Novo lar...

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A base dos Cavaleiros era enorme o suficiente para que Cavaleiros e seus dragões pudessem viver juntos. Os corredores principais eram de altura e largura para um dragão adulto passar caminhando de asas semi abertas, e os aposentos de cada Cavaleiro tinham um espaço do lado do quarto para o dragão.
Como se fosse uma enorme caverna com várias cavernas menores nas paredes, caso o dragão preferisse dormir no alto, e um enorme tapete de pó de serra de eucalipto no chão e alguns restos de folhas e galhos de eucalipto para mastigarem. Não me pergunte por que dragões gostam de eucalipto. Provavelmente se você fosse um dragão também mastigaria eucalipto.
O prédio principal era a única parte que não fora feita para a presença de dragões. Todo com grandes janelas de vidro, continha os quartos de empregados, escritórios de alguns dos Cavaleiros, laboratórios, sala de armas, salões de festa, quartos e salas para recepção da rainha, do príncipe e da princesa, entre outros.
O telhado da construção alongada era reto, e encima de cada quarto havia uma grande área de madeira grossa e forte, por onde os dragões poderiam sair direto do quarto, que era mais apropriado do que os corredores elegantes.
Em volta da base um gramado de aproximadamente setecentos metros se estendia, com duas arenas de combate e uma área de prática de arco e flecha, duzentos metros entre muro e base estavam templos dedicados aos dragões, construídos a menos de cem anos pelos elfos e fadas.
Depois dos muros de pedra estava a estrada principal e logo depois a floresta. Clara e cheia de vida de dia, escura e perigosa à noite. Uma estrada de chão levava para dentro da floresta e depois de algum tempo se dividia em outras que levavam para diferentes direções, para outras cidades e feudos.
Além das estradas, a menos de um km para dentro da floresta seguindo o rio, estava a Cachoeira da Neblina, com seu enorme lago lá embaixo de águas cristalinas como vidro, lar de peixes e pequenas criaturas místicas.
Na clareira da cachoeira e do lago estava uma cabana de madeira grossa, dando um toque aconchegante ao lugar junto a um deque de madeira no lago.

Anastácio acordou num lugar estranho, não se lembrando onde e o que tinha acontecido. Ela se virou na cama pensando.
Ah claro. Estou na casa da Lizzi. Sim, ela tinha tinha me chamado pra passar as férias na Florida na mansão da família dela e mamãe insistiu que eu fosse...
Mas então a porta abriu e entrou um garoto mais ou menos de sua idade, cabelo castanho escuro com uma mecha azul na franja e roupas cinza debaixo de uma estranha meia-armadura. Anastácio deu um suspiro profundo. De volta à realidade.
  —Desculpa te acordar senhorita. —Disse Jack. —Só vim avisar que daqui quinze minutos uma empregada vem te buscar pra uma reunião, ok?

Anastácio assentiu de mau humor e resmungou um "valeu...", mas quando Jack estava prestes a sair, ela se lembrou repentinamente da galinha Carlos.

   —Jack!!

O garoto se virou assustado e a encarou de olhos arregalados quando ela pulou da cama e apareceu diante dele, agarrando pelos ombros:

   —Cadê a minha galinha?!

   —C-calma, senhorita, Carlos sobreviveu à viajem e está aos cuidados de uma empregada. B-bem, podemos falar disso depois..? É que tá meio em cima da hora no momento...

Anastácio suspirou aliviada e soltou os ombros de Jack - que, inclusive era bem magros por baixo da meia armadura leve que ele vestia, ela reparou - e deixou que ele saísse do quarto. 

Depois que a porta fechou, Anastácio olhou mais uma vez em volta, e caminhou até a janela pra ver onde estava. Quando olhou para fora viu que só podia estar na Base dos Cavaleiros, imaginando a paisagem vista dos portais agora de outro ângulo e era a mesma.
Ela se virou e observou seu novo quarto. Ficou pasma com o tamanho do teto e o luxo em geral do aposento, pequenos desenhos entalhados na parede de Cavaleiros e dragões, as enormes janelas de vidro que davam para a paisagem de florestas e vilas cobertas de uma fina camada de geada.
Num canto do quarto estava uma grande escrivaninha com uma poltrona de rodinhas e em cima estavam um caderno e um porta lápis, e um laptop fechado.
Então existe tecnologia aqui apesar de ser meio que uma era medieval... Pensou Anastácio achando graça. Um banheiro era instalado no quarto como uma suíte para alívio de Anastácio e sua cama era de casal com cortinas dos dois lados como cama de princesa.
Ela se sentou na escrivaninha e começou a rodar de um lado para o outro, entediada e ansiosa quanto ao seu dragão. De repente percebeu um baú ao lado de sua cama, ao lado da mesinha de cabeceira. Era grande o suficiente para mandar um rottweiller pelo correio, decorado com antigas escrituras que ela não fazia ideia de onde eram e uma fechadura dourada com detalhes de marfim.
Anastácio foi até lá e passou a mão na tampa sentindo a superfície lisa e fria até sua mão parar num papelzinho e uma coisa pequena e fria colados com fita adesiva no baú.
Uma pequena chave bem pesada com um cordão de couro e um bilhete escrito às pressas:
Essas coisas são pra você, quem quer que irá ser o novo aprendiz de Cavaleiro, pendure a chave no pescoço e não desperdice o conteúdo do baú.
                                        Jack.
Anastácio sorriu e pendurou o cordão no pescoço depois de abrir o baú.
   —Uau... —murmurou fascinada. Dentro do baú estava uma sela grande que só podia ser para seu dragão, com listras prateadas sobre o couro escuro, e uma caixa de papelão cheia de frascos de vidro com líquidos de cores fortes, transparentes, brilhantes ou escuras. Um deles era da mesma cor que sangue e um arrepio percorreu a nuca dela quando leu Sangue de Dragão.

Mais tarde Anastácio descobriu que o quarto das gêmeas era logo ao lado do seu e decidiu visitá-las.
Ela bateu na enorme porta umas quatro vezes e abriu a porta, mas ninguém estava lá. Anastácio observou o quarto, era quase igual ao seu porém tinha quase tudo duas vezes. Duas escrivaninhas, duas poltronas, dois baús e etc.
Na hora que Anastácio ia sair e fechar a porta atrás de si, ela se virou e deu de cara com Jack, soltando um grito se susto. Jack a segurou antes que caísse de bunda no chão e ela se apoiou com as mãos nos joelhos, se recuperando do susto.
—Você me assustou!
Ela praguejou e colocou a mão no peito. Jack sorriu e passou a mão no cabelo dizendo em tom de desculpas:
   —É expressamente proibido visitar os aposentos de outros aprendizes enquanto estes não se encontram.
Anastácio bufou.
   —Não precisa ser tão formal. O que você quer?
   —Bem... Na verdade eu esqueci.

Cavaleiros de DragõesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora