07_ Por que escolheu Denver?

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Entrei de fininho em casa rindo de mim mesma pelo que aconteceu a quase uma hora atrás. E quando eu digo quase...

ㅡ RAIN!! ㅡ Escutei o grito do Kevin. ㅡ É você??

Acabei rindo novamente.

Tá certo, eu tinha ido para a livraria que tinha debaixo do apartamento. Lá eu entrei em um mundo novo e peguei dois livros de romance que eu tô prometendo para mim mesma que leria antes de terminar as férias. E ainda por cima ganhei uma ecobag de boas vindas por ser a minha primeira vez em Denver.

Depois dali eu fui até a Confeitaria e comprei duas barcas daquela para viagem. Uma para mim e uma para o Kevin.

ㅡ RAIN! ME AJUDA!!! ㅡ O grito do Kevin me fez colocar as coisas no sofá e correr até o quarto. Ele estava em pé na minha cama e o Banguela sentado no chão apenas olhando para ele. ㅡ Segura seu bichinho!

ㅡ O que foi agora? ㅡ Questionei, vendo o Banguela miar alegre vindo até a mim.

ㅡ Seu bichinho me arranhou com essas garras enormes! ㅡ Kevin apontou para o Banguela, que me olhava com os olhos brilhando pedindo colo.

ㅡ Como, Kevin? Olha a carinha dele de quem não faz mal a ninguém. ㅡ Peguei o Banguela no colo, acariciei seu pelo fazendo ele miar em seguida.

ㅡ Diz isso para ele. ㅡ Kevin resmungou descendo da cama. ㅡ Aliás, onde estava?

ㅡ Na Confeitaria, ue.

ㅡ Rain, a Confeitaria é aqui na esquina. Você não demoraria nem meia hora para chegar lá. ㅡ Kevin deu de ombros.

ㅡ Ah... ㅡ Ri ao me lembrar. ㅡ Acredita que estamos em cima de uma livraria??

ㅡ Em cima? Como assim? ㅡ Kevin questionou passando por mim e saindo do quarto.

ㅡ Assim que eu desci vi que tinha uma livraria aqui embaixo. ㅡ Sorri empolgada. ㅡ Você sabe que eu AMO livraria. E eu tenho a pouco centímetros de mim, ou melhor, literalmente embaixo.

ㅡ Tá, ainda não sabemos o que fazer para o almoço. ㅡ Kevin murmurou, voltando ao assunto do almoço. ㅡ Não sabemos onde tem supermercado por aqui.

ㅡ E agora?

ㅡ Por sorte, eu tenho uma cabeça pensante e já resolvi nossos problemas iniciais. ㅡ Kevin falou caminhando até o Kevin, em seguida batidas na porta soaram.

ㅡ Como?

ㅡ Consegui um guia turístico aleatório que conhece a cidade como a palma da mão. ㅡ Ele abriu a porta e, consequentemente, engoli em seco ao ver quem era. Easton. ㅡ Pedi para ele te levar no veterinário e no supermercado.

ㅡ O que??? ㅡ Questionei, arregalando os olhos. ㅡ Mas...

ㅡ Oi, Rain. Espero que não se incomode. ㅡ Easton deu de ombros. ㅡ Seu amigo é bem convincente.

ㅡ Entendo... ㅡ Abaixei minha cabeça.

Qual é, Rain! É só o Easton!

ㅡ Conhece a cidade como a palma da mão, né? ㅡ Indaguei, vendo que o Banguela pulou dos meus braços e correu até o Easton miando.

ㅡ Escurinho? ㅡ Easton perguntou, se enclinando e pegando o Banguela que miou parecendo feliz. ㅡ O que ele tá fazendo aqui?

ㅡ Pergunta para a Rain. Ela que inventou de trazer gatos misteriosos para casa. ㅡ Kevin ergueu os braços pegando as caixas de cima do sofá e indo até a cozinha.

ㅡ Você trouxe um gato de rua para casa? ㅡ Easton me encarou com a sobrancelha erguida.

ㅡ Tem algum problema com isso?

ㅡ Não. ㅡ Ele riu. ㅡ Conheço o Escurinho a um tempo. Só que eu não posso levá-lo até o meu apartamento.

ㅡ Escurinho? ㅡ Fiz uma careta. ㅡ O nome dele é Banguela!

ㅡ Banguela? Não é aquele dragão de... ㅡ Interrompi ele.

ㅡ Sim! ㅡ Tomei o gato de sua mão, em seguida peguei a minha bolsa. ㅡ Podemos ir? Ainda temos que passar no supermercado.

Sai em passos apressados do apartamento, vendo que Easton falou algo para Kevin antes de me seguir e descemos. Ao sair do edifício percebi que tinha um carro ali na frente.

ㅡ O supermercado é muito longe daqui? ㅡ Perguntei, apontando para o carro já pensando na possibilidade de ser dele.

ㅡ Não, mas o veterinário sim. ㅡ Easton respondeu ligando o carro. ㅡ Entra.

Assenti, umidecendo meus lábios abrindo a porta do carro e entrando lá.

Eu ainda estava intimidada.

... ... ...

ㅡ Er... ㅡ Bati meus dedos um no outro, enquanto Banguela parecia procurar algum espaço para que ele pudesse se encaixar sem ser o meu colo.

Praticamente, faziam quase meia hora que estávamos naquele carro e estávamos em uma parte super grande e movimentada da cidade. Eu estava surpresa, admito, porque comparado a parte que eu estava chegava bem perto da poluição sonora de Nova York.

ㅡ Não gosta de viajar em silêncio? ㅡ Easton perguntou, girando o volante e batendo levemente seus dedos por ali.

De verdade, não gostava. Eu era acostumada a viajar com altas conversas com a minha criaturinha.

ㅡ A gente não tem assunto ㅡ Afirmei, mordendo meu lábio inferior. Torci o lábio ao ver que Banguela pulou do meu colo e foi até o banco de trás.

ㅡ Podemos inventar, ou fazer perguntas. ㅡ Sugeriu, abrindo um pequeno sorriso no canto dos lábios.

Meu coração pulou por alguns instantes.

ㅡ O que você quer saber? ㅡ Indaguei, batendo meus dedos mais rapidamente um no outro na tentativa de não ficar nervosa.

ㅡ Por que escolheu Denver? ㅡ Easton me olhou de relance, antes de voltar a olhar para a estrada.

A sua pergunta me fez lembrar automaticamente dos motivos reais de estar fugindo das coisas em Nova York. Meus olhos se encheram de lágrimas em automático, um nó se formou em minha garganta e uma grande dor me rodeou.

A dor que eu estava ignorando.

ㅡ Não quero falar sobre isso. ㅡ Me encolhi na cadeira, encostando minha cabeça na janela evitando contato visual. ㅡ Desculpa.

•••

Amor de InvernoWhere stories live. Discover now