Brasão das Trevas

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Anastácio quase foi arrancada de trás de Jack quando o dragão azul-real passou por eles como um raio, fazendo Syla oscilar com a rajada de vento das asas do dragão de Dina.
Seu coração batia aceleradamente contra seu peito e as costas de Jack, no qual brotavam gotinhas de suor da testa.
Garra de Prata os ultrapassou seguido de Bizza, a mulher loira em cima de Bizza com lágrimas nos olhos. De repente Anastácio se perguntou como foi que enxergou as lágrimas àquela velocidade.
Syla virou uma curva no túnel e lá na frente surgiu uma abertura na passagem mágica exibindo luz do dia e verde de árvores no fim da primavera. Anastácio olhou uma última vez para trás, vendo sua vida antiga e seu mundo se distanciarem, talvez para sempre...

Kady estava desesperada, voando atrás de Seth, mas sabendo que não tinha chance nenhuma de alcançá-lo e vendo que Bizza já estava exausta, deixou seu dragão descansar assim que saíram do portal mágico e ela se deixou cair com as quatro patas esticadas na grama fofinha. Era um gramado de mais ou menos duzentos metros de cumprimento ou menos que se estendia depois do portão prateado assim como do outro lado, no mundo mortal. À Frente se estendia uma pequena porção de floresta do lado direito de um rio calmo que corria do norte fazendo uma curva para leste, e do lado esquerdo estava uma vila, com pequenas casas bem modernas entre algumas mais antigas estilo medieval. Depois da vila e da floresta, aproximadamente um km de distância do portal, brilhava o prédio da base dos lendários Cavaleiros de Dragão, duas torres altas em cada estremidade, uma construção alongada de telhado vermelho e grandes janelas de vidro entre elas e grudado estava um prédio de três a quatro andares, com uma ponta curvada no topo.
Kady desceu escorregando pela perna dianteira de Bizza e se deixou cair ao seu lado, encostada com a cabeça em sua barriga. Shilamir... Estava ferido gravemente e só aguentara para traze-la em segurança...? Uma lágrima de preocupação e perca de esperança escorreu por seu rosto quando ela lembrou da visão do ferimento do Cavaleiro.
Kady olhou na direção dos outros dragões que saíram do portal e ouviu as pessoas na vila lá embaixo gritando e aplaudindo para a missão bem sucedida, contemplando os Cavaleiros e Dragões.
Viu o dragão vermelho de Jack parado de asas semi abertas e Jack falando algo com a garota ruiva – Kady não fizera questão de conhecê-la – que estava em pé ao lado de Syla com uma cara preocupada. Syla levantou vôo depois que Jack apontou para Kady e Bizza e a garota ruiva olhou timidamente em sua direção.
Kady primeiro não estava com saco para garotas, mas mudou de ideia e sorriu, encorajando a garota a se aproximar.
Anastácio, meio hesitante, se aproximou do dragão laranja, que não parecia nada amigável, principalmente depois de ter lançado um olhar ameaçador para Anastácio quando estavam ainda no mundo mortal esperando para entrar na passagem mágica.
O Cavaleiro John se aproximou com seu dragão verde, parecia o mais jovem entre eles, mais ou menos 20 anos, e olhou Kady com pena.
   —O que exatamente aconteceu, oncinha?
Kady o olhou com olhos cheios de água tentando parecer brava.
   —Já disse para não me chamar de oncinha, John. Mas... —Ela fungou infeliz. —Por favor, estou preocupada... Bizza está exausta e...
Kady começou a soluçar e o sorriso ousado que sempre estava no rosto de John desapareceu por completo.
—Tudo bem, por favor não chore. Eu vou lá, ok?
De repente Kady lembrou das gêmeas ao lembrar da batalha voraz contra os servos de Saguhr, numa floresta pequena e esquecida do Japão. Ela levantou a cabeça e chamou John de volta, que estava prestes a montar em Keysin.
   —John, onde estão as garotas? As gêmeas...
O Cavaleiro acenou com a mão indicando que ela se acalmasse. Sam saiu da passagem com Pikan, e só nesse momento Kady viu as gêmeas descendo das costas do dragão.

   —Graças aos deuses... —Ela suspirou, enquanto John disparava com Keysin em direção à Base dos Cavaleiros.
Bizza deu um som estranho da garganta e levantou a cabeça abruptamente, suas pupilas viraram fendas minúsculas da espessura de agulhas e sua boca se abriu alguns cm.
   —Bizza, o que...
Kady nem terminou de falar quando uma criatura negra saiu das passagens com olhos flamejantes e uma espada branca como osso na mão cheia de garras.
A criatura saiu do túnel numa velocidade aterrorizante e desviou dos raios de Pikan com incrível agilidade, olhos dourados brilhando no crepúsculo e dentes pequenos e afiados num sorriso de triunfo quando a espada disparou na direção do líder, um golpe certeiro no momento em que ninguém esperava ou estava perto o suficiente para defender suas costas.
Kady viu Anastácio gritar com expressão de desespero no rosto, a mão esticada para frente a fim esconder a cena. Viu uma marca conhecida demais se iluminar vermelha em sua mão, seus olhos antes tão verdes agora estavam cor de vinho quando ela os abriu, uma expressão de dar medo no rosto. Um raio azulado disparou a alguns cm de sua palma na direção da criatura, o que quer que fosse e a atingiu na barriga com toda força.
A criatura caiu fumaçando no chão depois de dar um grito horrível e Sam exclamou:
   —Edward, sele a passagem! Isso foi um dos servos mais perigosos de Saguhr...
Nem mesmo os dragões tiranos acima dos arcos prateados da passagem tiveram tempo de perceber o inimigo, e os Cavaleiros olharam, ainda com a expressão assustada do choque, na direção de Anastácio.
Ela sentia como se um flashback tivesse passado em sua mente e agora doía como nunca. Logo sentiu seu corpo ceder, viu a grama se inclinando quando caiu no chão e tudo ficou escuro.

Kady era a única que havia visto o que realmente aconteceu, o brasão negro na mão de Anastácio e o raio poderoso saído dela. Só uma coisa explicava aquilo: A bênção do sombrio clã dos Deuses do Caos.

Cavaleiros de DragõesOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz