Magos

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    —... Ser impossível. Isso não pode continuar.

A luz do sol batia no rosto de Anastácio quando piscou, sentindo o corpo dolorido. Ouvia vagamente algumas vozes, mas pareciam longe. Entra elas reparou na voz de Zimäh, que parecia falar com outra pessoa:

Eu tentei ajudá-la, mestre, mas sua magia parece ser impossível de ser controlada... Peço perdão, ela foi demais até mesmo pra mim.

Mestre...? Anastácio pensou, ainda meio dormindo, zonza. Zimäh chamando alguém de mestre e pedindo perdão... Algo de errado não está certo...

Anastácio abriu os olhos devagar e se deparou com um lugar desconhecido. Um teto de madeira estava acima dela, com um filtro dos sonhos pendurado acima de sua cabeça, e ao lado direito de sua cama ou seja lá em que estivesse deitada, estava a parede e uma janela grande, por onde entravam os últimos raios de sol.

—Eu te entendo, Zimäh Asehk'. Não peça perdão, você não podia saber do poder de sua Cavaleira. Esta garota... Ela precisa de treinamento adequado... — a voz desconhecida de antes falava obviamente com Zimäh, era grave e meio melódica, suave... Anastácio virou a cabeça de lado para ver melhor, sentindo uma dor latejante cortar sua nuca, mas manteve a posição. Edward estava na porta do que parecia ser a cabana em que se encontrava e Zimäh e os outros estavam do lado de fora. Anastácio não conseguia ver todos, incluindo o homem que seu dragão chamara de mestre. Continuou ouvindo.

—O que insinua com isso? —Edward parecia irritado, perguntando ao desconhecido e este riu, falando no mesmo tom calmo:

—Estou dizendo que seu treinamento, Cavaleiro, não é suficiente para a garota. Ela é uma maga poderosa, mas há algo mais em seu poder, algo muito maior do que os Cavaleiros de Dragões podem lidar. Pode escolher seu melhor mago, o que esta garota precisa está além do que vocês podem oferecer. Se deixá-la com as fadas será a melhor opção...

  —Não vou abrir mão de um membro da corporação, muito menos para alguém como você, velho. Nunca confiaria esta garota a vocês.

Anastácio franziu as sobrancelhas com aquilo, era um lado de Edward que ela nunca tinha visto. Ela ouviu dois rugidos, um deles de Zimäh, e ouviu logo e seguida a voz de Bizza:

Edward, tenho que descordar! A garota precisa de ajuda, ela é uma maga, possivelmente a mais poderosa dos últimos séculos. Ela precisa de ajuda e nossos magos não estão aptos a isso!

  —Calada! Vocês todos conhecem as fadas, parem de defendê-las! Se quiserem ver Anastácio ainda conosco, como querem confiá-la às fadas?!— Edward interrompeu elevando o tom de voz de repente e fez um movimento brusco em direção ao exterior da cabana. Garra de Prata rugiu em concordância e o homem desconhecido falou tenso:

— Que seja, Cavaleiros. Podem não confiar em nós, mas uma hora a própria garota vai vir atrás de nós em busca de poder. Vocês não vão conseguir impedi-la, acreditem.

Anastácio estava assustada com tudo aquilo, desde quando Edward era daquele jeito? O Cavaleiro, até então parado à porta, se virou dando caminho a alguém e pela primeira vez Anastácio pôde ver o dono da voz desconhecida. Era um garoto, nada mais do que um garoto de cabelo verde, do tamanho de uma criança de doze anos, e portava uma enorme espada nas costas, que aparentava ser impossível de ser empunhada. Seus olhos escuros ardiam em chamas verdes e ele a encarou com expressão séria, muito séria para uma criança daquela idade. Um broche prateado em forma de algum brasão decorava seu peito.

  —Você acordou, que bom.—ele se virou para uma escrivaninha num canto da cabana e pegou um frasco de vidro. Nesse gesto, Anastácio percebeu que ele tinha orelhas pontudas debaixo do cabelo liso.— infelizmente não posso ajudá-la.

Um círculo flamejante branco surgiu no chão à sua volta com símbolos e desenhos, e o garoto desapareceu. Um silêncio sufocante se fez na cabana, que fez a garota reparar num detalhe estranho de antes: o garoto flutuava ao entrar na cabana...

  —Anastácio!—A voz jovem e preocupada a despertou de seu transe e ela focou o  olhar. Jack se ajoelhou ao seu lado, seguido de Patrick e as gêmeas que entraram correndo, perguntando se ela havia acordado. Anastácio sorriu  e se sentou trêmula com dificuldade, apoiando-se no braço oferecido por Jack. Logo os outros entraram também, estavam com expressões sérias, tensas. O que estava acontecendo ali?

Anastácio foi distraída pelo rugido feliz de Zimäh na janela, e ele disse:

Que bom que você acordou. Eu estava ficando preocupado...

O que aconteceu aqui? Ela perguntou, mas antes que Zimäh falasse algo, foi interrompido por uma voz mais grave, que Anastácio reconheceu como Mauk, o dragão de Patrick. O dragão raramente falava, e ela se surpreendeu:

Por ora não devíamos falar disso, Anastácio. O importante é que você está bem. O Edward disse que a viajem vai prosseguir logo, assim que você estiver recuperada o suficiente.. Você vai ter tudo explicado daqui a pouco.

Anastácio fez que sim com a cabeça, e olhou para o dragão cinza, ao lado de Zimäh do lado de fora da cabana. Era a primeira vez que o ouvia falar uma frase completa. Olhou para seus amigos ao lado de sua cama, a olhando preocupados, e ela sorriu, dizendo:

    —Tá tudo bem, gente, eu já to me recuperando..

—Aquilo foi muito louco! — disse Kenny de repente, seus olhos brilhavam como de uma criança que ganhou doce. Anastácio a olhou confusa e a gêmea disse:

—Você acabou com geral! Uma hora você ainda tava lá com cara de medo, e daí Buuum! explodiu todo mundo e a gente nem sofreu nada! 

Anastácio riu vacilante e passou a mão no cabelo ruivo desgrenhado, Jack ainda a apoiava com expressão de preocupado, e Patrick a encarava com cara de paisagem como sempre. 

Anastácio olhou de lado pra onde Edward estava parado, perto da porta, conversando com Kady, Shilamir e John e seus dragões, pareciam todos seriamente preocupados. Dina se ocupava com a sela de Seth e Aska lá fora, quando o líder se virou e disse:

    —Temos que continuar viajem. Anastácio, já consegue andar? 

A garota olhou para Jack, que se levantou na mesma hora, estendendo os braços para ajudá-la, e ela foi puxada para ficar de pé. Uma súbita ânsia de vômito a tomou, e ela se apoiou tonta em Jack, que segurou-a pela cintura e olhou para o mestre:

    —Acho que não. Alguém de nós vai ter que levá-la...

—Eu me responsabilizo pela garota. — Kady se aproximou, fazendo Edward e Jack olharem-na confusos. Jack passou Anastácio para a Cavaleira e ela disse no ouvido dela, de modo que só a garota pôde ouvir:

—Está tudo bem, eu cuido de você daqui pra frente, e te explico tudo. Edward só está cansado de magos...

Iou pessoas, como vai a vida?

Taí mais um capítulo né... Espero que gostem, não esquece de dar aquela curtida que ajuda p caramba <3 e até a próxima. 

Cavaleiros de DragõesUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum