A casa indicada

5 0 0
                                    


João chegou lá depois de andar um bocado.Assustado, pois os invasores poderiam me seguir até lá.

As ruas desertas. O calor o fazia suar bastante.Mais um pouco e uma leva de veículos vieram na direção onde estava.

Ficou apreensivo e, em sinal de proteção, passou a caminhar junto aos muros das casas.

Parecia uma dessas casas estranhas. Bombardeadas.

As pessoas que frequentavam ali também pareciam esquisitas. As paredes eram pintadas de azul escuro. Não eram acolhedoras.

Depois de atendido na recepção precisou ir para o andar de cima. As escadas tinham uma proteção feita com redes dessas que se colocam nas janelas dos prédios de apartamentos. Não parecia hospício, mas...

Sentou-se num sofá junto a uma janela, aguardando a pessoa que me fora indicada para lhe acolher.

Não demorou muito e ele apareceu com uns papéis nas mãos. Deviam ser fichas das pessoas que iriam acolher. Sabe-se lá o que seriam aqueles papéis. Também não perguntou.

Foi convidado a entrar num aposento para uma entrevista de admissão. Essa era a impressão. Logo lembrou-se daquela figura complicada, de sua primeira experiência.

Tinha uma cama e um sofá. Ele indicou o sofá para que João sentasse. Meio constrangido, tirou sua mochila dos ombros e a colocou sobre a cama numa nítida disposição de não deitar-se ali. Pelo menos ele pensava nosso. Mas o anfitrião também não manifestou esse desejo.

Não se apresentou. Era uma pessoa mulata,meia-idade. Me pareceu instruído pela forma como falava.

Então, no que posso te ajudar? Foi a frase inicial da conversa...

João esperava que ele fosse falar algumas coisas de como seria o desenrolar das reuniões mas isto não aconteceu.Então, abriu sua mochila e retirou um pequeno papel com algumas anotações de coisas que precisava encontrar, principalmente em sua cabeça.

Passaram algo como exatos 23 minutos, se tanto,João falando e ele ouvindo. Algumas poucas coisas ele anotou num daqueles papéis que ele não largou.

Sem querer querendo João soltou um palavrão e,imediatamente, pediu desculpas, só que ele prontamente disse não haver problemas. Menos mal para um primeiro encontro.

Enfim, era terminada a hora da conversa dos sois.Ele orientou João a voltar na semana seguinte. Sem nenhuma orientação caso ela, João, precisasse. Afinal, tinha um diagnóstico de depressão e ansiedade. E estava medicado!

João saiu meio perdido daquele lugar. Não pensava em nada. Sem reações a não ser as mecânicas de andar e voltar para casa por um outro caminho, talvez para pensar. E lá foi para a rua, com medo daqueles que queriam acabar com ele. Ele, e eu sempre ouvíamos histórias de que eram os demônios de cada um que deixavam a pessoa neste estado de ansiedade e tristeza. Algumas pessoas até falam em coisas de outras vidas.

Mudou de caminho imaginado, ao transpor a porta,ver sentido de despistar eventual perseguidor.

Deu de cara com a casa de um palhaço famoso. Logo uma vontade incontrolável de comer batatas fritas tomou conta de sua cabeça. Salivava, sentindo seu gosto.

Entrou e perguntou a moça do caixa se poderia comer apenas batatas fritas e ela disse que si. Aproveitou e pediu um copo de suco de laranjas. Será que era mesmo? Bem, não tinha aquele gosto de casca espremida. E no fundo do copo, uns 4 gominhos.

Ficou ali sentado comendo as batatas e tomando o suco como se não houvesse amanhã.

Acabaram. Levantou, recolheu seu lixo e novamente se sentiu inseguro do lado de fora da casa do palhaço.

Resolveu seguir para sua casa, onde conseguia se sentir mais seguro.

Terapia - Muitas VidasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora