Cavaleiros de Dragões

Caçada - parte 2

No momento em que Syla entrou na caverna para o vulcão, Zimäh apareceu logo atrás dando-lhe um tremendo susto, que fez a fêmea dragão soltar um grito agudo e arregalar os olhos de susto, e disparar para cima num reflexo natural.
Syla, não fuja! Exclamou Jack irritado, e Syla fez um som de desculpas pela garganta. Ela pousou na beirada do vulcão, esperando pegar Zimäh de surpresa, mas foi atingida em cheio pelo dragão prateado saindo do enorme buraco com as asas completamente abertas e rugiu desafiador para Cavaleiro e dragão. Deu uma volta em Syla, que fez Jack quase cair da sela com o vento, e voou de volta para a cachoeira depois de cuspir uma pequena bola de fogo para provocá-los.
Anastácio estava se divertindo, ao contrário de Jack, que não aceitava o fato de estar perdendo para ela. Syla seguiu Zimäh sem hesitar quando ele mergulhou em direção à cachoeira, pousando na pedra mais alta. O dragão vermelho pousou mais embaixo, e Zimäh pensou, rindo internamente:
Isso mesmo, abaixo de mim...
Anastácio desmontou e sorriu animada para Jack, que não devolveu o gesto, e disse brincalhona:
   —Nada mal, para um dragão domesticado! —e acrescentou pensativa: —apesar de terem atropelado metade da floresta...
Jack bufou irritado e retrucou:
   —Nada mal para uma garota.
Ela riu e levantou as mãos num gesto de desculpas, falando:
   —Jack, foi só uma brincadeira! Não leva a sério.
Ele olhou para ela, mas não parecia mais tão irritado, parecia mais emburrado quando  disse:
   —É só que... Quando começamos, eu e Syla não éramos nem metade do que você e Zimäh são agora...
Anastácio sorriu amigável; Jack reparou o quanto ela mudou desde que saiu da base: antes gelada, parecia de mau humor o tempo todo e uma personalidade um tanto sarcástica. Agora estava bem mais natural, sorridente e brincalhona. Isso a tornava muito mais bonita... Ela disse:
   —Zimäh e eu...? Bem... Eu fui "treinada" por um dragão selvagem, vocês por mestres e regras. Mas na verdade eu não fiz nada, só me segurei em Zimäh; ele que tem toda essa habilidade que você viu.
Ela olhou para Zimäh sorridente, o dragão ainda estava de asas semi-abertas e seu rabo chicoteava o ar nervosamente.
   —Eh... —Jack deu um passo pra trás e desviou o olhar dos olhos assustadores e hipnotizantes do dragão. Anastácio murmurou algo para o dragão e depois de hesitar, Jack ouviu a voz forte e assustadora dele em sua mente:
Olá filhotes.
Anastácio lhe deu uma cotovelada e ele rosnou:
Oi Jack, não estou feliz em vê-lo. Oi Syla...
   —Zimäh! —sussurrou Anastácio, mas suspirou depois. Não podia culpar ele por não gostar de Jack. Ela deu um sorriso de desculpas para Jack e disse ao seu dragão que podia ir se quisesse. Zimäh abriu as asas e voou lá pra baixo, deitou debaixo das árvores na beira da clareira e ficou observando-os.
   —Ah... E aí? —ela disse e escalou as pedras até chegar em Jack.
   —Você está bem? —ele perguntou de repente. Anastácio se surpreendeu com a pergunta e primeiro ficou encarando-o embaraçada, mas disse enfim:
   —Ah, é, estou ótima... P-por quê pergunta?
   —Ora, eu fiquei... Eh, nós ficamos preocupados... Kady quase enlouqueceu, e...
Ele deu de ombros e olhou para suas botas, constrangido com o olhar dela. Certo... pensou envergonhado. O que eu falo agora...?
   —Ah, v-você vai voltar com a gente... C-certo? Precisa de treinamento... A-assim, —ele abaixou a voz e apontou discretamente para Zimäh. —Ele também tem que...
Eu ouvi isso, filhote.
Jack se encolheu e deu um sorriso vacilante para Zimäh. Mas quando olhou de volta para a garota ruiva, ela não sorria mais, estava séria e olhou para a espada em sua cintura, nada mais do que um enfeite pra quem não sabia manuseá-la.
   —Olha... —ela começou. —...Precisamos de um tempo, sabe... Pra nos acostumar um pouco e se conhecer. Zimäh simplesmente não está preparado para voltar assim de repente para a Base e dizer "voltei, podem me considerar da corporação novamente." E eu quero lhe dar o tempo que precisar para se preparar...
   —Entendo. —disse Jack e se virou para montar em Syla. Anastácio tentou imaginar Zimäh com uma sela, igual Syla. Estranho.
   —Mas você e Syla podiam... Sei lá, ficar aqui com a gente um pouco, não sei... A não ser que você esteja com medo de Edward. Se esse for o caso, não me importo.
Jack a olhou de lado surpreso, mas enfim sorriu e disse:
   —É claro que queremos, certo garota?

Edward estava passeando pelas arenas de treinamento,arco e flecha, combate, equitação, magia, e observava os aprendizes com satisfação.
Olhou para o garoto de Dina, Patrick, e seu  dragão Mauk, de escamas cinzas que tinham um brilho azul-esverdeado como um calango. Todos os dragões sem Cavaleiro eram bem jovens ainda, assim como seus Cavaleiros quando lhes eram destinados pelos deuses. Alguns dragões escolhiam seu Cavaleiro quando ainda estavam no ovo, mas eram muito raras as vezes em que isso acontecia, e nasciam no exato momento em que este estava com o ovo nas mãos ou pelo menos perto.
As gêmeas, por pura coincidência do destino, haviam sido destinadas a Aska, o único dragão de duas cabeças dos Quatro Reinos. Ele tinha escamas negras com linhas azul-neon correndo desde a cabeça até a cauda. Pelo que Edward vira até agora, Jenny se dava melhor em luta com armas do sua irmã gêmea Kenny, que se identificou na magia de combate.
Talvez ela seja uma maga... Pensou Edward. Mas é improvável. Sempre pode mudar, além disso nunca tivemos um Cavaleiro Mago, tirando Ivan.
Já fazia quase duas horas desde que Jack havia partido. Edward começava a se preocupar, mas ainda confiava no aprendiz. Ele tinha criado Jack desde os cinco anos, quando seus pais foram assassinados e pediram para que Edward cuidasse de Jack antes de morrerem, fosse ele um aprendiz de Cavaleiro ou não. Algum tempo depois Syla nasceu, e depois de seis meses foi destinada a Jack.

Kady estava como sempre na enfermaria olhando Shilamir, e Sam estava em seu escritório resolvendo alguns problemas, então John cuidava dos aprendizes sozinho com Dina. Porém ele se dava muito bem com os jovens, zoava muito, mas também ensinava bem e sabia controlar os alunos com humor. 
E Persiana, sua filha, estava ainda inconsciente, o que preocupava muito o líder Cavaleiro. No dia da Busca no mundo mortal, ela havia sido atingida por um encanto estranho de um dos Citras e desde então estava em coma.

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Hey galera, meus queridos leitores e leitoras! Espero que estejam gostando, não esqueçam de dar aquele Like que ajuda pra caramba, e até o próximo capítulo! <3