ATO 36

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O mal cairá, e quando esse dia chegar, estaremos juntos de novo.

O mal cairá, e quando esse dia chegar, estaremos juntos de novo

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     Os olhos de Rumpel estavam completamente vagos, cansados. Ele sentava em um trono de bronze, no centro de um pátio enorme do parlamento britânico. Somente Patrick estava com ele.

     O lugar estava completamente vazio.

     — Muito bem, Pandora! Conseguiu salvar sua cachorra.

     — Essa disputa foi um total absurdo! Como entraram em meus sonhos e usaram Luna neste jogo? — exclamei.

     — Acalme-se. Isso faz parte do jogo. Os drenadores são monitorados por mim e pela Pompoo. Temos total acesso aos sonhos de vocês. Mas vamos ao que importa. Os únicos sobreviventes foram dois. Os demais perderam a disputa logo no começo. A não ser Dante, que falhou justamente no fim — o zelador se levantou e nos encarou.

     — Essa garota que você salvou, Patrick, por acaso é sua irmã, Lola? — perguntei apontando para o corpo desmaiado no chão.

     — Sim, é ela — respondeu desapontado.

     Rumpel se aproximou de Lola e a analisou, curvando a coluna e colocando a mão em seu pescoço.

     — Está respirando. Muito bem — depois voltou-se a mim, e deu uma rápida espiada em Luna — Sua cachorra está ótima — concluiu o rapaz ao vê-la latindo — E a disputa termina aqui. Já podemos voltar.

     — Rumpel, só um momento... — interrompi — Sei que parece uma pergunta idiota, mas... Luna e Lola podem estar vivas no mundo real, já que a temos aqui, nos sonhos?

     — Ambas são lembranças que foram colhidas. Fora daqui não sabemos se estão vivas ou mortas. Não confunda este lugar com a realidade, Pandora. É perigoso.

     — Tudo bem — conclui. Patrick se manteve em silencio, de cabeça baixa. Olhou para o corpo da irmã e a abraçou antes de partirmos.

     O zelador fez um gesto com a mão esquerda para cima, e uma forte luz invadiu o local, fazendo tudo em nossa volta girar e girar.

     Voltamos.

     Despluguei o fio de minha nuca e desliguei a máquina. Me levantei e calcei meus velhos sapatos pretos. Minha vista estava embaçada. Estava exausta. Quase não conseguia andar em linha reta. Meu corpo tombou para o lado e caí de frente ao chão.

     — Pancada? — disse Petúnia correndo em minha direção. Não vi mais nada após isso. Vultos e flash corriam em minha mente, desordenadas. Vozes, gritos.

     Abri os olhos.

     — Menina! Quer me matar do coração? — exclamou Petúnia, quase em cima de mim. Ambas estávamos em um lugar claro, aconchegante.

     — O-onde estou...? — Perguntei retomando a visão por completo.

     — Na ala hospitalar. Você desmaiou do nada. Dante e eu te levamos ao pátio e Rumpel a trouxe aqui.

     — Petúnia... Preciso falar algumas coisas com você sobre essa disputa.

     — Sou toda ouvidos.

     — Tínhamos que salvar uma pessoa importante para nós, no desafio. As imagens das pessoas que tínhamos de salvar estava em uma concha de mar. Quando Dante descartou a concha dele, vi seu rosto lá.

     — O que?! — assustou afastando o corpo de mim — Meu rosto?

     — Sim. Parece que Dante gosta mesmo de você.

     — Impossível. Se gostasse de mim não teria matado meu gato só para fazer uma coberta com as pelagens. Ele me obedece pois o ameaço todas as vezes que preciso.

     — Não foi o que vi na disputa de hoje. Dante ficou muito decepcionado quando não conseguiu te salvar.

     — Ele é doente. Esse moleque é doente!

     — Mais uma coisa: Tive uma visão de alguém arrastando um corpo para debaixo de uma cama, mas não vi o culpado. Era como se eu fosse ele. Acha que tem alguma coisa a ver com Lola?

     — Não sei... Pancada. Notaríamos se tivesse um cadáver podre nos dormitórios.

     — Deve ter mais quartos nesse lugar. Ainda não vi o terceiro andar. Temos que ir à biblioteca logo, pegar esse mapa.

     — Falta mais uma disputa, querida. Rumpel anunciou no pátio agora a pouco que você está em segundo lugar no ranking e Patrick em primeiro. Se você não se tornar Beta ou Alfa não vai conseguir entrar. Tem que esperar o término das disputas para ser classificada. Eu até poderia buscar esse mapa para você, mas fui rebaixada para Delta depois que fiquei sem participar das disputas.

     — Não vou mais esperar essa palhaçada. Irei lá hoje, escondida.

     — Ficou louca de vez?

     — Não aguento mais esses jogos doentios. Está me deixando fraca, debilitada. Olha só para mim. Mal consigo ficar em pé.

     — Eu percebi.

     — Pan? — uma voz suave surgiu perto dali. Era Brok caminhando até mim — Está melhor?

     — Olá, Brok. Estou sim, obrigada.

     — Parabéns pelo segundo lugar. Tenho certeza que vai conseguir vencer Patrick da próxima.

     — Assim espero — sorri para ele enquanto permanecia parado na frente da cama.

     — Ficamos preocupados com você — continuou Petúnia — Não comeu nada antes de ir para os drenadores, por isso está desse jeito!

     — Petúnia tem razão, Pan — enfadou Brok.

     — Que isso? — perguntei — Estão se concordando agora, é?

     — Um acordo de paz por enquanto. Até acharmos Lola. Vou respeitar o abutre e ele fará o mesmo.

     — Sim, concordo com a fedida — disse disfarçando a cara debochada.

     — Tudo bem — interrompi — Vamos sair daqui.

     — Negativo. A enfermeira Spencer ainda não te deu alta — advertiu Brok.

     — Exatamente — concordou Spencer, que segurava uma bandeja com sopa quente. Se aproximava com cautela e de luvas para não queimar as mãos — Coma esta sopa para se fortalecer. Depois pode ir.

 Depois pode ir

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now