Amor de Inverno

22_ Quero que goste de mim.

Sentei-me na mesa em frente ao Easton, sorrindo ao sentir o cheiro delicioso vindo da comida diretamente posta na minha frente no centro da mesa.

ㅡ Parece deliciosa ㅡ Afirmei, umidecendo meus lábios com a língua. Easton riu e começou a me servir. ㅡ Desde quando sabe cozinhar?

ㅡ Ah... Desde que eu tinha 9 anos. ㅡ Começou a explicar, terminando de servir a nós dois. ㅡ Tarantino teve que me ensinar porque ele tinha que trabalhar o dia inteiro para a nossa sobrevivência.

Engoli em seco, tentando conter a minha língua.

ㅡ Você comentou sobre seu pai. ㅡ Comentei, vendo ele se sentar na minha frente. ㅡ Mas, não disse que desde pequeno morou com o Tarantino.

Easton passou a língua pelos lábios encarando a batata no seu prato, com o vapor voando em cima dela, parecendo pensar no que iria responder.

ㅡ Não posso dizer que meus pais foram os melhores ㅡ Replicou, enquanto começava a comer.

ㅡ Ah... ㅡ Comecei a comer também, me sentindo mal por ter tocado no assunto. ㅡ Não precisa me dizer se não se sentir a vontade.

ㅡ Eu digo que o Tarantino é meu pai, minha mãe, meu irmão e meu melhor amigo. ㅡ Acrescentou, tentando manter seus olhos limpos e calmos como de costume.

Observei seu rosto atentamente, notando que tocar naquele assunto poderia fazer mal a ele.

ㅡ Talvez ele não saiba disso, mas ele é a pessoa mais importante para mim. Eu não digo isso a ele por medo, mas ele continua sendo como um pai. ㅡ Seus olhos brilharam em sinceridade. ㅡ Acho que ele pensa que estou afastado, mas eu tô respeitando ele. Seus objetivos são outros agora que é casado e tá prestes a ter um filho.

Sorri, mantendo meus olhos fixos no Easton. Ele me olhou em seguida, parecendo perceber que estava sendo observado por mim.

Ele retribuiu o sorriso, deixando meu coração palpitar forte dentro do meu peito. Os olhos dele eram brilhantes e intensos, transmitindo a calmaria que ele exalava.

Eu me perguntava o que ele tinha para me deixar daquele jeito, mas só de olhar os olhos dele eu me sentia tranquila e relaxada. Se fosse acontecer qualquer mínima coisa, Easton seria a calmaria que eu não era.

ㅡ Sua comida está, realmente, deliciosa ㅡ Sorri para ele, tomando coragem para abrir a boca. ㅡ Diferentemente de mim.

ㅡ Você não sabe cozinhar por quê não gosta?

ㅡ Nunca tive a experiência para dizer; ah, não gosto. ㅡ Comecei a explicar, pegando o copo de suco que ele tinha servido. ㅡ Na verdade, nunca tive ninguém para me ensinar.

ㅡ Filha única?

ㅡ Devo dizer que a minha família não é diferente da sua ㅡ Repliquei, dando de ombros. ㅡ Eu sou filha única, mas não recebi a atenção que todos dizem que os únicos recebem.

ㅡ Se sente a vontade para contar?

ㅡ Não é uma novidade para ninguém, Easton, na verdade. ㅡ Acrescentei, soltando uma risada. ㅡ Meus pais são ricos, famosos, repleto de eventos que deixam ele longe de casa. Quem me criou foi a governanta da minha casa, então eu fui mimada por ela.

Mordi o lábio inferior, achando uma maneira mais simples de continuar aquela conversa.

ㅡ Então, até que eu cresci e comecei a escrever e desenhar. Meus trabalhos deslancharam, Kevin também começou a ficar famoso e assim você já sabe.

ㅡ Aparentemente, nós dois temos uma família complicada.

ㅡ Complicada? Isso é até um elogio para a minha família, Easton. A minha família é uma merda, Deus que me perdoe.

Easton riu com o meu tom indignado.

ㅡ A única pessoa que eu tenho, que está do meu lado até hoje é o Kevin. ㅡ Continuei, abrindo um sorriso ao falar daquela criaturinha. ㅡ Nos conhecemos desde que éramos crianças, então eu trago comigo ele na minha longa caminhada até aqui. Eu amo aquela criaturinha. Ele além de ser meu melhor amigo, é o meu irmão.

Um silêncio estranho surgiu assim que eu terminei de falar, deixando claro que aquela conversa tinha sido íntima demais para apenas o primeiro encontro. No entanto, eu não me sentia nenhum pouco desconfortável com isso. Pelo contrário.

Easton conseguia me deixar confortável em qualquer situação que fosse, porque ele tinha esse dom. E o pior disso tudo era saber que eu gostava de saber disso e, principalmente, gostava de saber que era ele.

ㅡ É bonito de ver a sua amizade com o Kevin.

Balancei a cabeça concordando.

ㅡ É bonito de ver a sua amizade com o seu irmão. ㅡ Acrescentei, vendo ele repetir meu ato. ㅡ Nem tive a oportunidades de saber o que é isso, mas eu tenho o Kevin que é muito mais que eu mereço.

Outro silêncio surgiu, enquanto nós dois apenas nos olhávamos como se não houvesse mais nada ao nosso redor.

ㅡ Vai aceitar se eu te chamar para outro encontro? ㅡ Indagou, pendendo a cabeça pro lado com um sorriso.

O sorriso dele me fez ter a certeza de que, mesmo se eu tentasse, não conseguiria dizer não ao seu pedido.

ㅡ Claro. Eu aceito sair com você.

Easton pareceu surpreso e, ao mesmo tempo, feliz com a minha resposta na qual eu poderia surpreendê-lo.

ㅡ Rain ㅡ Ele deslizou sua mão pela mesa, tocando em minha mão e entrelaçando nossos dedos.

Engoli em seco ao sentir minha pele se arrepiando com aquele toque, sentindo uma sensação queimar na boca do meu estômago e o meu coração pulando freneticamente dentro de mim.

Eram as sensações de novo. As sensações que eu sentia cada vez que eu olhava para ele.

As sensações que eu conhecia muito, muito bem.

ㅡ Você não é boba nem nada, então já sabe minhas intenções lhe chamando para sair. ㅡ Engoli em seco de novo com as palavras. Imaginar era uma coisa, agora ouvir diretamente da boca dele era uma coisa totalmente diferente. ㅡ Se você não sentir nada por mim, tudo bem, eu vou entender e vou querer continuar com a amizade. Saiba que eu vou te respeitar a cima de tudo.

ㅡ Easton... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Porém, lhe digo uma coisa. Se estiver, pelo menos, sentindo algo pequeno por mim te peço uma chance. Uma chance de tentar conquistar você. ㅡ Seus olhos brilharam, juntamente com o sorriso que acompanhava o brilho do seu olhar. ㅡ É apenas uma única chance, Rain, porque eu quero tentar até você me dizer que gosta de mim ou que não gosta. Quero que goste de mim, Rain, assim como eu gosto de você.

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