Errar é humano, mas ser humano também é um erro.
Desci enormes escadas em caracol que pareciam não ter fim. Fora os degraus que, de tão largos, me faziam dar dois passos para poder descer o próximo. O ambiente de pouco espaço me sufocava. Não havia janelas e a pouca luz vinha de algumas velas presas nas paredes.
Tudo aqui era extremamente medieval. Por que não existia energia elétrica? Os degraus me deixaram exausta e Brok, apoiado em meu ombro, piorava a situação.
— Por que este lugar é tão escondido? — perguntei sem paciência.
— Proteção. Como eu disse, Srta. Pompoo prioriza nosso bem-estar — respondeu, segurando na outra mão um tipo de bengala que o auxiliava na locomoção. Nossas sombras dançavam entre as paredes com o reflexo das velas que passavam por nós. Ao olhar para o lado, notei um desenho mal feito, de um bicho com dentes afiados e cabeça baixa com os dizeres acima: "O lobo que rasteja nos observa".
— Proteção? — perguntei.
— Acho que chegamos — Brok bateu sua bengala em frente a uma grande porta de ferro, criando ecos acima de nós. Abriu empurrando-a.
Minha atenção foi tomada de imediato ao ver a ala dos dormitórios. Por um momento larguei o braço de Brok e caminhei pelo lugar. Um cômodo pouco acolhedor, mas grande, com camas numeradas e alinhadas quase em perfeita harmonia com o resto do cômodo. Na parede, um relógio grande e alguns quadros pendurados em ambos os lados. O piso era de madeira.
Na cabeceira de cada cama, existia uma máquina com um monitor e diversos botões, semelhantes à de hospitais, repletas de fios. Os lençóis brancos e limpos foram a única coisa em bom estado que vi até agora.
— Essa é minha parte favorita do dia! — exclamou Brok colocando sua bengala em cima de uma das camas e se sentando.
— O que são essas coisas? — me aproximei das máquinas e vi que cada uma possuía um botão vermelho ao lado da tela.
— São drenadores! Colocamos eles aqui, veja — Brok pegou em minha mão e a levou até sua nuca. Reagi com repulsa ao notar um buraco lá.
— Que horror! Não vou deixar que me furem! — disse me afastando e limpando as mãos em minhas vestes.
— Mas você já está, creio eu — apalpei meu pescoço procurando o furo, e o garoto estava certo, havia um exatamente igual o dele.
— Como...?! — perguntei horrorizada, olhando para os lados, tentando encontrar algum espelho para que eu pudesse ver com meus próprios olhos.
— Calma, não sentimos dor! Esse mecanismo foi criado pela Srta. Pompoo. Os drenadores modificam nossos pesadelos e os convertem em sonhos. Qual é o seu maior sonho, Pan?
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I - Onde Vivem Crianças Irrecuperáveis
Gizem / GerilimCondenada a passar parte de sua vida em um orfanato para crianças insanas, Pandora, uma infortunada garota de doze anos foi acusada por assassinar seus pais, mas o que ela não esperava é ter esquecido deste homicídio e tudo antes disso. Agora, par...