13_ Choque de realidade.

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Aquele café da manhã foi pura humilhação. Kevin fez vários questionamentos tentando entender o porquê de eu ter negado o convite de Easton.

Também, tentou me convencer de que se ele me chamasse novamante eu deveria aceitar sem nem pensar duas vezes.

Certamente, eu não me sentia bem por ter negado sair com o Easton. Uma parte de mim estava curiosa para saber o quão poderíamos nos dá bem saindo juntos, mas a outra parte de mim ainda me deixava com medo.

Eu não estava preparada.

A descoberta de traição estava recente e tudo que eu não queria era me envolver com alguém novo ainda tão machucada.

Não estava preparada para outro relacionamento, ainda mais assim tão em cima do outro e tão repentinamente.

Além disso, tinha outras circunstâncias que me separava do Easton. A minha vida é em Nova Iorque, e a dele aqui em Denver. Moramos em cidades completamente diferentes e nossas vidas são diferentes.

Eram tantas coisas que nos separavam.

ㅡ Ei ㅡ Kevin me chamou, o que me fez olhar para a porta tirando os olhos dos papéis. ㅡ Quer ir passear comigo?

ㅡ Eu tenho que terminar aqui ㅡ Apontei para os papéis, mordendo meu lábio inferior. ㅡ Prometo que amanhã vou sem falta.

ㅡ Claro que você vai ㅡ Kevin assentiu num tom sarcástico. ㅡ Temos muitos lugares para ir. E pode se preparar, ok? Porque o Easton vai está lá.

Engoli em seco ouvindo as últimas palavras do meu amigo, percebendo que ele estava fazendo propositadamente e não desistiria até que eu aceitasse o convite do Easton.

Aquilo não iria acontecer. E eu estava me preparando psicologicamente para ver no que isso iria dá.

... ... ...

Não tive dificuldade nenhuma de finalizar meu romance.

Eu desenhei, escrevi, criei capas, criei personagens, construí uma história, criei tudo na minha cabeça em apenas horas que o Kevin estava fora de casa e eu estava com apenas á companhia do Banguela. Ele apenas passeava pelas minhas pernas e miava.

Foi uma satisfação enorme para mim finalizar o livro naquele dia e, finalmente, terminar em tempo recorde. E tudo isso foi uma inspiração de repente por um sonho aleatório. Com um cara aleatório.

Não, exatamente, aleatório. Mas um homem que ainda era devidamente desconhecido.

A noite caiu assim que terminei de desenhar e escrever a história, dando espaço para que eu pudesse sentir fome e perceber que estava na hora de jantar. Kevin ainda não tinha chegado e era estranho.

Todos os estabelecimentos já estavam fechados aquela altura e não tinha necessidade nenhuma dele ficar até tarde. Até porque, até onde eu sei, ele não conhece ninguém além do Easton.

Se bem que eu não duvido da capacidade daquela criaturinha de socializar.

Resmunguei, puxando meu celular no mesmo segundo em que sentava no sofá e tentava ligar para ele. Só que não funcionou.

Suspirei frustrada, tomando coragem para entrar no Instagram sentindo um grande aperto só de pensar no que estava me esperando ali. Fazia semanas que eu não entrava em rede social nenhuma com medo do que poderia estar ali.

Kevin também não estava me dizendo o que estava rolando nas redes sociais. E eu agradecia por isso.

Me arrependi de ter entrado assim que entrei ali e me deparei com uma foto nova no feed. Era uma publicação do Caleb e junto com ele estava a Margareth, a garota que dizia ser minha amiga e que no final estava me apunhalando pelas costas.

Aquela foto foi como uma facada atingindo meu peito. De novo. Lembrando do momento em que eu corria pela calçada tentando chegar o mais rápido possível no estabelecimento aonde o Caleb trabalhava, porém, me dei de cara com eles dois aos beijos na frente do edifício.

A imagem deles se beijando na minha frente foi como se tirasse meu chão e, consequentemente, finalizasse com tudo pior. Até porque eu tinha sido demitida a horas atrás e no final fui traída.

Naquele momento a minha ficha, finalmente, caiu. Literalmente, aquela foto foi como um choque de realidade me lembrando do motivo de estar ali que eu estava com medo de encarar.

Deixei o celular cair da minha mão, sentindo uma dor forte encontrar meu peito e meus olhos se encherem de lágrimas instantaneamente.

Ouvi o som da porta se abrindo e uma risada soando em seguida, enquanto eu afundava meus rosto entre as minhas mãos com medo de quem alguém pudesse me ver naquele momento tão frágil.

ㅡ Rain? ㅡ Era a voz do Kevin. ㅡ Rain, o que foi?

Ele fechou a porta numa rapidez extrema, jogou as sacolas no chão e se sentou do meu lado. Suas mãos encontraram com meus ombros e uma sensação de proteção me cobriu.

ㅡ Agora a minha ficha caiu ㅡ Falei, entre soluços, sentindo lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. Kevin me analisou, com uma expressão triste. ㅡ Eu só... só me dei conta agora de que realmente aconteceu.

Kevin suspirou abaixando os ombros, me puxando mais para ele e me abraçando mais.

ㅡ Oh, Amora... ㅡ Ele sussurrou. ㅡ Pode chorar, tá? Prometo que vou ficar aqui com você.

•••

Amor de InvernoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora