12_ Saia comigo.

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Sorri abertamente de satisfação assim que terminei de desenhar e escrever aquele capítulo, sentindo uma onda boa me atingir. Estava terminando. Quase terminando.

Era estranho terminar uma história tão rápido assim. Numa onda de inspiração normal, normalmente, eu terminava em semanas ou até mesmo durava um mês preparando tudo direitinho e no final publicava com a editora que eu trabalhava.

Só que agora estava sendo diferente porque a história estava quase no fim e não tinha feito nem um dia direito.

Era gratificante. Era incrível.

Tomei um susto ao sentir o rabo do Banguela passar por baixo das minhas pernas, porém, acabei rindo com isso.

ㅡ Você tá com fome, né? ㅡ Me enclinei para frente, pegando o Banguela no colo e em resposta ele passou o rabo peludo no meu rosto. Revirei meus olhos me levantando. ㅡ Kevin!

ㅡ O QUE É???

Grunhi pegando a ração do Banguela que estava na bancada do meu quarto e sai de lá. Eu tinha reservado um pequeno canto na sala para colocar as coisas do Banguela.

ㅡ Por que você não colocou a ração do gato?? ㅡ Questionei, percebendo que ele saiu da cozinha com uma colher de pau na mão. Seus cabelos ruivos estavam preso em um penteado esquisito e ele usava um avental de cozinha. ㅡ Ele tá com fome!

ㅡ Essa função é sua, certo? ㅡ Ele pendeu a cabeça pro lado. Seu tom de voz era de sarcasmo e puro deboche. ㅡ A ideia do gato foi sua.

ㅡ Ruim. ㅡ Murmurei, me enclinando para frente e sacudindo o saco e colocando razão no pote de comida do gato. ㅡ Eu estava trabalhando.

ㅡ A ideia nova?

ㅡ Certamente ㅡ Murmurei, deixando o gato no chão. ㅡ Tá fazendo o almoço?

ㅡ Sim, minha querida. Estou aprendendo receitas novas no Google ㅡ Kevin jogou os cabelos, presos, pro lado de um jeito convencido. ㅡ Ah, atende a porta? Eu vou tomar um banho rápido e desliga o fogo daqui a pouco.

Ele veio até a mim colocando a colher na minha mão, em seguida foi até o banheiro. Deixei o saco de ração em cima do sofá, indo até a cozinha e dando a meia volta quando batidas na porta soaram.

Me questionei quem poderia está na porta, portanto, meus questionamentos foram respondidos assim que abri a porta e vi a única pessoa que conhecíamos em Denver. Easton Freeman.

E que estava nos visitando frequentemente. Mais do que era necessário.

Minhas bochechas ficaram quentes assim que olhei para ele e lembrei instantaneamente do sonho em que nos beijavamos.

ㅡ Rain? ㅡ Ele enclinou o corpo para frente. Agradeci mais uma vez por ser negra e por não ter ficado vermelha. ㅡ Boa tarde.

ㅡ Boa... boa tarde. ㅡ Gaguejei, sentindo meu coração pulando dentro do meu peito.

Ah, qual é! Por que eu tô assim??

Foi só um sonho...

Certo?

ㅡ Kevin me pediu para comprar algumas coisas para ele ㅡ Easton estendeu as sacolas, que nem percebi que estavam na mão dele.

ㅡ Ah... é...

ㅡ RAIN! DESLIGA O FOGO!

Arregalei meus olhos lembrando da panela no fogo e corri até a cozinha sem lembrar que o Easton estava na porta. Desliguei o fogão, em seguida voltei para á sala.

ㅡ Desculpa, Easton ㅡ Pedi, voltando até a porta vendo que ele mordia o lábio inferior. Engoli em seco me lembrando do beijo mais uma vez. Eu não sabia onde enfiar minha cara naquele momento. Seria o momento perfeito para que abrisse um buraco no chão e me sugasse. ㅡ Kevin tá cozinhando, por incrível que pareça.

ㅡ Eu tô sentindo o cheiro ㅡ Easton sorriu, me deixando sem palavras.

Me condenei por está pensando tanto no beijo dele que tinha acontecido num sonho. Nem foi real, foi em um sonho.

ㅡ Obrigada. ㅡ Sorri pegando as sacolas da mão dele. ㅡ Estamos abusando, né?

ㅡ Na verdade, não. ㅡ Ele negou prontamente. ㅡ Eu gosto de saber que estou ajudando vocês. Ambos ainda não conheceram as pessoas simpáticas de Denver, então até lá posso ser simpático.

Não dificulta, Easton.

ㅡ Você é tão gentil ㅡ Afirmei, de repente, sabendo que não aguentaria ficar calada. ㅡ Ajuda mesmo sem conhecer as pessoas.

Easton pareceu gostar do meu elogio, porque sorriu ainda mais quando eu terminei.

ㅡ Rain ㅡ Ele limpou a garganta. ㅡ Quero te fazer uma pergunta.

Ergui a sobrancelha com isso.

ㅡ Pode fazer.

ㅡ Quer sair comigo? ㅡ Arregalei meus olhos assim que Easton perguntou. ㅡ Desculpa falar assim do nada e tão de repente, mas eu quero que tenhamos um momento juntos. E também, quero que conheça um lugar em especial.

Engoli em seco, apertando as sacolas na minha mão.

ㅡ Saia comigo. ㅡ Acrescentou, abrindo um sorriso convencido.

Cumprimi meus lábios, sentindo um aperto no peito por sentir que não estava preparada.

Fazia apenas duas semanas que eu tinha descoberto a traição, mas eu não tinha processado e nem tinha parado para reagir direito a notícia.

ㅡ Easton, eu... ㅡ Comecei a falar, me perdendo naquele monte de palavras que estava na minha cabeça para justificar. ㅡ Eu não posso.

ㅡ Não pode? ㅡ Ele ergueu a sobrancelha. ㅡ Não pode ou não quer?

ㅡ Não posso, Easton. Desculpa, mas eu não posso sair com você. ㅡ Expliquei, ou melhor, tentei. De verdade, eu já não sabia bem o que eu queria naquela altura do campeonato.

Ainda não tinha superado o que aconteceu comigo e estava fugindo disso terrivelmente desde o dia que eu descobri. E sair com alguém nesse momento não era algo que eu estava preparada.

Easton me encarou por alguns segundos, até que apertou os lábios e soltou uma risada nasal.

ㅡ Tudo bem ㅡ Ele balançou a cabeça concordando. ㅡ Mas, não vou desistir de sair com você. Amanhã eu tento de novo.

Ele falou antes de descer as escadas. Fechei a porta ainda sentindo meu coração palpitando feito louco.

Girei meus calcanhares para ir até a cozinha, todavia, Kevin estava ali parado e me encarando como se eu fosse a pessoa mais doida do mundo.

ㅡ O que foi?

Ele revirou os olhos e foi até a cozinha sem me responder. Pude entender aquele olhar na mesma hora.

Suspirei, encolhendo meus ombros e indo até a cozinha me condenando por estar me sentido mal por ter negado sair com o Easton.

•••

Amor de InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora