ATO 13

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Do rico ao mais pobre, do feio ao mais bonito. Não importa, no fim estaremos todos de baixo da terra.

     Petúnia encontrava-se sozinha no pátio principal, onde sua penteadeira de espelhos quebrados e maquiagens jogadas estava

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Petúnia encontrava-se sozinha no pátio principal, onde sua penteadeira de espelhos quebrados e maquiagens jogadas estava. Ela segurava um saco grande e colocava os acessórios ali. Depois parou em frente aos espelhos e penteou seus cabelos.

— Vai ficar aí me observando? — disse ela, olhando-me pelos reflexos.

— O que está fazendo? — perguntei, esticando o pescoço para visualizar melhor as coisas que tinham no saco.

— Arrumando minhas coisas. Não tenho mais o direito de ter a penteadeira e nem as maquiagens. Sou apenas uma Beta agora.

— Por que só usa espelhos rachados?

— Porque, desta forma, posso ver exatamente como me sinto — ela sorriu e apertou meu ombro — Farei o que for possível para encontrar minha amiga, Pancada. Nem que para isso... eu deva me unir ao abutre.

— Três cabeças pensam melhor que duas. Não esqueça disso — Pisquei para ela e a ajudei a guardar o resto das coisas.

— Aliás, é estranho você se interessar tanto pelo caso da Lola — questionou, jogando um batom no enorme saco.

— Se ela desapareceu por causa de uma criatura, nada impede de eu ser a próxima, ou você. Quero encontrá-la e ao mesmo tempo, me proteger.

— Olha, vou ser bem franca com você. Apesar de Lola não merecer tudo isso, ela foi ingrata. Me deixou de lado quando conheceu ele. Mas vou mostrar que mesmo feito isso, irei atrás dela e irei encontrá-la.

— É assim que se fala! — ao terminarmos, amarrei o saco com um cordão cinza que estava em cima da penteadeira — É agora? Vai colocar isto onde?

— Na sala de utensílios. É o lugar onde deixamos nossos pertences trazidos de fora. Fica ao lado da sala de quadros. Posso fazer isso sozinha, obrigada.

— Como quiser — acenei com a cabeça e caminhei até o refeitório. Patrick estava sentado junto a seu grupo. Quando notou minha presença, acenou.

— Oi, Pan. Alguma novidade? — sussurrou, distanciando o rosto dos demais colegas.

— Consegui unir Petúnia e Brok para me ajudar. Você vem conosco?

— Me unir com aquele cego?

— Dê uma chance ao Brok. A culpa não é dele pelo desaparecimento da sua irmã. Da mesma forma que você quer encontrá-la, ele também quer — Patrick me encarou com seus olhos verdes expressivos. Estava sério e pensativo.

— Está bem, eu vou.

— Perfeito — pisquei para ele, indo para a fila das refeições.

A merendeira estava cada vez mais ranzinza. Ela segurava uma concha enorme e mergulhava em uma panela cumprida para colocar a sopa nos pratos em que segurávamos.

— Vai querer quanto, garota? — perguntou, despejando a comida no prato, fazendo espirrar em meu rosto. Aquilo possuía um cheiro forte de ovo podre e uma textura pastosa, esverdeada.

— Não muito, obrigada — caminhei de volta à mesa e limpei os restos de comida com minha camiseta velha. Peguei os talheres e abocanhei sem respirar. Enquanto comia escutei um baque forte atrás de mim. A mulher acabara de derrubar a panela de sopa no chão, espalhando a gororoba por toda parte.

— MALDIÇÃO! — gritou ela, fora do controle.

— Dalva, pode deixar. Eu cuido disso — disse Rumpel, chegando no local segurando um rodo e um balde.

O rapaz, paciente, começou a esfregar o chão e limpar o refeitório inteiro, como se já soubesse que aquilo aconteceria. De todos ali, a merendeira parecia a mais infeliz. Após a árdua limpeza, Rumpel tirou de seu bolso um folheto e em seguida o colou na parede.

Quando ele se distanciou do refeitório terminei de dar a última colherada e fui ver sobre o que se tratava. O papel estava escrito em um garrancho quase ilegível:

"Aberta a temporada de classes. Favor reúnam-se no pátio principal às cinco da tarde para receberem as instruções do desafio."

— Só esse zelador mesmo, para distrair a cabeça dessas crianças idiotas — resmungou Dalva, enquanto pegava os pratos espalhados nas mesas.

Os Freaks saíram do refeitório às pressas ao verem a enorme mulher encará-los impetuosamente.

Chegando no pátio encontrei vários outros papeis colados nos pilares. O anúncio estava em toda parte. Subi as escadas para o segundo andar para procurar Brok, olhando em todos os quartos, mas não o encontrei.

Naquele momento, escutei barulhos vindos da sala ao lado. Na placa acima dizia: "Sala de utensílios". Local onde Petúnia estava guardando suas coisas.

Bati na porta. Ninguém escutou.

Esperei alguns segundos antes de entrar.

Dentro do cômodo havia enormes pilhas entulhadas que quase tocavam o teto, de coisas de todos os tipos: Livros, cadeiras, mesas, espelhos e brinquedos quebrados. Uma completa bagunça. Não parecia um lugar muito frequentado.

— Petúnia? — chamei, aproximando-me da origem do barulho. Meus olhos saltaram ao avistar Petúnia caída no chão e manchas de sangue em vários lugares. Dante estava ao seu lado, em prantos, enquanto segurava sua mão esquerda.

— Foi... foi um acidente! — dizia trêmulo.

 foi um acidente! — dizia trêmulo

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now