Eu preferia me olhar através de espelhos despedaçados o resto da vida, do que despedaçar meu coração uma única vez.
PETÚNIA
Petúnia soluçava.
— P-pare de brincar comigo... — Susurrou Brok. O mesmo se abaixou e com suas mãos puxou as vestes de Petúnia para frente, deixando seu rosto perto do dele — Pare de brincar comigo e fale a verdade!
— SAIA DE PERTO DE MIM! — Gritou ela empurrando-o — SEU AMOR ESTAVA ENTERRADO DE BAIXO DA SUA CAMA! SEU ASSASSINO DESGRAÇADO! VOCÊ MATOU A MINHA AMIGA! MATOU ELA E NOS ENGANOU ESSE TEMPO TODO!
Não consegui dizer nada a eles, a dor que sentiam deveria ser massacrante. Sem receio, ele passou a mão no rosto do defunto e alisou seus cabelos suavemente. Em seguida deslizou os dedos para seus lábios e por fim permaneceu quieto. Lágrimas saíram de seus vagos olhos esbranquiçados, caindo no rosto do cadáver.
— É ela... — disse Brok — Minha querida Lola... — As gotas pingavam no chão emadeirado, marcando-o. O rapaz deitara ao lado do corpo da menina e chorava em silencio.
Sofriam em silencio.
Eu permaneci ali, sem reação. De uma coisa eu tinha certeza: Brok não era o assassino de Lola, mesmo que tudo o indicava culpado. Tomei uma atitude indo até Petúnia, pegando sua mão e levantando-a.
— Venha cá — Lhe dei um forte abraço em um desesperado consolo.
— Ela era tudo o que eu tinha aqui... tudo o que ainda me fazia sentido, Pan... — continuava aos prantos, gaguejando algumas palavras antes de terminar a frase — ...tudo o que me restara fora tirado brutalmente de mim... tudo.
— Não tínhamos certeza de que ela estava viva, Petúnia. Nunca tivemos. Deveríamos estar preparados para o pior, sempre.
— Mas eu tinha esperanças... eu ainda sonhava em ter minha amiga de volta, todas as noites. EU VOU MATAR ESSE MOLEQUE! — Petúnia me empurrou para trás e correu em direção a Brok.
—PETÚNIA! NÃO! — Gritei a ela. Mas era tarde. A garota subiu em cima dele — Você vai pagar! — e o golpeou com tapas no rosto. Brok não reagiu, continuou inerte, pálido, com o rosto brilhoso por tantas lágrimas.
— Petúnia, solta ele! — Ordenei, mas ela não me dava ouvidos.
— ELE TEM QUE MORRER JUNTO! VAI MORRER! — Brok encarava Petúnia sem falar nada. Os tapas ecoavam pelo dormitório, deixando marcas na face do garoto. Ele virava o rosto grosseiramente devido ao impacto dos golpes, para lá e para cá.
— JÁ CHEGA! — A empurrei de cima dele, fazendo-a rolar para o lado.
— Deixe, Pan... eu mereço. Foi tudo minha... culpa... — Afirmou.
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I - Onde Vivem Crianças Irrecuperáveis
Mystery / ThrillerCondenada a passar parte de sua vida em um orfanato para crianças insanas, Pandora, uma infortunada garota de doze anos foi acusada por assassinar seus pais, mas o que ela não esperava é ter esquecido deste homicídio e tudo antes disso. Agora, par...