ATO 7

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Tenho todos os motivos para odiá-la, mas ainda consigo me odiar mais, por te amar tanto.

Tenho todos os motivos para odiá-la, mas ainda consigo me odiar mais, por te amar tanto

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     Abri os olhos. Sem fôlego, sem o que pensar.

     Minhas costas estavam suando, os lençóis úmidos e o fio conectado em minha nuca, oleoso.

     Todos em minha volta se levantaram. Puxei o fio e saltei da cama, ainda com a respiração ofegante. Corri ao portão, subi as escadas em caracol, quase sem pensar no cansaço que sentia. Chegando no pátio, avistei Rumpel varrendo o tapete de centro.

     — Bom dia — disse ele. Eu não piscava em nenhum momento.

     — Preciso falar com a Srta. Pompoo!

     — Não se fala com a diretora depois que se entra nos pátios das instalações. Qualquer dúvida, estou aqui.

     — Preciso dela agora! — supliquei. Aos poucos as crianças apareciam, com um ar sereno — Esse lugar.... Esse lugar é uma loucura! Eu preciso falar com ela!

     — Não teve lá uma boa experiência com os drenadores, certo? — perguntou ele, repousando a vassoura.

     Ajoelhei no chão e desabei em lágrimas.

     — Não sou uma assassina... foi tudo um acidente, eu não fiz de propósito. Não fiz de propósito, eu lembro de tudo!

     E então, todas as velas se apagaram. O lugar mergulhou na escuridão. Um vento forte vinha do portão principal. Ficamos todos em silêncio. O único som presente era o da vitrola, que nunca parava de tocar.

     — Garota.... Olha só o que fez! — murmurou Rumpel amedrontado. O portão se abriu lentamente, e o semblante de uma mulher alta, jazia parada ali. A luz do outro lado voltara a iluminar o pátio. Os cabelos ruivos reluziam e o vestido cor vinho, impecável e bem passado faziam da diretora a residente mais bonita do orfanato.

     — Srta. Pompoo! Preciso falar com a senhora! — corri em sua direção, mas ao alcançá-la, Pompoo rasgou o ar com seu braço, atingindo meu rosto com um tapa forte, fazendo meu corpo dar um giro, desequilibrando-me. Caí de barriga para baixo. O silencio continuava.

     Tudo o que escutei naquele instante, foram os "toc toc" de seu salto andando em minha direção. Depois parou em minha frente, inclinou-se para baixo e ergueu minha cabeça pelos cabelos. Senti cada fio sendo puxado, seus compridos dedos apertando-os. Meu couro cabeludo latejava.

      — Como ousa deturpar a paz em meu orfanato, alterando a voz e desrespeitando um funcionário? — e soltou meus cabelos. Novamente bati o rosto no chão, causando um estalo abafado. Totalmente humilhada e dolorida — Sonhos, foram feitos para isso, Pandora. Evitam esses tipos de situações.

     " Não interessa o que viu nas máquinas. Você continuará sendo uma assassina, assim como todos os outros. Não está aqui por ser especial, está por ser irrecuperável. 

I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now