Desapego

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Hoje, João me ligou ainda a pouco. Pela voz,imaginei que ele não estava bem.

Não era voz de sono. Nem de bêbado. Nem de dopado. Mas era arrastada. Era como se alguém estivesse puxando pelas palavras que viviam nas suas entranhas.

Me pareciam coisas muito antigas. Talvez de outros tempos. Esperei ele começar a falar o que quisesse. Naquele momento achei melhor fazer como os padres fazem no confessionário: ouvir.

Eu o estimulei com um "fala, cara. Desembucha o que está te incomodando. Assustadoramente ouviu um arrastado tudo!...

Respirei fundo e olhei pro teto (do mundo)clamando aos céus: Pai, dai luz a estes que passam por provações.

Nesse momento João começou...

Tenho a sensação que algumas coisas vão acontecer de forma a sacudir muita gente. Sinto que o planeta vai dar uma balançada e vai tirar muita gente daqui.

Pode parecer para você muito estranho. Mas eu sinto que a hora da Revelação está logo ali.

Vejo muita gente desacreditando em tudo e em todos. Ouço muitas pessoas blasfemando. Sinto o "ar" cada dia mais pesado, sufocante. Pressinto choro e ranger de dentes como falam as Escrituras.

Cada vez mais as pessoas compulsivamente acumulando coisas que não lhes tem utilidade para a vida. O valor exacerbado ao dinheiro já começa a fazer as primeiras baixas. Até para comer já começam a faltar alimentos.

As pessoas estão perdendo amor. Estão deixando de semear amor. E isto vai fazer uma enorme diferença logo ali.

Eu sinto vontade de gritar em praça pública para acordar as pessoas mas confesso que sinto medo de fazer isto. Ou receio de fazer errado.

Largar a inutilidade é muito complicado, percebo isto nos olhos das pessoas. Não olham mais o quanto tem de moedas nos bolsos. Vivem com as moedas dia sonhos. E uma hora isso vai explodir.

Leio notícias de uma pseudo-guerra que nada lembra as grandes guerras que já tivemos. Hoje, sabemos das atrocidades por conta dos meios de divulgação que aceleram achegada das notícias. Talvez aumentando ainda mais a crueldade.

Hoje cedo, li um trecho de um monge que falava sobre o desapego. Dizia mais ou menos isso: "se tenho o amor desapegado, eu deixo a pessoa seguir a sua vida a qualquer momento.Se ela, de repente, não me quiser mais na sua vida, simplesmente digo: "Seja feliz! Se a minha presença não lhe agrada mais, tudo que eu quero é a sua felicidade, vá em paz..."

Quantos de nós conseguem reagir dessa maneira quando alguém decide ir embora de nossa vida?... Uma minoria. Uma minoria mesmo!

O medo que carregamos no nosso coração é muito profundo, e por causa desse medo agarramo-nos às pessoas que amamos e de forma totalmente ilusória confundimos isto com amor."

Vejo isso frequentemente nas pessoas que conheço.Confundem amor com posse. E amor não é posse. Amor é liberdade! O amor não nos pertence: são sementes que brotam (ou deveriam brotar)em nosso coração para podermos semear em outros corações...

E o que vemos por todo esse mundo? Pessoas se apoderando destas sementes e elas apodrecerem em seus próprios corações. A consequência está adiante dos olhos de quem quiser ver: doenças de todas as formas; tristezas consumindo pessoas que querem doar mas que não encontram pessoas que querem aceitar estás sementes porque não basta aceitá-las e guardar em algum canto escuro: precisam cuidar. Precisam irrigar, adubar, vê-las florir,serem polinizadas e daí nascerem novas sementes para seguirem o fluxo natural da vida.

João parou e me perguntou, de pronto: quantas coisas abriste mão de possui-las só nesta semana? Eu pensei no quedei a um pedinte na rua. E só.

Mas, só de material porque de imaterial, a cada dia abro mão de alguma coisa que aprendi e que hoje só me ocupam.Que outros possam usufruir destes conhecimentos.

Mas quem se habilita?

A propósito, o livro citado é NO CORAÇÃO DA VIDA, da monja Jetsunma Tenzin Palmo. Vale a leitura.

Terapia - Muitas VidasWhere stories live. Discover now