ATO 39

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Eu preferia me olhar através de espelhos despedaçados o resto da vida, do que despedaçar meu coração uma única vez.

PETÚNIA

    Petúnia soluçava

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    Petúnia soluçava.

     — P-pare de brincar comigo... — Susurrou Brok. O mesmo se abaixou e com suas mãos puxou as vestes de Petúnia para frente, deixando seu rosto perto do dele — Pare de brincar comigo e fale a verdade!

     — SAIA DE PERTO DE MIM! — Gritou ela empurrando-o — SEU AMOR ESTAVA ENTERRADO DE BAIXO DA SUA CAMA! SEU ASSASSINO DESGRAÇADO! VOCÊ MATOU A MINHA AMIGA! MATOU ELA E NOS ENGANOU ESSE TEMPO TODO!

     Não consegui dizer nada a eles, a dor que sentiam deveria ser massacrante. Sem receio, ele passou a mão no rosto do defunto e alisou seus cabelos suavemente. Em seguida deslizou os dedos para seus lábios e por fim permaneceu quieto. Lágrimas saíram de seus vagos olhos esbranquiçados, caindo no rosto do cadáver.

     — É ela... — disse Brok — Minha querida Lola... — As gotas pingavam no chão emadeirado, marcando-o. O rapaz deitara ao lado do corpo da menina e chorava em silencio.

     Sofriam em silencio.

     Eu permaneci ali, sem reação. De uma coisa eu tinha certeza: Brok não era o assassino de Lola, mesmo que tudo o indicava culpado. Tomei uma atitude indo até Petúnia, pegando sua mão e levantando-a.

     — Venha cá — Lhe dei um forte abraço em um desesperado consolo.

    — Ela era tudo o que eu tinha aqui... tudo o que ainda me fazia sentido, Pan... — continuava aos prantos, gaguejando algumas palavras antes de terminar a frase — ...tudo o que me restara fora tirado brutalmente de mim... tudo.

     — Não tínhamos certeza de que ela estava viva, Petúnia. Nunca tivemos. Deveríamos estar preparados para o pior, sempre.

     — Mas eu tinha esperanças... eu ainda sonhava em ter minha amiga de volta, todas as noites. EU VOU MATAR ESSE MOLEQUE! — Petúnia me empurrou para trás e correu em direção a Brok.

     —PETÚNIA! NÃO! — Gritei a ela. Mas era tarde. A garota subiu em cima dele — Você vai pagar! — e o golpeou com tapas no rosto. Brok não reagiu, continuou inerte, pálido, com o rosto brilhoso por tantas lágrimas.

     — Petúnia, solta ele! — Ordenei, mas ela não me dava ouvidos.

     — ELE TEM QUE MORRER JUNTO! VAI MORRER! — Brok encarava Petúnia sem falar nada. Os tapas ecoavam pelo dormitório, deixando marcas na face do garoto. Ele virava o rosto grosseiramente devido ao impacto dos golpes, para lá e para cá.

     — JÁ CHEGA! — A empurrei de cima dele, fazendo-a rolar para o lado.

     — Deixe, Pan... eu mereço. Foi tudo minha... culpa... — Afirmou.

I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora