Honra & Sangue

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Jack se agarrou na sela de Syla quando o dragão levantou vôo abruptamente, lançando fogo como um tornado nos inimigos à sua volta, enquanto Mauk e Patrick lutavam às suas costas ao lado do mestre de guerra.
No meio da luta quando Syla havia se afastado um pouco de Yuzai e Patrick, um dos monstros que enfrentavam agarrou o pescoço do dragão e Jack foi puxado com força para o lado quando Syla rugiu de dor, uma lança negra atravessando sua asa esquerda fazendo-a perder o equilíbrio e despencar para o lado, para o meio da batalha entre monstros e homens. Jack pulou para o ar antes de ser esmagado pelo corpo vermelho do dragão quando atingiu o chão, caindo dolorosamente ao seu lado logo em seguida. Ao aterrissar, prendeu o pé esquerdo na armadura do dragão, soltando um grito de dor quando atingiu o chão e sua vista embaçou por alguns momentos pela dor, deixando apenas os guinchos, rugidos e gritos de monstros e homens a ouvir. Desesperado, Jack se arrastou até Syla, que havia se erguido no momento de pânico e dor, e viram Mauk lutando fortemente ao seu lado, afastando os inimigos enquanto se recuperavam.
—Consegue se levantar?!— Patrick gritou das costas de seu dragão, e Jack fez que sim com a cabeça, hesitante. Seu pé latejava e doía como se estivesse deslocado ou quebrado, porém tentou se ajeitar na sela de Syla de modo que pudesse continuar lutando de alguma forma. Quando olhou novamente para Patrick, este apontava para a frente e gritou algo incompreensível, fazendo Jack olhar para a direção apontada preocupado.
Abaixo da batalha dos Cavaleiros e dragões no ar, um grupo de monstros defendia dos soldados alguns homens que armavam uma enorme catapulta, e um dos misteriosos homens de cajado branco estava de pé ao lado, parecendo pôr algum tipo de encanto na pedra gigante que estava preparada na catapulta. O alvo era a batalha no ar entre Cavaleiros e Sam manipulado.

Zimäh avistou a catapulta antes de Anastácio, e deixando seu real objetivo, se lançou naquela direção, já preparando fogo para destruir a arma de guerra antes que fosse acionada. Mas quando chegou a uma distância de menos de cem metros da catapulta, reconheceu tarde demais um dos homens de preto com cajado do exército de Saguhr, e logo em seguida sentiu a magia negra presente no lugar, se chocando numa barreira invisível antes que pudesse evitar. O choque o fez perder o equilíbrio e Anastácio gritou, a espada escorregando de sua mão e desaparecendo entre homens e monstros lá embaixo na batalha. Zimäh bateu as asas furioso, lançando fogo contra a barreira mágica que protegia a catapulta e o homem de cajado, sentindo de repente uma força sobrenatural fluir de seu corpo junto com o jato de fogo que disparou contra a catapulta, e percebeu as mãos de Anastácio em seus ombros. A coluna de fogo atravessou a barreira mágica ruidosamente, tomando um tom esverdeado e atingiu o lado  direita da armação com toda força, no momento em que a enorme pedra foi lançada. O lugar onde estivera explodiu numa coluna de fogo esverdeado e a pedra foi desviada de seu curso, agora mostrando o efeito do encanto negro usado pelo seu dono, se transformando numa pedra de puro poder.
Quando olhou por um pequeno momento para trás, o dragão prateado viu sua Cavaleira com uma expressão triunfante e ao mesmo tempo raivosa no rosto, tirando as mãos de seus ombros e posicionando a escudo à sua frente, quando percebeu a nova horda de inimigos prontos para atacar Zimäh. Ao mesmo tempo que sentiu as mãos de Anastácio saindo de seus ombros, a onda de poder e força que fluíra pelo corpo do dragão cessou, e Zimäh acreditou na possibilidade de que ela havia alcançado um próximo passo de controle de seu poder.

A pedra modificada por magia negra havia se desviado drasticamente de seu curso quando a catapulta foi destruída pelo dragão renegado e sua Cavaleira ruiva, abrindo caminho pela linha de frente e destruindo tudo em seu caminho até parar com uma explosão similar a um acidente nuclear, onde o mestre de guerra Yuzai lutava ao lado dos dois dragões jovens Syla e Mauk.
A explosão sacudiu todo o campo de batalha, chegando até a luta entre a rainha e Saguhr, montados em cavalos de batalha em sua luta árdua. Kassandra recuava cada vez mais à medida que o inimigo golpeava incessantemente, parecendo ganhar mais força a cada golpe. Saguhr riu de prazer, impelindo seu cavalo de encontro ao de sua inimiga e forçando-a a recuar, dizendo acima do barulho da batalha:
—Desista Kassandra! Sua derrota está óbvia, será que a ganância não a deixa vê-la? Um novo mundo será erguido, livre de seu egoísmo e tirania! Renda-se ou morra tentando uma vitória impossível!
Kassandra cerrou os dentes, esporeando seu cavalo de batalha e erguendo a espada para um golpe mortal, a lâmina prateada disparando na direção de seu inimigo, mas uma minúscula brecha em sua defesa foi um erro fatal. Enquanto esporeou seu cavalo e ergueu os braços, um pequeno passo de diferença entre Saguhr e Kassandra possibilitou um único golpe do inimigo que defendeu a investida da rainha e ao mesmo tempo lançou-a para chão.
Kassandra gemeu de dor, o braço direito sangrando preso ao chão com uma pequena adaga de dois gumes, rasgando a carne com pequenos dentes curvados no lado esquerdo da lâmina, e a ponta da espada negra do inimigo em seu pescoço.
—Agora me diga como se sente, Kassandra. —Rosnou Saguhr entre os dentes, o ódio transbordando de seus olhos frios. —Diga que deveria ter se rendido enquanto podia... Aceite a derrota na hora em que ela chega.
—Nunca.— a rainha respondeu,  encarando aqueles olhos frios e castanhos, que um dia lhe foram fiéis e amigáveis.  Mesmo que sua derrota estivesse decidida, o reino ainda não havia perdido, Kassandra confiava nos Cavaleiros e em Luana, nos guerreiros e seus conselheiros e na nova geração de Cavaleiros e Dragões. O Novo Mundo previsto por Saguhr não surgiria tão cedo e tão pouco seria governado por um tirano como ele.
Ouviu o grito desesperado de Luana, os cascos de seu cavalo se aproximando como trovões e o brilho prateado azulado de sua poderosa espada se desvencilhando dos golpes inimigos, as chamas poderosas de sua arma disparando na direção de Saguhr e o dragão de duas cabeças pousar ao seu lado com estrondo. Seu campo de visão embaçou e Kassandra sentiu o sangue quente molhar suas vestes por debaixo da armadura dourada e o brilho negro da lâmina de seu inimigo deslizar pela sua pele, a última coisa que viu foi a expressão furiosa de sua filha, brandindo furiosamente sua espada e lágrimas de tristeza e ódio escorrerem por seu rosto pálido. Afinal, a vingança de Saguhr havia se realizado. 

Cavaleiros de DragõesNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ