ATO 34

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Viajamos entre as vastas dimensões que formam nossa mente, e lá, apenas lá, encontramos conforto.

     O espaço que me engolira, era tingido de cores intensas, como roxo e tons azulados que destacavam as constelações

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     O espaço que me engolira, era tingido de cores intensas, como roxo e tons azulados que destacavam as constelações. O planeta terra ficava de uma forma bonita lá embaixo, ao lado da lua.

     Fiquei encantada com o novo cenário.

     A vantagem dessa troca repentina é que a tensão passada também se fora. Me sentia mais leve. Vários caminhos de luz se formavam em minha frente.

     Segui um.

     Pareciam elaborados pelas constelações. Vários deles surgiram acima. Em todas as direções. Avistei Patrick, em uma posição elevada donde estava.

     Andava de ponta cabeça em um dos caminhos. Parecia normal, apenas ansioso. Sua lebre não estava mais com ele.

     Um pouco à frente, vi Dante com seu texugo no ombro. Ele andava na vertical. Nenhum dos dois notara minha presença. Por alguma razão não conseguiam me ver.

     Logo desapareceram de vista, entrando em portais brancos que pairavam no fim de cada caminho. Um dos portais se abriu em minha direção também. As vezes passava uma estrela cadente a poucos metros de distância.

     Entrei no portal e fui parar mais acima, perto da invertida Londres. O tigre guaxinim mostrara cansaço. Resolvi não subir em cima dele por hora, até que se recuperasse.

     — Quem diria. Você tentou me matar um dia desses e agora está aqui, me ajudando melhor que qualquer um — disse a ele sorrindo, como se pudesse entender o que dizia. Olhando para baixo, percebi que estávamos de ponta cabeça, ou melhor, na mesma posição que Londres.

     A sensação era como se caminhássemos pelos ares, perto dos prédios, por um trajeto transparente feito por luzes amareladas. Via-se as ruas com mais nitidez daquela altura, mas não havia ninguém por lá.

     Passei por cima do Westminster, e um pouco à frente pelo Big Ben. A cor do rio Tamisa não estava amarronzado como de costume, possuía um azul vivo, limpo, com alguns barcos parados.

     Conforme caminhava mais outro portal se formara.

     — Está melhor, grandão? — perguntei ao tigre, que aparentava disposição — Então vamos lá — corremos para o portal até alcançá-lo. Senti minha barriga formigar quando entramos, pois ele nos levara para um novo ambiente.

     E lá estava eu, novamente observando uma outra Pan. Ela estava parada em frente ao imenso Insanity Asylum. Os belos jardins que estavam em volta, deixavam o lugar menos fúnebre. Era como se estivesse entrado em uma fenda temporal no passado.

     — Boa estadia! — gritava um homem dentro de um carro, se distanciando do local. Era o mesmo motorista da última vez. A garota segurava uma mala enorme, parada, prestes a desmaiar.

     Quando deitou no gramado, olhava o orfanato enquanto os portões principais se abriam e Srta. Pompoo surgira, descendo a escadaria em sua direção. Rumpel logo atrás.

     — Leve-a para dentro — ordenou para o zelador. Ele carregou minha segunda versão nos braços.

     Segui ambos. 

     Naquela altura, Pan estava desmaiada pela fraqueza no corpo. Entrei nas instalações junto com eles. O tigre ficara do lado de fora. A sala de recepção era incrivelmente bonita, mas não muito grande. O lugar tinha pouco de largura, mas muito de altura, formando um cômodo retangular.

     Um balcão envernizado, escuro, ficava no canto decorado por duas luminárias brancas, uma em cada ponta e alguns papeis espalhados. No outro canto, um sofá preto de couro com três lugares ao lado de uma estante de livros. Em frente, ficava uma mesinha de madeira, com revistas em cima.

     As paredes possuíam quadros. O mais chamativo era o maior deles, com dois rapazes robustos, de expressões serias pincelados.

     Ficava em destaque em cima da parede de entrada.

     Pompoo abriu a porta em sua frente, entrando no corredor de quadros e virando para a esquerda, onde ficava seu escritório. Os dois permaneciam em silencio. Ao entrar na sala, a diretora seguiu em direção da lareira, onde estava pendurado acima, o quadro de um senhor, que me era familiar. A mulher ficou parada por um momento sobre o quadro, retirou o brinco de lua minguante de sua orelha esquerda e o encaixou em algum lugar dali que não pude ver. O quadro, junto com toda a parede, começara a se mover para trás.

     Rumpel segurava o corpo da segunda Pan, firmemente.

     Quando a passagem se abriu, eles entraram. Pompoo ligou um interruptor que fez surgir uma forte luz, revelando ali, uma cama com pernas grandes de metal na altura de sua cintura. A frente, máquinas fincadas nas paredes e um armário escuro ao lado delas. Em geral, um lugar pequeno e sufocante.

     — Coloque-a aqui e faça a marcação. Vou preparar a anestesia — ordenou abrindo o velho armário e pegando um pote com pílulas cinzas, junto de uma seringa envolto em um plástico. Rumpel colocou o corpo da garota de barriga para baixo, afastou seus cabelos do pescoço e colocou o polegar em sua nuca, contornando-o de forma circular com um canetão azul.

     Pompoo puxou um cumprido fio transparente, que em sua ponta tinha uma base redonda com cinco agulhas grossas em volta. Pegou a seringa e a espetou em um dos comprimidos cinzas. Um líquido saía conforme fora sugado.

     Depois aplicou a seringa no fio da máquina, despejando o líquido lá. A substância acinzentada mudara de cor para um tom mais escuro. Pompoo se aproximou do corpo imóvel da segunda Pan e a perfurou na nuca com o acessório afiado.

     Seu pescoço fora perfurado profundamente enquanto o líquido esvaziava-se. Virei o rosto para o lado, agoniada.

     Um portal se abriu atrás de mim segundos depois.

     Entrei imediatamente. 

 

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora