ATO 19

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Que venham de qualquer submundo! Que venham de qualquer canto do universo, mas que venham nos mostrar que o amor não está acima de tudo.

Que venham de qualquer submundo! Que venham de qualquer canto do universo, mas que venham nos mostrar que o amor não está acima de tudo

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As vestes de Rumpel esvoaçava em seu corpo, ao topo da colina. O céu continuava cinza, sem nuvens. Minha coluna latejava e meus braços já estavam dormentes, quando por fim, chegamos ao topo com o tigre inconsciente. Quando os demais viram o que tinha trazido, demonstraram surpresa e não desgrudavam os olhos do que viam.

— Um Tigre-Guaxinim — afirmou Rumpel, me olhando por cima, com seriedade — Este é o animal belo que trouxera para a diretora?

— Não é belo, mas é grande, ameaçador. Poderia protegê-la, sendo mais útil do que sendo bonito — retruquei.

— Você acha que Pompoo iria gostar?

— Sim, eu acho.

— Pois bem. E você, Dayse? O que traz aí? — Rumpel se virou para a garota, cuja face estava suja, suada, assim como a minha.

— Um Porco espinho, Rumpel. Ele é raro nesta floresta. Seus espinhos possuem um veneno letal, que imobiliza sua presa e a mata segundos depois.

— E Pompoo acharia isto útil exatamente para que? — Perguntou Rumpel ainda mais intrigado.

— Não sei, mas é bonito — todos riram. Patrick, no entanto, estava sério e silencioso.

Rumpel foi em direção aos nossos animais e analisou os corpos, averiguando seus batimentos cardíacos.

— Todos estão vivos — informou ao analisar o último deles — Terminamos nosso primeiro desafio. Os resultados sairão no dia seguinte, ao meio dia no pátio principal. Assim, daremos continuidade às demais disputas — Terminou o zelador.

O céu ficara branco e uma luz invadira todo o lugar. Não consegui ver mais nada a não ser meu corpo que flutuava lentamente para cima. Fui sugada de dentro para fora, contorcendo-me e girando até abrir os olhos e me deparar com o teto velho do dormitório feminino.

Permaneci parada na cama por um momento, respirei rapidamente até notar que eu estava de volta a realidade. Meu corpo estava cansado, mas sem ferimentos, nem sujeira. Olhei para o lado, a cama de Petúnia encontrava-se vazia. Ainda estava na ala hospitalar. Minha cabeça doía, pulsava como se fosse estourar.

— Ótima disputa, essa — dizia Dayse vindo em minha direção — Você com certeza surpreendeu Rumpel, mas claro, ele não deixou transparecer.

— Não acho que ficou surpreso. Senti uma certa ironia em suas perguntas — respondi colocando meus sapatos e saindo da cama rumo a ala dos meninos para averiguar se Brok estava bem. Chegando lá, o vi deitado, com os fios desconectados de sua nuca.

— Ei amigo, como está se sentindo? — sentei em sua cama, e apoiei meu braço em sua perna fina e gélida.

— Bem. Bem péssimo.

— Não ligue para isso. Vou ganhar pela gente.

— E se não ganhar? Como vamos pegar aquele maldito mapa? — questionou franzindo a testa. Não parecia disposto a se levantar

— Daremos um jeito, não se preocupe. Agora precisamos comer. Me sinto muito fraca.

— Eu... vou ficar aqui por enquanto. Estou sem fome — concluiu virando-se de costas para mim. Brok estava muito frustrado com sua derrota. Não poderia mais participar das outras disputas.

Subi as cansativas escadas para a superfície, seguindo para o refeitório. O pátio principal estava mais claro que o normal devido a claridade que passava pelas tabuas pregadas.

Já era manhã. A disputa durara a noite toda.

Todos já estavam na fila da refeição. Dalva, a merendeira, servia as crianças com uma expressão pior do que a nossa. Pegava um pedaço de frango e jogava no prato delas, junto com a gosmenta sopa de ervilhas.

— Pan! Junte-se a nós — acenou Patrick na última mesa das três que ficavam no centro.

— Com licença — disse a eles após me sentar — Parabéns pela vitória hoje.

— É tudo por uma boa causa, Pan — O garoto pegou em minhas mãos como da primeira vez que nos vimos e me encarou com seus fascinantes olhos verdes — Me sinto corajoso e motivado.

— Não era antes?

— Não. Quando perdi Lola, a dei como morta. Não tive esperanças de encontrá-la. Ninguém colaborava. Ninguém falava nada! Mas você apareceu, e vi o quão errado estava. Se interessou pelo caso dela e acendeu essa esperança em mim de novo. Aqui não temos muitos motivos para ter coragem. Não gostamos de nos arriscar. Apenas aceitamos nossos destinos. Tememos a diretora. Mas você é diferente. Quando pegou aquele tigre-guaxinim e o trouxe para o fim da disputa, vi que enquanto nos falta coragem, em você sobra. Capturar uma lebre nem se compara com o que você fez.

— Obrigada... — agradeci desconcertada, desviando o olhar para qualquer outro lugar.

— É sério. Você não trouxe esperança só para mim, mas para todos em sua volta — e levantou minha mão esquerda, beijando-a.

Meu coração palpitou, o sangue esquentou em minhas veias. Eu não tinha nenhum espelho próximo, mas tinha certeza que meu rosto estava mais vermelho que um tomate.

Sem o que dizer, me levantei e fui encarar Dalva para pegar a sopa de ervilhas, que não estava tão ruim como de costume.

Terminei a refeição e segui para fora do refeitório, rumo ao segundo andar para visitar Petúnia na ala hospitalar. Foi quando avistei Dante no corredor, perto da sala de quadros.

— Acho que estou te devendo algumas explicações, não? — o garoto acenou com a cabeça para segui-lo até a sala de utensílios.

Perdi o foco e o segui sem respondê-lo. Fiquei apreensiva.

Cheguei aos tropeços no local do incidente.

O sangue espalhado por perto já estava coagulado. As coisas de Petúnia continuavam jogadas junto ao resto das tralhas. Dante pegou o saco e o agitou para baixo. Um objeto redondo saiu rolando em minha direção. Aproximando, vi nitidamente o que era.

A cabeça de uma mulher decapitada e empalhada, com olhos e boca costurados, parada em minha frente.

     A cabeça de uma mulher decapitada e empalhada, com olhos e boca costurados, parada em minha frente

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