CAPÍTULO 36

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Boa leitura!♡

  EU SABIA a resposta, por isso senti vontade de chorar.  

— Eu venho porque isso faz Alice feliz. Eu gosto de fazer ela feliz. — falou encolhendo os ombros até as orelhas. 

Mais uma vez ela anotou algo no 

seu bloco.

— Interessante. —diz ela, simplesmente.

— Mas isso também te deixa estressado, Liu, vim aqui para fazer as consultas? 

— Sim. — ele fala e aperta o maxilar.

— O que mais você faz por Alice que te deixa estressado? — pisquei para a Dra. Keila sem acreditar na sua pergunta. O que ela pretendia com tudo aquilo? 

Liu fecha os olhos  e respira profundamente com uma expressão tensa antes de responder. Era nítido o desconforto dele. Eu realmente tenho vontade de mandar a Dra. Keila para o inferno por causa disso. 

— Eu deixo ela fazer coisas em mim que não gosto. — o encaro de repente, com os olhos bem arregalados.

— Que tipo de coisas? E por que deixar ela fazer, se te incomoda tanto? 

— Permito às vezes que ela toque em parte do meu corpo que me dá um certo desconforto que eu não sei explicar muito bem, não sei lidar com a sensação. Eu sinto um incômodo. Sei que para outras pessoas é difícil de entender. 

— Eu entendo. Eu detesto quando alguém toca nas pontas dos meus dedos dos pés, e não é porque faz consigas, porque não faz. Me dá uma aflição. Então eu te entendo perfeitamente. Agora me diz porque deixa ela  tocar?

Eu acho que a consulta está mais no singular do que no plural, Isso me deixa desconfortável. 

Meu marido não olha diretamente para a doutora como ela faz.  Olha para um ponto específico atrás dela.

— Ela diz que precisa tocar, então deixo se ela prometer que não vai ultrapassar muito limite. — respondeu ele, olhando sempre para esse ponto específico sem piscar. Eu tento perceber alguma expressão no seu rosto mas não consigo.

 Uma lágrima "idiota" desse pelo meu rosto. Eu nem sei muito bem porque estou chorando, agora.

— E o que você pensa sobre essa atitude da sua esposa? — ergu o olhar para ela de uma maneira intimidadora.

— Não sei bem o que pensar, talvez, ela se preocupe muito com o que ela sente. 

Vendo o nosso relacionamento pela perspectiva de Liu eu sou bem egoísta. Esse fato me deixou muito mal. Provavelmente é um milagre Liu ainda está comigo. Pois se me lembro bem, o seu pai uma vez me disse que ele se afasta de coisas que lhe incomoda. Era para Liu estar a quilômetros de distância de mim neste momento. 

Eu quero levantar e ir embora.

— Você acha sua esposa egoísta? 

— Eu não sei se é a palavra certa. Alice faz muitas coisas por mim, eu sei que ela faz. Então a palavra egoísta fica meio errada. — Eu apoio o meu cotovelo no braço de sofá e coloco minha mão no queixo.

— A gente já pode ir? — ela dá um sorriso torto enquanto olha para o relógio em seu pulso. — A consulta ainda não acabou, Liu. Conversar e se expressar é saudável em um relacionamento. Lembra que eu falei isso na primeira consulta de vocês? — lembrando ela que eu existo  me olhou. Eu confirmei com um aceno de cabeça e Liu também.

— Vocês estão praticando a comunicação? Alice? — mordo os meus lábios por dentro.

— Estamos progredindo...

Meu Anjo Azul #2/ Segunda EdiçãoWhere stories live. Discover now