ATO 27

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Teste todos os limites do ser humano. Pois o ser humano continua muito limitado.

     Não dormimos ao voltarmos para os dormitórios

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Não dormimos ao voltarmos para os dormitórios. Nos reunimos na ala feminina e sentamos em seu chão frio. Infelizmente não existiam janelas para poder apreciar a noite lá fora.

— Como existe uma animal daqueles nessas instalações? Como Pompoo permite algo assim?

— Pan, a Srta. Pompoo não aparece nos pátios. Já lhe disse que ela permanece em seu escritório o tempo todo. Se tem alguém que poderia nos tirar essas dúvidas seria Rumpel, já que é o guardião de tudo aqui.

— Não Brok, se Rumpel fosse mesmo guardião de alguma coisa, provavelmente Lola não teria o fim que teve e esse lobo nem se quer existiria.

— É o que vivo falando — disse Petúnia, gesticulando as mãos — Não sou alienada. Sei que estamos sendo tachados de otários e que tem coisa estranha neste lugar, sei disso.

— A Srta. Pompoo nos ama, como ousa dizer que ela nos faz de idiotas? Além do mais, acho que já quebramos regras o suficiente por hoje, eu vou para o meu dormitório.

— Viu Pancada? Brok é um fantoche, e sempre vai ser.

O garoto se levantou e deu uma última olhada para onde estávamos.

— O fantoche, salvou sua vida.

Encerramos a reunião e voltamos para nossas camas. Brok seguiu em silencio até sua cama, de passos rápidos, com sua bengala apalpando o chão — Aprenda uma coisa, Petúnia. Um dia, você ainda vai precisar desse menino, e ele de você. Não sei quando, mas vai, e irão se arrepender de se odiarem tanto.

— Gosta mesmo dele, não é? — interrompeu ela.

— Esse assunto de novo não. Vamos parar por aqui — deitei em minha cama virando de costas para Petúnia.

Também aderimos o silencio.

Voltei a atenção para as máquinas.

Preparada para a conexão, peguei o fio e pluguei em minha nuca. Apertei o botão vermelho e apaguei no mesmo segundo. Fui abduzida por dentro. Uma sensação passageira. Já estava me acostumando com essas viagens dimensionais pela mente. E então o cenário se formou.

Era minha casa.

Mas muito ao contrário da última vez que a visitei. Não tinha sangue, nem tempestade, muito menos conflitos físicos, apenas meu quarto, com minhas bonecas em um canto, arrumado e bem iluminado.

O sol esquentava a grama no quintal, intensificando as cores das rosas que mamãe cultivava em um canto. Escutei latidos vindo do corredor.

— Luna! Sua sapeca, já está fazendo bagunça novamente! — a cachorra passava pelo quarto aos pulos, suplicando carinho e dizendo o quanto estava feliz por me ter ali. Que animal adorável. Como eu a amava.

I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now