CAPÍTULO 29

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Boa leitura!♡

﹏LIU﹏

CORRER, CORRER E CORRER. Essa foi a única forma que eu encontrei para tentar me acalmar. Estou correndo em uma velocidade constante desde que saí de casa. Estou cansado, mas não quero voltar para lá, não agora. Estou muito bravo por ela ter permitido que isso acontecesse, principalmente depois de tudo que lhe falei. Como vai ser a minha vida daqui para frente? O que eu irei fazer com a droga da minha rotina? Como irei lidar com o choro constante de um recém-nascido? Não sei como consegui passar a noite sem ter uma crise na frente dela. Mordi tanto um canto do meu lábio durante a noite tentando oprimir as minhas emoções. Mesmo sentindo o gosto do sangue eu não parava, focar na dor me ajudava.

As pessoas acham que nós somos complicados, mas eu não me acho complicado realmente. Um chá quente ou gelado com um livro durante a tarde me deixa feliz, como longas caminhadas e uma conversa envolvente com alguém sobre coisas que fazem meu coração se alegrar. Ouvir ou tocar uma boa música. A vida é tão simples. Por que nós temos que complicar tanto ela? Por que Alice tinha que insistir em querer ser mãe? Por que meu Deus? Eu não sou o bastante para ela? Tantas perguntas, sem respostas!

- Grrr, grrr. - comecei a gritar de raiva no meio da rua sem me importar. É muita coisa para minha cabeça.

Eu corro mais rápido, para tentar me acalmar e não entrar em uma crise no meio da rua. Já faz um tempo que isso não acontece. Eu corro e grito como louco, porém eu não consigo me controlar por mais que queira. Além de tudo isso, o sentimento de tormento que se seguia a uma grande explosão era devastador. Eu não queria fazer isso aqui e nem lá em casa. Olhei para os lados e vi um pouco à frente que tinha um beco à minha direita. Sem pensar duas vezes corri para ele o mais rápido que pude. Eu simplesmente não conseguia me controlar. Quando senti o coração bater forte a ponto de sentir pulsar e minha garganta, eu sabia. Ela estava ali, já era.

Eu não prestei muita atenção ao local, apenas queria um pouco de privacidade para extravasar tudo que estava dentro de mim. Então eu comecei a gritar, a gritar muito. Chutei alguns sacos de lixo que encontrei em meu caminho e depois acabei socando a parede. Eu estava frustrado, triste por não me controlar. Exausto e com a mão machucada sentei no chão. Por fim apoiei as mãos na cabeça e os cotovelos nos meus joelhos e fiquei de cabeça baixa pedindo ajuda ao Deus do céu, aquele que podia todas as coisas. Peço-lhe sabedoria pois isso era dom de Deus.

"O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.
O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.
Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela. Nem se pode comprar para o ouro fino de Ofir, nem pelo precioso Ônix, nem pela safira (...) Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar. Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.

Tento me acalmar sussurrando alguns trechos do livro de Jó. Ele era um homem sincero e reto aos olhos de Deus. Gosto disso.

"O que faz a Ursa, e o Órion, e os plêiades e as constelações do sul.
O que faz coisas grandes, que se não pode esquadrinhar, e maravilhas tais que não se podem contar. Eis que passa por diante de mim, e eu não vejo; e torna passar perante mim e eu não sinto...

- Ah, que maravilha. - levanto os meus olhos surpresos por não ter percebido alguém se aproximar.

Era um homem de baixa estatura, magro e de cabelos brancos. Aparentado está na casa dos 60 anos. Suas vestes eram simples, de cor agradável. Olhei por alguns instantes dentro dos seus olhos que me lembrava o marcar calmo. Fiquei mudo. Sem ser convidado o estranho se senta ao meu lado no chão.

Meu Anjo Azul #2/ Segunda EdiçãoWhere stories live. Discover now