Amizade

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Zimäh sentiu a solidão que se tornara sua companheira constante nos últimos cinco anos, se mostrar mais visível do que nunca sob a presença daquela garota, tão bonita e capaz de tocar o coração de qualquer um se mostrasse sua verdadeira face, escondida sob uma capa dura de resistência e força que escondia seus sentimentos e a tornava forte contra a crueldade do mundo. Assim como ele. Nos anos de solidão nas florestas, Zimäh não percebera o quanto estava solitário, até ela lhe mostrar o que estava perdendo nesse tempo, fazendo-o perceber que se sentia muito melhor com companhia.
Seu cabelo ruivo descia a pata de Zimäh como uma cascata de fogo enquanto ela cochilava entre suas pernas dianteiras, as costas levantavam e desciam calmamente contra seu peito prateado.
Na noite anterior ela havia escutado sua história ainda com medo, e ele, sabendo que ela voltaria para a Base dos Cavaleiros assim que pudesse, manipulou sua mente colocando-a em sono entre suas patas.
Zimäh era um dos únicos de sua raça com a habilidade de hipnotizar e manipular a mente de outros seres de mente mais fraca que sua própria.
Naturalmente, ele pensou com satisfação. os Cavaleiros vão ficar preocupados com ela. E a primeira coisa que vão pensar, é que eu fiz algo com ela. Bem... Sorriu internamente com a ideia. E tecnicamente eu fiz, certo...? Hm, vou gostar de brincar um pouco com eles. Ela ao contrário vai se divertir, enquanto pra eles vai parecer outra coisa...

Kady estava desde cedo na enfermaria, observando Shilamir. Sua pele já pálida estava branca como giz, suas costelas enfaixadas e ele respirava pesadamente.
Blaze estava muito mais deprimido que ela, não comia nem bebia nada e não queria saber da presença de pessoas tanto quanto a de dragões.
Kady levantou a cabeça sonolenta quando Edward entrou tarde da noite e disse que ela deveria ir dormir. Quando ela se recusou, a expressão de Edward se endureceu.
   —Isso é uma ordem.
Kady cerrou os dentes e se levantou, soltando os dedos de Shilamir. Ao passar pelo comandante, percebeu que algo o preocupava. Mas não perguntou.
Ah, Shilamir... Por quê... Por quê?
Os médicos da corte haviam chegado aquela manhã, e depois de vários exames concluíram que eram pequenas as chances de sobrevivência dele, por a ferida estar inflamada.
Há tanto tempo que ela queria dizer que o amava, mas não achava coragem. E agora provavelmente nunca mais teria a chance.
Ao passar pelo quarto de Jack, a luz ainda estava acesa, sendo duas horas da manhã.
Kady estranhou e abriu a porta, olhando para dentro do quarto. Uma coisa escura veio voando na direção de Kady e num reflexo ela puxou a faca de caça, lançando-a na direção da possível ameaça.
    —Não! —Jack deu um grito agudo, mas era tarde. Uma pequena explosão surgiu no encontro da arma e do objeto, que ocasionalmente era o celular de Jack. Ele caiu da cadeira e deitou de cara no tapete redondo em volta de sua escrivaninha e Kady olhou assustada para a forma desesperada ali no chão.
   —Jack...?
Jack suspirou em alto e bom tom no tapete. Kady olhou para os restos mortais do celular e imaginou a cena dele sendo lançado contra a porta.
   —Qual o problema?
Jack se levantou e sentou pendurado na cadeira da escrivaninha, se levantou de novo e disse:
   —Anastácio. Ela foi para a floresta sozinha e não voltou até agora. Edward me disse para procurarmos amanhã, mas...
Kady arregalou os olhos. Anastácio havia ido encontrar Zimäh? Sozinha?! Ela já imaginava o pior e saiu do quarto como um furacão. Edward não podia fazer isso. Quando encontrou o comandante, disparou sem pensar:

   —Você é louco?! Como pode deixar a garota ir para a floresta encontrar Zimäh ?! Desacompanhada!!
Edward segurou seu braço com força quando ela ia correr para fora, obviamente ir pegar Bizza e sibilou:
   —O que você queria que eu fizesse Kady? Aquele dragão é perigoso, ia levar a uma batalha se mandássemos um de nós ou a guarda para acompanhar ela e isso seria ainda pior! Você espera que eu vá procurar por ela agora, quando ele pode facilmente nos manipular e matar?
Kady se calou e mordeu o lábio inferior. Ele tinha razão. À noite Zimäh tinha controle fácil sobre qualquer um que ousasse pisar na floresta. Ele a conhecia melhor que qualquer um.
   —Vamos mandar um grupo de busca amanhã. —Falou Edward duro e largou o braço dela.

Um vento calmo e fresco soprava sobre a colina a leste da base, com ótima vista sobre tudo que acontecia dentro dos muros.
O dragão prateado acompanhava cada passo dos Cavaleiros, enquanto sua humana dormia profundamente ao seu lado. Ele a havia trazido para a colina quando o sol começava a nascer e estava ansioso para que ela acordasse.
Anastácio murmurou algo e se mexeu, mas não acordou. Zimäh começava a ficar impaciente e deu um patada, talvez um pouco forte demais, para despertar a garota e ela tossiu com o ar saindo de repente de seus pulmões, arregalou os olhos e se levantou como um raio. Deu um grito ao ver o dragão prateado ao seu lado, lembrando da noite passada e do pânico causado por ele.
Bom dia. Ele disse e então ela pareceu se lembrar de que ele ainda não parecia querer devorá-la.
Ela forçou um sorriso e fez uma reverência dura, obviamente ainda com medo, e ele disse:
Não precisa ser tão educada comigo. Nem precisa ter medo, eu sou seu. Você é minha Cavaleira.
Anastácio não sabia como reagir, mas nem precisou. Foi puxada pela cauda do dragão e apertada contra seu peito, o que seria um abraço se fosse com as mãos (ou patas, mais especificamente).
Ela ficou imóvel, de olhos arregalados (é agora que ele me devora!) surpresa demais pra dizer qualquer coisa, e Zimäh a soltou.
Vamos brincar. Ele disse. De ser caçado por Cavaleiros.
Antes que pudesse reagir, Anastácio foi colocada em cima das costas escamadas de Zimäh e ele se lançou no ar.

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Ah, finalmente o dragão dela.
Espero que vocês estejam gostando, não esqueçam de dar um Like, compartilhar... Valeu ;D

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