ATO 4

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O desconhecido sempre esteve ali, é você que não consegue enxerga-lo.

O desconhecido sempre esteve ali, é você que não consegue enxerga-lo

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     — Pela milésima vez! Não é aí que se coloca o pente, Dante!

     — Me desculpe, Petúnia...

     — Está bem, suma daqui. Parece que vocês estão cada dia mais alienados. Este lugar está ficando deplorável! — desviamos o caminho para longe do local onde os gritos ecoavam. Olhei para trás a tempo de avistar a penteadeira com os espelhos quebrados, sustentando vários apetrechos de beleza, como maquiagens e outras coisas que desconheço. Uma menina sentava de frente para os espelhos, ainda murmurando coisas.

     — Essa é a Petúnia. Infelizmente ela é a Alfa — disse Brok em um tom de desaprovação.

     — Alfa?

     — Todos os meses quando são anunciadas as disputas por classes, o vitorioso fica com o cargo Alfa. Este cargo te deixa imune a todas as regras do orfanato. Por azar do destino, Petúnia, ambiciosa do jeito que é, conseguiu o título dessa vez. Infelizmente sempre fui da classe Delta. A classe Alfa é composta apenas por uma criança, diferente das demais, que são várias.

     — Sinto cheiro de rato morto! Brok, a estátua do nosso orfanato está finalmente se locomovendo durante o dia! Aonde vai com a novata? — perguntou Petúnia com o pente na mão, encarando-nos enquanto se penteava. Em volta dela, uma bagunça de apetrechos.

     — Estávamos indo para longe de você, mas não deu certo — respondeu Brok, apertando meu braço, furioso.

     — Vai mostrar o orfanato para ela? De que jeito? Venha aqui, garota — ela me puxou dos braços de Brok quase derrubando-o.

     — Ei! Cuidado com ele! — exaltei.

     Petúnia observou Brok e depois voltou a olhar para mim, aproximando-se.

     — Se eu fosse você, não faria amizade com esse daí — sussurrou.

     — Já chega — disse Brok, virando as costas e indo embora lentamente com sua bengala preta. Apalpou as paredes e tomou rumo para fora do pátio.

     — Parece que Brok quer dar em cima da novata, gente! Ele não cansa de cometer os mesmos erros! Pobre abutre cego! — ela gritou a tempo do garoto poder escutar.

     — Pare com isso! — adverti me desprendendo de seu braço.

     — Você está fedendo rato, também! Espere um momento — A garota se curvou diante um saco grande, e revirou as tralhas que estavam ali.

     Fiquei observando-a com desprezo. Petúnia era um nome irônico para alguém tão rude. Ela tinha cabelos enormes, loiros com uma franja que cobria seus olhos por completo. Usava um vestido lilás, bordado o desenho de uma caveira no centro dos seios e redondos brincos roxos. O laço quase maior que sua cabeça centralizava o corte de seu estranho cabelo.

      — Aqui está! — ela borrifou um tipo de fragrância em meu pescoço, de um frasco também em formato de caveira — Elixir da floresta. Tem um aroma puro de lavanda. Veja a diferença! Agora venha. Te apresentarei os irrecuperáveis mal-educados que não te cumprimentaram. Geralmente são todos um nojo. A única amigável sou eu. Prazer, Petúnia.

     — Pan — Respondi em seco.

     — Pan do que? De pancada? Pan! Paf! Pou! Essa foi ótima! — gargalhou, me dando um tapa nas costas — Vamos ao refeitório, os mortos de fome estão todos lá. Aliás, já está escurecendo, os olhos de cabra te informou sobre as regras da noite?

     — Sim, já falou. E o nome dele é Brok, um pouco de respeito, por favor.

     — Seu senso de humor é uma droga. Vamos ter que melhorar isso — Petúnia era uma pessoa que não se podia ter contato por muito tempo. Seu cheiro aromatizado dava enjoo. Ela andava rápido e tagarelava alto, desconfortando a mim e aos demais que a ouviam.

     — Veja só! Pare um instante, Pancada. Está vendo aquele grupo ali no canto?

     — Sim.

     — São os Freaks.

     — Por que o nome?

     — Porque, olhe só — e apontou descaradamente para uma criança com cabelos negros e longos, tão magra quanto Brok. Trajava roupas que o diferenciava muito dos demais — É um garoto! Maravilhoso, não? Usa roupas femininas e tudo mais.

     — Petúnia, não consegue disfarçar um pouco?

     — Patrick! Vem cá, meu amor! Vou apresentá-lo a Pancada.

     O garoto se levantou e com sua mão direita colocou seus cabelos para trás da orelha andando em nossa direção. Era encantador o jeito que se portava. Muito bem vestido. Parou na minha frente, alisou meus cabelos, depois pegou minha mão direita, erguendo-a até seus lábios e a beijou. Patrick tinha olhos verdes, penetrantes.

     — Encantado em conhecê-la. Creio que todos aqui se deslumbraram com a dança que teve com a Pompoo. Você por si só é cativante! Meninas, tenham um ótimo fim de tarde — e voltou ao seu grupo.

     — Ele é incrível, não? — perguntou Petúnia, de sorriso bobo.

     — Diferente... — respondi com as bochechas rosadas.

     — Uma pena que não fala sobre as pessoas que já matou, engraçado ninguém falar — a partir dali, Petúnia me chamara atenção — Se lembra de seus pecados, Pancada?

     — Não. E você?

     — Óbvio que lembro. Todos aqui sabem de seus crimes, apesar de fingirem não saber. Sabe o que isso significa? Covardes. São um bando de covardes, amedrontados pelo passado. Se pessoas assim não conseguem lidar consigo mesmo, precisando de máquinas para isso, então não imagino como elas conseguiriam viver fora daqui.

     — Mas... eu realmente não me lembro de nada! Por mais que eu tente desenterrar alguma coisa, não consigo. Talvez eu tenha algum problema grave de amnesia e nunca soube — insisti.

     — Bobagem. Trate de começar a lembrar, isso é importante. É bom que reveja seus conceitos também. Aqui é um lugar que sobrevivem os mais espertos. Os drenadores te fazem esquecer sua identidade e quando for ver, estará igual ao olho de cabra, à mercê da própria escassez existencial. Cego em todos os sentidos.

 Cego em todos os sentidos

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I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon