ATO 37

6.5K 947 144
                                    


Somos irrecuperáveis porque nascemos diferentes e não porque não temos concerto.

      Que vista bonita tínhamos dos jardins do orfanato naquela janela enorme da ala hospitalar

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

      Que vista bonita tínhamos dos jardins do orfanato naquela janela enorme da ala hospitalar. Antes de ir, fiquei por um tempo observando. Petúnia havia saído, sobrando apenas Brok.

     — Sinto a claridade — disse o garoto ao meu lado.

     — É verde. Lá fora tudo é verde e com flores coloridas. Seja quem cuide deste jardim, cuida muito bem. A propósito, um dia você me disse que as crianças daqui não podem ver a luz do dia, mas aqui podemos, não?

     — Aqui é uma exceção. Soube que a enfermeira tem claustrofobia, então Srta. Pompoo permitiu que esta fique aberta durante o dia — e então nenhum de nós voltara a falar. Vi a enfermeira Spencer dobrar os lençóis da cama enquanto sussurrava uma canção.

     — Você está bem, Pan? — continuou Brok.

     — Estou ótima. Mas agora vou direto ao ponto: Você tem alguma coisa que queira contar? Algo que talvez ande escondendo de mim por um tempo? — Eu o encarava seriamente, esperando alguma mudança de expressão, ou qualquer gesto que o entregasse.

     — Não. Nada.

     — Brok, você é bom em guardar segredos, assim como todos daqui. Mas notei recentemente que sou ótima em descobri-los.

     — Aonde quer chegar com isso?

     — Srta. Pompoo é sua mãe — ao pronunciar essa frase, o garoto soltara sua bengala de ferro e petrificou — Ela te deixou aqui, junto com o resto das crianças, por algum motivo — O que você fez? Por que não tem contato com ela?

     — Como...? Como você descobriu isso...?

     — Você foi descuidado ao deixar uma caixa com fotos e cartas destinados a ela debaixo de seu travesseiro. Sem querer a encontrei depois de ter descoberto um livro suspeito com Patrick, mas isso já é outro assunto.

     — Se minha caixa estava escondida, era para continuar escondida. Você não tem esse direito. Não pode sair desenterrando o passado das pessoas assim, é antiético.

     — Brok — me virei para ele, colocando minhas mãos em seu ombro, segurando-o firme — Você tem que confiar em mim. Sou sua amiga. Estamos juntos nessa, procurando Lola, mesmo você não me contando tudo o que sabe. Participei dessa disputa somente por você, para ajudá-lo, e agora descubro que a diretora é sua mãe! O que mais eu não sei? Estou cansada de encontrar uma resposta e surgir mais duas perguntas no lugar!

     — Petúnia sabe sobre isso?

     — Mas é claro que não. Só eu.

     — Desculpe, Pan. Este assunto é algo apenas da minha conta. Entenderei se não quiser mais me ajudar nesse caso, mas não saberá nada além do que já descobriu. Peço gentilmente para que não mexa mais em minhas coisas — Brok tirou minhas mãos de seu ombro e abaixou para pegar sua bengala. Depois se virou e caminhou para fora do local.

I - Onde Vivem Crianças IrrecuperáveisWhere stories live. Discover now