Cavaleiros de Dragões

Viajem ao palácio

Shilamir observava os aprendizes enquanto andava de um lado ao outro. Os seis estavam postados numa fileira lado a lado, com o uniforme oficial de aprendizes dos Cavaleiros de Dragões, um colete de couro púrpura com o símbolo da corporação bordado no lado direito do peito, calças brancas de linho e botas de couro pretas até o joelho.
   —Vocês sabem como se comportar diante da corte. Não nos decepcionem, é pelo próprio bem de vocês. A Rainha Kassandra não é alguém que tolera erros na etiqueta ou no alto aprendizado que recebem aqui. Se alguém de vocês sequer espirrar na hora errada...
Shilamir parou de falar e ficou parado na frente dos jovens. Estavam pálidos, sem ter coragem de olhar para o Cavaleiro e a enorme acha de duas lâminas em suas costas.
Shilamir suspirou. Kady e Dina estavam postadas atrás dele, com as mãos para trás, e Shilamir disse:
   —Preparem-os para a viajem ao castelo. Partimos em uma hora.

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Enquanto os dragões decolavam, preparados com suprimento e armas para a longa viajem, as tropas de guarda tomavam a estrada a galope - levando também Mei, que não tinha dragão e nem podia ir com alguém por conta da bagagem que cada dragão levava além de seu Cavaleiro, pois não sabiam quanto tempo passariam no castelo - com rumo ao castelo junto com os Cavaleiros de Dragões.

Anastácio ouviu Jack suspirar internamente, e logo sua voz surgiu em sua mente:
Como tenho inveja de Persiana... Ele disse, e Anastácio se virou para trás para olhá-lo. Sua expressão era deprimente, como um cachorro abandonado ele olhava para a frente, onde O dragão negro da garota de cabelo azul voava logo atrás de Garra de Prata com Edward.
Olhe para a frente, Anastácio.  Disse Zimäh. Mesmo que eu saiba o caminho, é importante que você grave a rota em sua cabeça. Uma provável guerra se aproxima, e nunca sabemos o que pode acontecer.
Ela voltou a olhar para frente, mantendo somente contato telepático com Jack, que voava logo atrás.
 Qual o motivo dessa inveja? Vocês são amigos.
Anastácio, olha pra mim. Começamos o aprendizado ao mesmo tempo, eu tenho a mesma idade que ela praticamente! E olha pra ela.. Jack ficou em silêncio, um silêncio que dizia muito, enquanto olhava para Persiana, lá na frente na formação de V em que voavam. ...Uma Cavaleira formada, tão jovem, mas com uma habilidade incomparável. Empunhando com orgulho uma espada que pertenceu a um Cavaleiro de Dragão, eras atrás. Levando a insígnia dos lendários Cavaleiros de Dragões no peito.
Belas palavras. Disse Anastácio, mas o sarcasmo estava quase apalpável. Ela estava irritada, e Jack olhou confuso para seu cabelo ruivo que esvoaçava no vento, preso num rabo de cavalo assim como as outras garotas. O garoto se encolheu com a onda repentina da mente de Anastácio, quando ela disse com raiva:
Deixa de ser idiota, Jack! Você está se deixando levar por esse pensamento inútil, está se comparando a Persiana e se vendo como um nada! E sabe o que é que me irrita? Que desse jeito você vai se tornar um nada. Você deixa a inveja por Persiana te impedir de progredir e se tornar um verdadeiro Cavaleiro, assim como ela! Ela acreditou em sua capacidade de chegar lá, acreditou que era forte o suficiente para ser uma Cavaleira de Dragão e se esforçou para isso. Ela mereceu, Jack, e conseguiu pelo que lutou para conseguir, deixou de lado a delicadeza e feminilidade que todos esperam das mulheres e se tornou uma guerreira digna de seu posto.
Jack ficou calado. Desde quando aquela menina ruiva sabia falar? Suas palavras o atingiram como um balde de água gelada, e ele sentiu a intensidade das palavras perfurando sua mente, até que ela disse um pouco mais calmo:
E você, Jack?
E-eu..?
O que você está fazendo para merecer ser um membro oficial dos Lendários Cavaleiros de Dragões? O que está fazendo para merecer respeito, como Persiana?

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Jenny começava a ficar enjoada de tantas horas em cima do dragão. Florestas e mais florestas passavam abaixo deles, às vezes lagos incrivelmente cristalinos e uma hora passaram por um território élfico, onde os elfos os olharam de cara feia, surpreendendo a garota.   
Mas tirando isso, a sensação de voar nas costas de um dragão em direção ao horizonte, era maravilhosa. A semanas atrás, as gêmeas nunca imaginariam viver essa realidade, abandonar o Japão e ir para um mundo que só conheciam de lendas e livros de fantasia.
Exatamente.. Pensou Jenny. Estamos num mundo de fantasia. Estamos vivendo um conto de fadas... Enquanto nossas famílias provavelmente se desesperam por seus filhos desaparecidos..
Uma lágrima de saudade e desespero surgiu em seu rosto, enquanto se recordava de ter uma família lá no outro mundo... Um irmão mais velho que as amava, e provavelmente tinha voltado para Hokkaido quando soube que as gêmeas estavam desaparecidas. Seus pais, o que teria sido deles? Será que poderiam visitá-los?
Jenny sentiu a mão de Kenny em seu rosto, limpando delicadamente a lágrima em sua bochecha. O rosto da irmã expressava ainda mais tristeza, o sorriso em seu rosto era de saudade e sua mão tremia ao tocar o rosto de sua gêmea.
Não chore, Jenny. É melhor que pensem que estamos desaparecidas.. Imagine suas reações ao saber da verdade? Imagine se souberem que estamos diante de uma guerra em que qualquer um de nós pode morrer?
Jenny sorriu com dificuldade e voltou a olhar para a frente. Sua irmã tinha razão? Talvez sim, talvez não. Mas tinha que seguir em frente, tinha escolhido tomar aquele caminho no momento em que os Cavaleiros lhe tinham dado as opções de ficar no Japão e provavelmente morrer nas mãos do inimigo, ou ir com eles, e poder viver a totalidade de sua vida no mundo em que originalmente nasceu.
De repente Garra de Prata rugiu um aviso na ponta da formação, e as duas ouviram os Cavaleiros empunharem suas armas. Os dragões mudaram de posição, passando a voar em duas fileiras uma acima da outra, protegendo os dragões aprendizes. Uma nuvem negra se aproximava no horizonte e logo ouviam os gritos aterrorizantes do que quer que fosse o inimigo.