas conversei com a pessoa errada. Acabei soltando a hipótese da turnê. Foi mal cara, de verdade. 

Me sentia mal quando oferecia algo a alguém e ela não me retribuía do mesmo modo. Nunca falei nada para ninguém das conversas,  apesar de não considerá-lo meu amigo, eu o respeitava. 

   — Você não deveria ter falado para ninguém sobre nossas conversas, não há porque. Alice ficou muito chateada pensando que eu tinha planejado a turnê sem ter falado com ela. 

   — Liu você já é bem grandinho para deixar as pessoas controlarem a tua vida. Primeiro seus pais, agora, Alice? É sério isso? Quando é que vai amadurecer e tomar suas próprias decisões?  — ele estava tentando reverter a situação. Eu o observava com toda atenção, queria tentar entender algumas expressões que ele fazia. Ele olhava para mim com ar de riso.

   — Cresça e vire homem, Liu — ele me provocou. Não gostei daquilo, queria mandá-lo embora. 

   — Eu sempre tomei minhas próprias decisões, Arthur. Conversar com a minha esposa antes de qualquer decisão não me torna menos homem ou mais homem, me torna um bom esposo. Nunca mais converso com qualquer pessoa sobre mim sem a minha permissão, não gosto e você sabe muito bem disso, não é de hoje que trabalhamos juntos. 

Ele não desviava os seus olhos de mim, o que era bom, queria que ele prestasse atenção em cada palavra dita. 

 — Está certo. Se você diz, está dito. Não vamos criar caso com isso, e eu não darei o mesmo deslize de falar para outra pessoa antes da sua permissão.  — termina de falar, e digita algo no celular.  Pelo que percebi ele não está dando a mínima para nossa conversa.

    — Está certo, não vamos criar caso. Só não faça mais isso. Sabe que  gosto de honestidade e confiança.
  — Claro. — levanta ele e olha o celular mais uma vez.
  — Tem um compromisso agora. Me desculpe.  — Quando Arthur está prestes a abrir a porta me lembro de uma questão.
— Arthur. Não venha na minha casa sem antes avisar, eu não gostei da primeira vez. Quero estar sempre presente quando você vir. — ele dá um sorriso estranho. Não sei se dizer se  está rindo de mim. Odeio quando as pessoas rir de mim. 
— Está com ciúme? Por essa eu não esperava! —  dá ele uma gargalhada ao perguntar. Isso me irritou bastante.

A questão não era o ciúme, eu não queria que ele estivesse aqui enquanto eu não estivesse, era questão de respeito por mim, por minha esposa. As pessoas que são próximas a mim deveriam vir na minha casa quando eu estivesse presente e, a mesma coisa era com a minha esposa. Porque não teria motivo algum da Valquíria vim aqui sem Alice está. Principalmente porque eu não saberia o que conversar com ela.

— Eu não tenho ciúme de você, eu sei que Alice é uma mulher extremamente confiável. Só não quero que você venha sem eu estar presente. Dá para você respeitar o meu pedido? 
— Com certeza — confirmou, depois disso ele virou-se, indo embora. 

A minha relação com o Arthur está começando a me incomodar. Não sei se poderia confiar nele, e esse fato me deixa bastante desconfortável.

    — OI, ANTÔNIO. — comprimento ele assim que cheguei perto do mesmo.

Ele estava sentado em cima do palco do teatro. Espero que  já tenha terminado o seu trabalho aqui. Tenho tantas coisas para conversar.

— Filho, quanto tempo! Não sabia que casamento dava amnésia. — não entendi porque ele estava dizendo aquilo. 
— Pessoas casadas têm mais porcentagem para obter amnésia, isso que você quer dizer? — ele começa a rir de mim. Não gostava quando as pessoas riam de mim, fico parecendo um bobo.  Isso é uma das coisas que eu aprecio em Alice, ela nunca ria da minha condição.
  — Não filho, não é isso. Esqueça, por favor, foi maldade da minha parte. Me desculpe. Como é que você está?
— Eu estou bem, só preciso de um amigo para conversar. 
— Disponha. — ele desceu do palco e sentamos em uma das cadeiras da frente,  um  ao lado do outro.

Conversamos sobre bastante coisa. Falei sobre a vontade de Alice em ser mãe. Ele já estava ciente dos meus receios em ser pai. Falei do mau comportamento do meu empresário. De muitas coisas, eu gostava de me abrir com ele, Antônio era muito bom ouvinte e me tirava bastante dúvidas. Ele sempre demonstrava me entender. 

  

☆♬○♩●♪✧♩

 — CLÓVIS.  — comprimento o porteiro logo após voltar da minha corrida.
— Quero falar com você, só um minuto, por favor.  — ele pede, eu paro, e olha para o relógio.
— Tudo bem, só um minuto. — ele abre um sorriso empolgante. 
— Mestre, me sinto um pouco sem graça, mas é porque é muito importante, eu sei que o senhor às vezes faz apresentações de caridade, né mesmo? — ele sempre me chama de mestre por tocar piano, fala que eu sou o mestre no piano. Clóvis teve que me explicar bem, porque eu  o corrigi quando me chamava. Sempre achava que ele não sabia o meu nome.

— Continua, Clóvis. — o incentivo a prosseguir. Não queria chegar atrasado.
— Eu queria saber se o senhor poderia fazer uma apresentação beneficente para ajudar a filha da minha cunhada. Ela teve um acidente e ficou paralítica, e hoje está um pouco depressiva. A família queria dar a ela uma condição de vida mais confortável. Comprar  uma cadeira de rodas, adaptar  a casa. Fizemos o orçamento e deu muito caro. Se o senhor pudesse se apresentar de graça a gente poderia organizar e os ingressos vendidos seriam usados para melhorar a condição dela.— enquanto ele falava eu olhava para o nó torto de sua gravata. Como ele não percebe? Não lhe incomoda? 

Muito bom a atitude dele. Com certeza eu farei uma apresentação com muito gosto. Usar o meu talento para ajudar as outras pessoas é uma honra para mim.

— Organize tudo, que eu irei me apresentar para ajudá-la. Qualquer coisa que você precisar fale com a minha esposa. E antes de marcar data combine com ela também, para saber se eu estarei aqui no Brasil. 
— Muito obrigado, mestre. Terei uma dívida com o senhor para sempre. — ele aperta a minha mão balança para cima e para baixo várias vezes.
— Estamos aqui para isso, Clóvis. Fique em paz, eu que sou grato por ajudar. 

Assim que terminou, eu saí, porém antes arrumei a sua gravata. Fui até o elevador e como de costume bebi o último gole da  de água da garrafa e seguir com a minha rotina do dia. 

Meu Anjo Azul #2/ Segunda EdiçãoWhere stories live. Discover now