CAPÍTULO 26

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Boa leitura!♡


DE MANHÃ logo após o café, eu me enfiei dentro do carro e fui a caminho da casa de minha mãe como combinei com Amanda. Liu foi para a ONG como falou que iria. Dirigi de maneira cautelosa, ainda não me sentia cem por cento segura na estrada. Ao pensar que eu vou pela primeira vez na casa da dona Damares sem ela, sinto um nó apertando o meu coração. Seguro firme no volante ao pensar sobre. Um pesar forte revira meu estômago. Eu estou indo com a minha vida, mas é difícil, ela era a minha mãe. Tento engolir o ar sufocante na garganta.

Ao parar em frente à casa de cor amarela um pouco desbotada por causa da luz do sol, desci com as pernas um pouco fraca. Abri a porta insegura, a sensação ali dentro de perda aumentava. A sala estava escura. A exceção do zumbido baixo da geladeira a casa estava em silêncio. Sozinha ali, senti um pouco de náusea, rapidamente coloquei a mão na boca, respirei fundo três vezes para me sentir um pouco melhor. Aqui a realidade de que a minha mãe não estava mais entre nós era tão clara com uma água cristalina. As lembranças de uma vida inteira passa pela minha cabeça nesse exato momento. A tristeza dentro de mim cresce a cada minuto ali.

Nunca pensei que naquele dia que vim aqui com Liu para socorrê-la seria a última vez que a veria dentro dessa casa. A vida é uma surpresa mesmo.

Coloco minha bolsa preta de ombro em cima da mesa, caminho até o seu quarto, abri a porta com a palma da mão aberta e logo de cara vejo a cama, ainda com os mesmos lençóis desarrumados sobre ela. Os meus olhos se enchem de lágrimas não derramadas. O quarto está da mesma maneira que ela deixou quando foi para o hospital. Provavelmente, Amanda não voltou para casa desde então. Ao olhar a cabeceira da cama vejo os remédios dela. Com passos pesados vou até lá, pego a caixa com alguns comprimidos, não conseguindo mais conter as lágrimas, elas descem molhando toda minha face. Esses remédios são para dor. Eu ainda não consegui entender como ela deixou que a situação se estendesse assim. Olhei em volta para todo aquele lugar que acolhia a minha mãe durante noites e noites, agora era apenas silêncios indesejados e a mobília.

- Oi - Virei para a direção da voz, vejo Amanda em pé com um olhar triste.

Coloquei de volta a caixa dos remédios e me sentei na cama.

- Oi. - falei, por fim, baixinho.

Amanda caminhou até mim e sentou lentamente ao meu lado colocando a cabeça em meu ombro. Entrelaçamos nossos dedos um no outro e ficamos lá no silêncio doloroso, mas necessário. Apesar de não ser fácil, tínhamos que sentir toda a dor que a morte dela nos trouxe. Era preciso senti-la para podermos prosseguir em paz.

- Você viu a mensagem que o hospital mandou? - perguntou, decidindo quebrar o silêncio mórbido.

Ultimamente eu mal pego o celular, tento evitar ao máximo. Queria um momento só para mim.

- Não vi. - responde olhando ao redor.

- Nossa, nós estamos com uma cara péssima. - observa a minha irmã me apertando em um abraço.

Nós estávamos mesmo. Olheiras grandes, olhos inchados e avermelhados. Parecia que um trator tinha passado por cima de nós diversas vezes de propósito.

- Então. Eles mandaram uma mensagem falando que se a gente ainda não fez o check-up anual tínhamos que fazer o mais rápido possível. Eles falaram que a gente tem uma porcentagem maior de ter algum tipo de câncer por causa da nossa mãe. Sei lá, algo assim.

- Ah, acho que eu lembro a médica me falando algo parecido. Vamos fazer sim, próxima semana. - ela me olhou de uma maneira estranha que eu não entendi no começo, depois foi que eu percebi que era por causa do custo que seria.

Meu Anjo Azul #2/ Segunda EdiçãoWhere stories live. Discover now