ATO 8

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Alienada são aquelas que sabem de mais, por pensarem que sabem demais, as que pouco sabem sobre a vida, são as mais felizes.

Alienada são aquelas que sabem de mais, por pensarem que sabem demais, as que pouco sabem sobre a vida, são as mais felizes

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      — Como se sentiu?

— Quando Pompoo me golpeou? Devastada. Não só pelo tapa, mas por não ter acreditado e nem ao menos escutado minha história. Ela só queria a maldita paz que exalava de seu maldito orfanato.

— É complicado lidar com humilhações. É mais fácil esquecê-las. A relação que tem com esta mulher é muito intrigante. Aliás, eu sinto muito pela tragédia de sua família, talvez eu tenha que cortar algumas partes quando for montar o livro.

— Doutor, você acredita em minha inocência? — nos encaramos.

Aquilo durou alguns minutos até ele voltar a falar.

— Sim, eu tenho certeza que você não matou seus pais.

— Certeza?

— Certeza. Te darei algumas lições de casa ao término dessa consulta. Isso vai te ajudar em alguns dilemas.

      A bailarina deslizava seu corpo entre o pátio principal, fazendo as velas dançarem ao vento ao som de Beethoven – Silence

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      A bailarina deslizava seu corpo entre o pátio principal, fazendo as velas dançarem ao vento ao som de Beethoven – Silence. Suas sapatilhas eram amarelas, com estampas de corações. Dayse dançava de olhos fechados, guiadas pelo som da vitrola.

     — Sinto suas vibrações. Dayse é muito boa. — concluiu Brok, em sua velha cadeira gasta. Ele puxou seu violino da caixa onde estava guardado, passou o arco pelas cordas e tocou em sincronia com a vitrola. Todos conectados pela música como mágica. Era bonito de se ver.

     — Vá ao piano e junte-se a nós, Pan! — exclamou Dayse, dando mais um salto no ar, rodopiando três vezes seguidas na ponta dos pés, com as mãos para cima.

     — Tudo bem — e fui. Tocar me fazia esquecer das coisas e relaxar. Puxei o lençol que o cobria, sentei no banquinho de couro velho e segui o ritmo de ambos.

     Ao redor, as outras crianças escutaram as melodias. Enquanto Rumpel, o zelador, limpava a porta de mogno do pátio. Petúnia repousava de frente para sua penteadeira de espelhos quebrados, enquanto Dante a penteava. Os Freaks, como eram chamados, cochichavam em um canto e a merendeira nos espiava, esticando seu pescoço para fora do refeitório.

     Espero que Srta. Pompoo esteja escutando de seu escritório esta pequena orquestra, que transmitia paz e esperança, talvez. Também espero que um dia ela possa falar comigo e escutar minha versão da história.

     Vejo sofrimentos reprimidos. Ninguém ali estava mais feliz. As expressões melancólicas retornaram. Que impacto aqueles drenadores causavam em nós? O que os outros sonham? Lá fora era tão mais terrível do que este lugar sombrio?

     Onde estaria Luna neste momento?

     Provavelmente sozinha, sem comida e sem carinho. Seus pelos ainda deviam estar marcados de sangue. Se estivesse comigo, as coisas ficariam menos ruins. Aquela cachorra é um pedaço de mim.

     Que sonho seria...

     Que sonho. Um sonho...

     Sim! Isso! O meu sonho mais profundo!

     Quando abri os olhos Patrick estava parado em minha frente, parei de tocar no mesmo instante. Ele chorava.

     — Você me lembra ela. Parecia um anjo quando sentava neste banco e começava a tocar.

     — Ela quem?

     — Lola, a garota desaparecida. Vamos encontrá-la, tenho certeza que vamos. Há muito que explorar ainda. Este lugar é maior do que aparenta.

     — Ela é a garota que escapou dos drenadores e foi para a superfície a noite? — questionei. Dayse e Brok pararam de tocar e dançar para prestarem atenção na conversa.

     — Os boatos dizem, mas não consigo imaginar ela fugindo deles. Quem fugiria de algo que traz felicidade? Não tem lógica subir para o pátio quando não se tem ninguém por lá. Apenas... escuridão — suas lágrimas eram de profundo lamento.

     — Não tive uma experiência boa com os drenadores também. Isso é algo que deve ter lógica, sim. Talvez tenha acontecido o mesmo com essa garota. Você a conhecia bem? — perguntei.

     — Ela é minha irmã.

     — Quem contou para você que ela fugiu dos drenadores? O abutre cego? — interrompeu Petúnia, mexendo nos cabelos loiros e andando em nossa direção — Espero que ele tenha contado a história toda.

     — Petúnia! Cale essa boca... — murmurou Brok.

     — Ele por acaso contou a você quem foi o culpado por tê-la deixado sair, Pancada? Contou o que Lola queria fazer na superfície?

     Brok se levantou da cadeira e novamente se retirou do pátio.

     — O que ele sabe?! — exclamou Patrick, já ofegante — O que esse cego sabe da minha irmã?!

     — Chega! — Rumpel apareceu e silenciou todos com sua voz grave e autoritária — Se Pompoo aparecer mais uma vez aqui por falta de disciplina, não queiram imaginar as consequências. Vamos, se dispersem! Esse assunto está proibido a partir de agora! Independentemente de quem foi o culpado, Lola infringiu uma regra crucial e arcou com as consequências disto — terminou ele, saindo do Pátio.

 Vamos, se dispersem! Esse assunto está proibido a partir de agora! Independentemente de quem foi o culpado, Lola infringiu uma regra crucial e arcou com as consequências disto — terminou ele, saindo do Pátio

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