ATO 14

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Luto por liberdade, mas após isso, o que vem?

     — Saia daí! — o empurrei, fazendo-o cair para o lado

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— Saia daí! — o empurrei, fazendo-o cair para o lado. Na sequência, coloquei o dedo no pescoço de Petúnia. Seus batimentos cardíacos estavam normais, porém havia muito sangue em seu braço. Rasguei as bordas de minha camiseta usando um pedaço de vidro ali perto, e a usei para estampar o ferimento exposto.

— O que houve? — perguntei, encarando-o.

— Ela me chamou para ajudar a levar suas coisas até aqui e disse para eu tomar cuidado pois tinham itens importantes no saco, mas tropecei e tudo que estava lá se espalhou pelo chão. Sem querer, vi um negócio estranho junto com suas maquiagens... e então ela me atacou por trás com um pedaço de madeira, mas consegui desviar a tempo. Petúnia acabou escorregando e caiu nesse monte de vidro quebrado, cortando o braço e desmaiando. Juro que não fiz nada! Foi legitima defesa!

— Então vá chamar alguém! Ela não para de sangrar! — ordenei. Ele correu aos tropeços para fora da sala enquanto eu analisava o corpo de Petunia. Minutos depois, Rumpel surgiu e a pegou no colo.

— A levarei para a ala hospitalar. Você é amiga dela? — perguntou ofegante.

— Sou — respondi.

— Então me acompanhe até lá, por favor.

Seguimos o corredor.

A ala hospitalar era o último cômodo antes das escadas para o terceiro andar. O lugar era espaçoso, e o único onde janelas não eram pregadas. Havia apenas uma, porém enorme, de vidros limpos e moldura branca.

Estava fechada.

Uma luz alaranjada entrava pelas frestas iluminando parte do ambiente, anunciando o fim da tarde.

Rumpel colocou Petúnia na primeira das camas e logo uma moça de jaleco branco e cabelos loiros, presos de lado, com óculos meia lua, veio socorrê-la. Ao lado da cama, havia um drenador que fora conectado em sua nuca.

A enfermeira sacou de seu bolso uma seringa e um frasco de substância transparente. Com a seringa, sugou o líquido e aplicou no braço de Petúnia.

— Ela ficará bem. Precisa de repouso por hoje. Desligarei o drenador amanhã até que se recupere dos ferimentos — confortou, arrumando o travesseiro e a cobrindo com um lençol — Sou a enfermeira Spencer, prazer.

— Pandora — acenei com a cabeça.

— Se quiser, pode ficar aqui com ela.

— Na verdade, Spencer, ela virá comigo — interrompeu Rumpel pegando em minha mão direita gentilmente. Olhou para mim e sorriu. Sem questioná-lo, o segui até a saída do local.

— Quer uma dica? Foque nas disputas por classes de hoje. Petúnia será uma concorrente a menos, então pense no lado positivo — terminou, soltando minha mão — Te vejo lá embaixo.

Rumpel, com suas palavras frias me deixou ainda mais preocupada. Comportamentos estranhos em todas as partes. Dei um último olhar para dentro da ala enquanto o rapaz se distanciava.

— Fique bem, sua maluca — sussurrei para ela, e segui corredor a frente. Existiam muitas salas para visitar. A maior parte delas, fechadas. As disponíveis eram apenas a de utensílios, e a de quadros.

Infelizmente, Brok não estava em nenhuma delas, mas logo fora denunciado por uma melodia de seu violino. Desci as escadas, passei pelo refeitório chegando ao pátio principal. Brok estava sentado em sua velha cadeira, fazendo o que sabia fazer de melhor.

Não o incomodei, apenas apreciei sua música. Em cima do portão de cobre onde ficava a entrada principal, avistei um belo relógio de parede, que marcava exatamente quatro e meia da tarde. Estava perto do comunicado de Rumpel sobre a disputa por classes. Eu não fazia ideia do que se tratava tal disputa.

— Ansiosa, Pan? — perguntou Brok, ainda tocando.

— Como...?

— Não precisa perguntar como eu sei que está aí parada no meio do pátio com cara de paisagem olhando para o relógio. Todos fazem isso quando está próximo das disputas começarem — sorriu, movendo o braço, agitando as cordas de seu violino.

— Petúnia está na ala hospitalar, sofreu um acidente...

— Poxa, que pena — respondeu com expressão de deboche, espremendo suas bochechas magras em um sorriso maldoso.

— Não tem graça, Brok. Perdi alguém que poderia ser útil nessa tal disputa. Tirando você, não tenho mais ninguém.

— Fique tranquila, Pan — tentou confortar. As crianças foram apareceram no pátio, gradativamente. Umas saiam do refeitório, outras do segundo andar e vestiário. Pareciam mais pálidas e magras que o normal. Rumpel apareceu por último, passando por nós e indo até a frente.

— Muito bem — começou levando o punho para a boca, pigarreando a garganta — Esta é mais uma oportunidade de praticarem e melhorarem o desempenho de suas mentes. Petúnia foi a última Alfa, encerrando seu legado hoje. A vaga está aberta novamente para todos os irrecuperáveis. O desafio deste mês é simples — Rumpel desviou seu olhar para mim — Aos que ainda não participaram de uma disputa, adianto que não é algo físico, mas totalmente imaginativo. Os drenadores são máquinas incríveis que nos permitem viajarmos em nosso subconsciente, em mundos distintos, inimagináveis.

— Lá vai ele com as baboseiras — resmungou Dayse ao meu lado, vestindo sua roupa de bailarina.

— A disputa por classes, não serve apenas para ganharem privilégios e se isentarem de regras, mas também para se divertirem — Rumpel gesticulava as mãos como se fosse reger uma orquestra — Srta. Pompoo perdeu sua pequena lebre na floresta crepúsculo. Está muito aborrecida por isso. Entreguem a ela um animal tão belo quanto, e serão recompensados.

"Os melhores animais poderão fazê-los passar para a próxima etapa e adquirirem cinquenta pontos, mas a criança que conseguir achar a lebre, ganhará cem.''

"O animal capturado deve ser levado ao topo da colina, no fim da floresta. Caso ele morra durante o percurso, o irrecuperável é desclassificado e perde o direito de participar das demais etapas do desafio. Fui claro?"

Todos acenaram positivamente. Eu não havia entendido nada. Antes que eu levantasse a mão para questionar, Rumpel voltara a falar.

— Então caminhem para os dormitórios. Começaremos o desafio em dez minutos. Vamos! Desejo a todos uma ótima noite de sono.

Continuando confusa, apenas segui os demais.

     Continuando confusa, apenas segui os demais

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