ATO 21

7.8K 1.1K 359
                                    




São muitas lembranças boas, mas ao mesmo tempo, são muitas ruins. Se eu tivesse que escolher entre elas, preferia escolher não lembrar nada.

     Estava próximo do comunicado de Rumpel para os resultados da primeira disputa e o anúncio das demais

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Estava próximo do comunicado de Rumpel para os resultados da primeira disputa e o anúncio das demais. Prosseguimos até o pátio principal. Brok encontrava-se junto com Dayse e Patrick. Dante estava distante dali e Petúnia, ainda permanecia na ala hospitalar.

Era difícil tirar os últimos acontecimentos da cabeça e naquele momento eu precisava de mais foco.

— Primeiramente, quero parabenizar ao Patrick por ter encontrado a astuta lebre da Srta. Pompoo. Acredito que foi muito rápido mediante aos desafios passados, muito bom mesmo — Patrick, desdenhoso, acenou com a cabeça — Inclusive, devemos considerar outro destaque.

Olhei para o zelador.

— Merle! Pode vir aqui na frente? — um garoto baixo, negro e familiar se prontificou caminhando até Rumpel — Este, conseguiu o animal mais belo da floresta crepúsculo: Um raríssimo Mico leão dourado! Parabéns rapaz — todos aplaudiram, menos eu.

— Temos o placar feito da seguinte forma até então: Patrick obteve cem pontos e Merle setenta, pela beleza da espécie capturada. Porém... — o zelador silenciou e todos sessaram os murmúrios. O único som naquele pátio, era o "tic tac" do grande relógio na parede e a vitrola, que tocava uma música ambiente — Eu e Pompoo chegamos a uma outra conclusão. Pandora, pode se apresentar aqui, conosco? — pediu, estendendo o braço para me recepcionar — Foi muito corajosa ao trazer uma criatura de risco, viva, para o topo da colina. Por isto a deixamos com noventa pontos — ele sorriu, e deu curtos aplausos. Em seguida, o pátio foi invadido por palmas. Brok e Patrick se destacavam entre elas.

— Muito obrigada, Rumpel — agradeci tremula, mas aliviada.

— As outras posições ficaram: Dante, com seu texugo, Carrie e sua elegante arara azul, e Dayse com seu porco espinho. Esses, ganharam cinquenta pontos. Os demais, desclassificados. O desafio seguinte testará sentimentos afetivos — Rumpel se aproximou do aglomerado e apertou o olhar, analisando todos nós — Até onde iriam para salvarem alguém, cujo amor é imprescindível? Até que ponto chegariam, para se colocarem diante do perigo?

— Eu iria aos confins do mundo, Rumpel — uma voz conhecida emergiu do silencio. Patrick levantara a mão para enfadar sua frase.

— Sim, é claro. Todos temos alguém pelo qual vale a pena lutar. O tema do desafio é este. Para os que restaram na competição, terão a ajuda de seus animais capturados na floresta como fiéis companheiros. Os drenadores separaram através do sonho de cada um dos seis vencedores alguém de extrema importância, e os colocaram em um mundo repleto de perigos constantes. No momento é só. Preparem suas mentes e descansem bem. Daremos início ao desafio amanhã, ao cair da noite. E lembrem-se: A autoconfiança beira o fracasso, portanto, cuidado — concluiu, dando duas palmadas no ar. O tumulto de crianças se desmanchara aos poucos. Retomando suas rotinas.

Dayse, a bailarina, trocara o disco da vitrola dando início a uma bela sinfonia de Mozart, enquanto Brok caminhava para o refeitório. Patrick e os demais Freaks desapareceram de vista.

— Vamos ver Petúnia, Pan? — disse Dante aparecendo ao meu lado, apreensivo.

— Era exatamente o que eu ia fazer.

Juntos, subimos para o segundo andar, atravessamos o vasto corredor de salas, e ao fim chegamos na ala hospitalar.

— Mas... Cadê ela? — perguntou ao notar sua cama vazia, com lençóis dobrados e esticados.

— Já teve alta, meu querido — interveio a enfermeira Spencer, sentada em uma das camas, lendo um livro — Petúnia saiu daqui às pressas, inclusive. A sorte dela é que já estava recuperada.

— As pressas...? — questionei, franzindo a testa.

— Sim, isso foi a dez minutos atrás — afirmou fechando o livro.

— Muito obrigada e desculpe interrompê-la — respondi saindo da sala — Dante, melhor ficarmos distantes. Petúnia não pode suspeitar que temos muito contato.

— Tudo bem. Melhor assim. Até mais — Dante acelerou os passos e entrou na sala de quadros, enquanto segui em frente à procura de Petúnia. Foi quando escutei barulhos vindos ao lado, na sala de utensílios.

Entrei.

Caminhei com cautela entre a grande sala, passando pelas enormes pilhas de tralhas e avistei alguém lá no fundo, com grandes cabelos loiros e um vestido lilás.

— Nem avisou que já estava bem — arrisquei.

— Olá, Pancada — dizia ela pegando suas maquiagens espalhadas no chão e as jogando de volta no saco velho.

— Vim agradecer pela ajuda lá na floresta crepúsculo, foi muito útil aquela lança e...

— Não agradeça — interrompeu, virando-se para mim — Temos uma dívida agora.

— O que?

— Uma imensa dívida... — Petúnia se aproximou e com um gesto imprevisto, agarrou em meu pescoço e me empurrou para a parede mais próxima — O que achou quando me viu rasgar a garganta de minha mãe? É ótimo invadir o sonho dos outros, não?

 — Petúnia se aproximou e com um gesto imprevisto, agarrou em meu pescoço e me empurrou para a parede mais próxima — O que achou quando me viu rasgar a garganta de minha mãe? É ótimo invadir o sonho dos outros, não?

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now