Cavaleiros de Dragões

Batalha parte II

Os Cavaleiros e soldados olhavam de longe à batalha enquanto a Princesa feroz aniquilava centenas de monstros em minutos, brandindo sua espada com chamas esverdeadas e disparando com seu cavalo pelas fileiras inimigas.
Mas Edward reparou que suas forças diminuiam a cada golpe, ainda que abrisse enormes buracos no exército de Saguhr, logo ela não teria mais toda aquela força para manter sua arma firme e sua respiração controlada pelo entusiasmo da batalha.
Ninguém sabia algo sobre a nova arma de Luana, nem o que a fazia ter todo aquele poder, mas de uma coisa Edward pôde ter certeza, observando-a usar seus novos poderes na batalha: a arma, do que quer que fosse feita, usava a energia vital de seu dono para evocar sua magia, e apesar de Luana ser uma ótima espadachim, ela não teria energia para sempre para continuar lutando por muito tempo.
Edward, não desvie seus olhos de sua própria luta. A Princesa pode se virar sozinha, ela deve ter consciência do que faz.
Edward se voltou para Garra de Prata, confuso por um momento, ele havia apenas analisado o lado de Luana por não mais que alguns segundos. Garra de Prata deu uma bufada, lançando uma bola de fogo do alto para o centro do exército, fazendo a partir dali uma onda de fogo explodir para os lados. Um espaço se abriu em meio aos monstros e homens e por um momento Edward pôde ver um homem alto e forte apontando a espada para Cavaleiro e Dragão.
Ele está nos desafiando. Garra de Prata fechou as enormes asas e pousou a vários metros do homem, montado numa besta com pelos escuros maior que um cavalo e Edward grunhiu com raiva.
Mate-o. Não temos tempo para um duelo com um traidor qualquer.
Garra de Prata hesitou, olhando para o seu Cavaleiro, mas partiu para o ataque assim que olhou para o rosto de Edward, inexpressivo. Ele tinha razão.

De início a batalha ia bem, os Cavaleiros de Dragões e a cavalaria do exército haviam empurrado o exército de Saguhr para trás com força e aniquilado as primeiras fileiras em pouco tempo enquanto a luta de Kassandra e Saguhr seguia feroz. Mas então as coisas começaram ir de bem para mal e de mal para pior quando surgiram dois homens no exército inimigo que usavam roupas negras sem armadura, com estranhos cajados brancos como osso em mãos, atacando com magia negra sem piedade, ocasionando a morte de um dos cinco magos. Logo em seguida um dos homens de preto foi consumido pela magia negra, descontrolada, mas o ataque repentino havia enfraquecido a guarda de frente de Kassandra, obrigando os soldados a recuarem.
A rainha, após manter Saguhr longe por alguns segundos, lançou um rápido olhar significativo para o líder dos Cavaleiros de Dragões, que acenou e se comunicou imediatamente com os outros. Os cinco dragões deram meia volta, sobrevoando a barulhenta batalha até parar no início do exército dourado, onde várias fileiras de soldados separavam os monstros dos aprendizes e seus dragões.
Edward desceu da sela, acompanhado dos outros Cavaleiros, com suas armas em punho e se juntaram aos soldados e guerreiros na linha de frente, enquanto os dragões levantavam vôo novamente, agora livres para se lançar na batalha sem se preocupar em atrapalhar o Cavaleiro em suas costas. Mesmo que agora sozinhos, a luta dos dragões seguia organizada e calculista, matando tudo que fosse inimigo enquanto o exército dourado e prateado defendia suas costas.
Quando o exército de Kassandra estava lentamente retomando o controle, Saguhr deu um grito de comando para o seu exército, parecendo de repente ter muito mais força do que antes. Kassandra cerrou os dentes com a violenta combinação de golpes que se seguiu, e reparou preocupada no raio poderoso que surgiu atrás do exército das trevas com um trovão estrondoso.
Uma enorme sombra se levantou atrás do campo de batalha rugindo ameaçadora, as enormes asas similares às de morcego se abriram contra o céu escuro e avermelhado e a criatura se ergueu no ar, exibindo então seu cavaleiro: uma silhueta escura e pequena em cima de suas costas, uma lança e um escudo refletindo as luzes do sol avermelhado no horizonte e de encantos lançados de um exército ao outro.
—Não... —a rainha encarou Saguhr incrédula, sua face se transformando numa máscara de fúria. —Você não pode ter feito isso!
Edward, John, Shilamir, Dina e Kady, os soldados e aprendizes, e até alguns inimigos pararam por alguns instantes, até que Edward gritou:
—Sam... Não, NÃO!! SAAM!!
Os dragões rugiram e recuperaram seus Cavaleiros, agora com os olhos faiscando de ódio ao voar na direção do enorme dragão roxo. Pikan os encarou de olhos negros e vazios, escancarou a boca e lançou seus raios azulados contra os companheiros, atingindo Seth e Dina com mais força do que jamais o viram lutar. O dragão azul despencou com um rugido de dor em meio aos monstros e homens inimigos, e Edward deu um grito raivoso, impelindo Garra de Prata contra Sam e Pikan, seguido dos outros Cavaleiros e Dragões.

Anastácio se segurou na sela com uma mão e a espada com a outra quando Zimäh levantou vôo, junto com Aska, Syla e Mauk. Os soldados aliados se separaram para dar passagem aos dragões na linha de frente, com os dragões mais velhos agora enfrentando o Cavaleiro e dragão roxo, aparentemente manipulado por Saguhr para se voltar contra o reino.
Enquanto os Cavaleiros se ocupavam com Sam e Pikan, Yusai, o mestre de guerra, se juntou aos jovens dragões com seu cavalo de batalha negro, gritando sob o barulho da batalha com sua voz retumbante:
—Prestem atenção! As gêmeas e Aska, lutem ao lado da Princesa Luana, usem todas as suas habilidades! Os dois garotos, quero vocês comigo, e Anastácio e Zimäh Asehk'... —Yuzai olhou para o dragão prateado, parecendo comunicar-se rapidamente com o dragão com alguns olhares, e então olhou para Anastácio. —Vocês são os mais fortes aqui, tirando os Cavaleiros de Dragões. Lutem ao lado dos magos e protejam a retaguarda de Kassandra! Se virem uma oportunidade que valha a pena... Não hesitem.
Anastácio engoliu em seco e deu um rápido aceno de cabeça. O guerreiro sorriu e os deixou partir depois de uma leve saudação, ficando para trás com Jack e Patrick, enquanto Aska se juntava a Luana com as gêmeas.