47_ Festa de Natal.

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24 de Dezembro.
03h50 da tarde.

Conhecer profundamente alguém pode ser algo que pode te surpreender de diversas formas diferentes. Alguns podem ser ruins o suficiente para te surpreender negativamente, assim como outras podem ser boas e te surpreender positivamente.

De algum jeito, Easton acabou me surpreendendo das duas formas. A forma positiva de me surpreender foi que ele é tão adorável que acaba defendendo quem ele ama com toda garra possível. E a forma negativa é que, como uma pessoa tão ligada às suas próprias emoções, acaba sendo machucado injustamente pelos seus pais.

Embora os meus não seja um exemplo de família, eles não tinham mais o poder de me machucar. Porque eu bloqueei eles da minha vida definitivamente, sabendo que eles não teriam lugar algum na minha vida além de meras lembranças.

Easton chorou em silêncio, apenas com pequenas lágrimas significativas passando pelas suas bochechas vermelhas. Seus olhos tão azuis e brilhantes estavam chorosos, como aquela história dolorosa estampada em seu rosto.

ㅡ Esse foi o motivo de eu ter desistido de atuar ㅡ Completou, passando os dedos por debaixo das suas pálpebras. ㅡ Senti que seria injusto eu dá orgulho aos meus pais, quando eles trataram o Tarantino como se não fosse nada. Tarantino é incrível, Rain, por dentro e por fora. Ele cuidou de mim como um pai e eu tenho o dever de deixá-lo orgulhoso.

Engoliu em seco, com o seu pomo-de-Adão subindo e descendo.

ㅡ Tarantino merecia uns pais melhores.

Sem conseguir formular palavra alguma, apertei sua mão contra á minha tentando ser o mais reconfortante possível. Easton pareceu feliz, porque sorriu de um jeito fraco com o gesto.

ㅡ Vocês construíram uma família ㅡ Acariciei seus dedos, olhando diretamente para seus olhos. ㅡ Seus avós, independente de não se encontrarem na Terra, estão com vocês. Além dos seus amigos. Essa família que você tem agora tem orgulho de você. Tarantino tem orgulho de você. E... Você tem orgulho dele.

Ele respirou fundo, acreditando nas minhas palavras.

ㅡ Você tem orgulho de mim? ㅡ Indagou, parecendo meio incerto em fazer aquela pergunta já que arrumou sua postura na cama.

Sorri em modo instantâneo, porque tudo o que Easton fazia me deixava orgulhosa. Orgulhosa, boba, feliz, confortável, segura e... Apaixonada.

Easton... ㅡ Toquei em sua bochecha de leve, sorrindo carinhosamente para ele. ㅡ É claro que eu me orgulho de você. Você é incrível, meu amor, nunca duvide disso.

Um sorriso imenso surgiu nos seus lábios na mesma hora em que terminei de falar, no mesmo ritmo em que sua pupila delatou. Também não pude deixar de reparar em suas bochechas ficando vermelhas.

Meu bem... ㅡ Sussurou, me puxando para um abraço na mesma hora em que se sentava na cama. ㅡ Me chama assim de novo, por favor, é uma sensação maravilhosa.

Soltei uma risada com o seu jeito adorável, retribuindo o abraço apertado esperando que ele pudesse entender que aquela era a minha forma de demonstrar meus sentimentos sem ser com palavras.

Agradeci imensamente quando ele entendeu, porque me apertou retribuindo aquele abraço que precisávamos.

... ... ...

Foi estranho caminhar em direção aquela festa, que tinha algo muito estranho para oferecer, além de pessoas de suéter para todo o lado e gorros natalinos. Claro que sou acostumada a frequentar festas, mas aquela era diferente e muito mais fechada.

As festas que eu frequentava eram mais chiques, como eventos com pessoas importantes que esbanjavam dinheiro. Aquela festa era ao contrário, porque todo mundo estava humildemente se divertindo com o pouco que tem.

ㅡ Estou impressionado ㅡ Easton soltou uma risada, apertando seus dedos contra o meu. ㅡ Achei que iríamos parar no meio de ricos e soberbos.

Aruna riu com o comentário do Easton, já que estava do seu lado.

ㅡ Achou que eu sou o quê? ㅡ Aruna questionou, torcendo os lábios. ㅡ Me magoa em achar que eu gosto desse tipo de evento. Já não basta encará-los no trabalho?

Beijei a bochecha de Easton, observando as pessoas ao redor. Todos pareciam felizes em apenas beber e jogar os jogos que tinha ali, porque nenhum deles pareciam focados em fazer algo que pudesse dá ruim.

ㅡ É a festa mais tranquila que eu frequento a anos ㅡ Kevin comentou, ao meu lado segurando a mão do Wiley. ㅡ Isso é bom ou ruim?

ㅡ Maravilhosamente bom ㅡ Payton se pronunciou, aparecendo na nossa frente com um corpo vermelho na mão. ㅡ Eles tem ponche.

ㅡ Já, Payton? ㅡ Ruby cruzou os braços ao encarar a amiga. ㅡ Não é para ficar bêbada. Você bêbada é um saco.

ㅡ Não tem álcool ㅡ Payton murmurou, após tomar um gole do ponche. ㅡ Ótimo. Era tudo o que eu precisava.

Payton deu as costas em um resmungo, o que fez a Ruby ir atrás dela soltando um suspiro pesado.

ㅡ Só eu que tô começando a achar que a situação tá fugindo do controle? ㅡ Aruna indagou, erguendo a mão. ㅡ A Payton está...

ㅡ Diferente ㅡ Wiley respondeu, completando o comentário do Aruna. ㅡ Ela não é de beber. Isso tá, literalmente, fugindo do controle.

ㅡ Eu não gosto nenhum pouco disso ㅡ Kevin negou com a cabeça, torcendo os lábios. ㅡ Quem deveria tá dando trabalho sou eu. Não a santinha da Payton.

Comprimi meus lábios apertando a mão do Easton, me perguntando o que eu faria para sair daquela situação. Tudo estava saindo do controle e tenho certeza que ficaria pior se ninguém resolvesse aquela situação.

Payton estava evitando a mim e Easton. Ele estava evitando tocar no assunto de novo, porque não queria tocar na ferida de sua amiga. E eu estava no meio da situação me perguntando quem e quando tudo voltaria ao normal.

ㅡ Eu preciso beber ㅡ Afirmei, soltando a mão do Easton. Uma coisa que eu não consigo evitar é que quando algo está escapando entre meus dedos, acabo descontando na bebida. ㅡ Algo alcoólico. Urgentemente.

Afastei-me deles em passos decididos, indo na direção a mesa do ponche ouvindo a voz do Easton me chamando.

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Amor de InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora